Doenças cardíacas tendem a aumentar no inverno, principalmente em idosos

Muitos não sabem, mas no inverno o número de doenças cardíacas tende a aumentar e acomete, principalmente, as pessoas com mais idade. Isso acontece devido às baixas temperaturas, que podem causar a diminuição da circulação sanguínea no músculo cardíaco. A população costuma prestar atenção nas doenças mais comuns dessa época, como gripes e resfriados, mas com a chegada do frio e a diminuição do fluxo sanguíneo, as chances de um idoso com gripe ter um infarto aumentam consideravelmente, e a vacinação contra gripe previne tais eventos.

Segundo especialistas, um estudo para verificar o impacto da vacina contra a gripe na redução de infartos, publicado no ano de 2000, demonstrou uma redução de 78% da ocorrência dos infartos, além de redução dos níveis de hospitalização. Daí a importância de não esquecer de tomar a dose única em qualquer unidade de saúde, que inclusive é gratuita. Dados da American Heart Association (Associação Americana do Coração), de 2015, mostram que, nesta época do ano, os casos de infarto cardíaco chegam a aumentar entre 20% e 25%, com riscos ainda maiores para aqueles que já tenham uma predisposição ou sofrem de alguma doença no coração. Para evitar esse tipo de situação, além da vacinação, é muito importante ter hábitos saudáveis. Uma alimentação adequada aliada a exercícios físicos regulares, ainda é a forma mais eficaz contra todo tipo de doença.

Há pelo menos 50 anos, especialistas em todo o mundo observam o aumento da mortalidade por doença cardiovascular durante o inverno. A relação entre óbitos e fatores meteorológicos é acompanhada em diversas cidades do mundo. A taxa de mortalidade nesta estação sempre foi superior do que nas demais (cerca de 50% a mais), enquanto no verão esta taxa costuma ser mais baixa, independentemente da idade e sexo.

Estudos brasileiros mostram que, em temperaturas mais frias, com médias diárias abaixo de 14ºC, ocorre um aumento de até 30% nos casos de morte por infarto do miocárdio. “O clima frio desencadeia também outras doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral, angina e arritmias cardíacas”, afirma a cardiologista Adriana Taboada, integrante do corpo clínico da Clínica ADS (empresa especializada em investigação diagnóstica cardiovascular que tem como objetivo diagnosticar e tratar essas doenças, além de atuar na prevenção de fatores que possam causar um maior risco de eventos cardiovasculares). Segundo ela, os riscos são ainda maiores para pessoas que apresentam colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes, tabagistas e idosos. Portanto, todo cuidado é pouco para evitar danos ao coração durante esses meses.

A médica explica que os mecanismos envolvidos nesse fenômeno não são ainda claramente entendidos. “Ainda são necessárias novas investigações para melhor compreensão do papel desempenhado pelo meio ambiente, especialmente de fatores como a temperatura e as infecções respiratórias, na gênese do infarto”, afirma dra. Adriana. No inverno o organismo fica mais suscetível às doenças virais. “Durante os processos infecciosos, a inflamação das placas de aterosclerose tende a piorar, aumentando a chance de rupturas e, consequente, infarto do miocárdio.

Outra explicação plausível pode ser a de que, durante o frio, os receptores nervosos da pele estimulam a liberação de adrenalina e noradrenalina, este último um hormônio responsável por contrair os vasos sanguíneos. O estreitamento dos vasos, embora não seja tão significativo, pode gerar rupturas de placas de gordura no interior das artérias coronárias, que irrigam o coração. “Isso pode causar desde angina (dor no peito) até quadros mais graves de isquemia no coração (falta de circulação nas artérias coronárias)”, diz.
Para os idosos, alerta a cardiologista, os perigos são ainda maiores. O frio pode aumentar a pressão arterial e o risco de acidente cardiovascular. Outro fator que merece atenção é a variação súbita da temperatura. Conhecido como choque térmico, a transição de um ambiente muito aquecido para um lugar mais frio pode desencadear alterações cardíacas.

Cuidados preventivos

Cuidar dos hábitos alimentares e praticar exercícios físicos, mesmo enfrentando o friozinho, são atitudes que colaboram para evitar os riscos de doenças cardíacas nesta época do ano. Geralmente, as pessoas optam por alimentos mais pesados no inverno, ricos em gordura, e diminuem a frequência das atividades físicas. Essa combinação pode ocasionar descontrole dos fatores de risco para doenças cardíacas.

Proteger-se adequadamente do frio e, para os diabéticos ou portadores de hipertensão arterial, evitar sair em dias muito frios são outras dicas importantes. Algumas cidades do Interior de Pernambuco apresentam baixas de temperatura bem significativas, a ponto de parecer que estamos em outras regiões do país. Por isso proteger-se com luvas e cobrir o rosto quando a temperatura estiver abaixo de 15 graus, sobretudo se estiver ventando, não é exagero, é cuidado.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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