Desocupados invadem Praça do Indianópolis

Praça

Pedro Augusto

Embora em proporções menores, Caruaru não tem conseguido escapar de alguns problemas facilmente percebidos em grandes centros urbanos do país. Na maior cidade do Interior de Pernambuco, a elevada gama de desemprego, associada ao alto consumo de drogas, também pode ser vista a olho nu pela população em qualquer horário do dia em vários espaços que, na teoria, foram construídos para abrigar a prática do lazer e de esportes. Um desses locais que vêm penando, não é de hoje, devido à acentuação dos dois problemas citados, refere-se à Praça Senhorzinho, na Rua Alferes Jorge, no Bairro Indianópolis. Nela, de acordo com moradores e comerciantes que atuam no seu entorno, o que não tem faltado é a presença de desocupados utilizando crack, maconha e bebida alcoólica, bem como praticando sexo, principalmente à noite.

Um mototaxista, que preferiu ficar no anonimato, disse à reportagem VANGUARDA que a praça seria uma das “Cracolândias de Caruaru”. “Afirmo isso sem dúvida nenhuma, afinal todos os dias um grande número de pessoas tem vindo até aqui para usar não só crack, mas também maconha e demais tipos de drogas que, às vezes, nem consigo identificar. Teimo em continuar mantendo o meu ponto as suas margens, porque preciso sobreviver, mas medo é o que não falta por parte de nós mototaxistas. Quando eles pedem um trocado, precisamos dar, ignoramos quando eles estão mandando ver nas drogas e nas bebidas, porque, senão, corremos o risco de sermos feridos e até mortos. As pessoas de bem deixaram de frequentar este espaço já há bastante tempo.”

De acordo com o comerciante Jordano da Costa, há pelo menos quatro anos que a Praça Senhorzinho vem abrigando um quantitativo maciço de desocupados infratores. “Se não bastasse a utilização desenfreada de drogas na praça, recentemente eles arrombaram um imóvel que fica no entorno e ainda encontra-se para alugar, justamente para praticar os mesmos atos. Além de entorpecente e bebida, já flagramos um casal fazendo sexo em plena manhã de uma segunda-feira. Até que verificamos a presença frequente de viaturas da polícia circulando pelo local, mas eles sempre acabam encontrando um jeito para escaparem da prisão. Ou seja, procuram se desfazer rapidamente das drogas, bem como das facas peixeiras que costumam comportar”, descreveu.

Segundo uma moradora, que não quis ter o nome revelado, grande parte dos desocupados que vêm tocando terror na praça é frequentadora do Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias em Situação de Risco, que fica instalado em frente ao espaço e é mantido pela Prefeitura de Caruaru. “Acredito que esta situação já poderia ter sido resolvida há anos, se houvesse um comprometimento maior por parte dos órgãos de segurança. A praça deveria servir para os moradores praticarem atividades físicas, bem como conviverem em paz, mas já há um bom tempo que se encontra suja e abrigada por marginais que têm feito o que querem. Não sei o quê, mas uma coisa necessita ser feita por aqui, pois não podemos mais conviver com toda esta marginalidade.”

Consultada pela reportagem VANGUARDA para comentar sobre o assunto, a Diretoria do Acolhimento para Adultos e Famílias em Situação de Risco acabou se pronunciando, através de sua coordenadora, Maria Marluce. “Como várias dessas pessoas que têm permanecido na praça são frequentadoras da nossa unidade, temos procurado sempre aconselhá-las chamando a atenção para a importância da conservação dos serviços do Acolhimento e dos espaços externos que fazem parte de seu entorno. Ressaltamos que o Acolhimento não é responsável pelas ações praticadas por esses populares na área externa da cidade, mas, mesmo assim, tem procurado acionar os órgãos de segurança pública para que esta situação seja resolvida da melhor maneira possível”, destacou.

Também procurada para falar a respeito da realidade da praça, a Polícia Militar se manifestou através de nota. “A PM desenvolve ações preventivas ou repressivas com base nas informações que são repassadas. A respeito da Praça Senhorzinho, o 4º BPM não tem nenhum registro de tráfico de drogas, consumo de bebidas alcoólicas ou atos libidinosos no local não havendo, portanto, ações policiais específicas para esta área citada. De qualquer forma, diante da notícia, a polícia estará fazendo levantamento de informações no local e, em se confirmando tais ilicitudes, irá desenvolver ações voltadas para o estabelecimento da ordem pública. Solicitamos que a população procure o 4º BPM para repassar informações.”

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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