Dirceu repetiu esquema do mensalão na Petrobras, segundo investigação

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Do UOL

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu “repetiu” na Petrobras o esquema do mensalão, segundo o Ministério Público Federal. Dirceu, que comandou a pasta no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso na manhã desta segunda-feira (3) em Brasília, onde cumpria prisão domiciliar por sua condenação no processo do mensalão.

“A responsabilidade de Dirceu é evidente lá [no caso do mensalão], como também aqui [na Petrobras], como beneficiário. Ao mesmo tempo que determinou naquele governo a realização desse esquema, ele também se beneficiou, agora de maneira pessoal, não mais de maneira partidária”, disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima.

Condenado no processo do mensalão, por corrupção ativa, Dirceu ficou 11 meses e 20 dias na cadeia. O mensalão foi um esquema ilegal de financiamento político organizado pelo PT para garantir apoio de parlamentares ao governo Lula no Congresso.

“Temos claro que Dirceu era aquele que tinha responsabilidade de definir os cargos [na Petrobras] na administração Luiz Inácio. Nesse momento, ele aceitou a indicação de [Renato] Duque para a diretoria [de Serviços]. A partir desse momento, ele repetiu o esquema do mensalão. Não é à toa que o ministro do Supremo [Tribunal Federal] disse que o DNA é o mesmo. Nós temos o DNA realmente de compra de apoio parlamentar pelo Banco do Brasil, no caso do mensalão, como na Petrobras, no caso Lava Jato”, afirmou Santos Lima. Renato Duque está preso desde março.

Dirceu também é apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como mentor do esquema de corrupção da Petrobras. Segundo o procurador, o ex-ministro era um dos agentes responsáveis “pela instituição do esquema da Petrobras ainda no tempo que Dirceu era ministro”.

Dirceu virou alvo da Operação Lava Jato porque várias empreiteiras sob investigação fizeram pagamentos a JD Consultoria, empresa que ele abriu depois de deixar o governo Lula, em 2005, no auge do escândalo do mensalão.

O delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo afirmou que a JD Consultoria era uma “central de recebimento de pixulecos”, termo usado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para se referir à propina que recolhia das empresas que tinham contratos com a Petrobras.

“Durante todo esse tempo de investigação, até hoje, não há sequer comprovação de serviço prestado pela JD”, disse o delegado. Ao jornal “Folha de S.Paulo”, o advogado de José Dirceu, Roberto Podval, negou que ele tenha recebido propina.

Dirceu foi preso durante a 17ª fase da Operação Lava Jato. Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu e sócio dele na JD Consultoria também foi preso pela Polícia Federal.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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