Pedro Augusto
Em Caruaru, cidade esta que vem batendo todos os recordes sucessivos de demissões em massa, o período eleitoral parece ter chegado em boa hora. Para quem ainda não conseguiu ligar uma coisa à outra, é recomendável saber que as campanhas dos candidatos costumam gerar diversas ofertas de empregos temporários direcionadas para os mais variados setores. Neste ano, apesar do tempo delas encontrar-se mais curto em relação ao pleito anterior, com o agravante da proibição de doações financeiras por parte de pessoas jurídicas, que promete inibir os gastos dos postulantes, a expectativa é de que várias oportunidades sejam abertas dando ao menos certa resposta à crise. É o que espera o motorista Edvaldo da Silva.
Pai de três filhos e desempregado há três meses, ele vem procurando neste período de campanha uma chance de retornar ao mercado de trabalho. “Essa crise veio para prejudicar muito pai de família, então, temos de aproveitar toda oportunidade que aparece. Embora as campanhas estejam mais curtas em comparação com a eleição de 2012, elas não vão deixar de gerar milhares de vagas de emprego. Estou à procura de uma delas. Se conseguir arranjá-la, mesmo que o trabalho seja por pouco tempo, já me ajudará bastante”, analisou Edvaldo.
Além proporcionar rentabilidade para inúmeros profissionais do volante, a eleição também costuma impulsionar diversos setores operacionais de Caruaru. Foi o que destacou o auditor fiscal da Agência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego, Francisco Reginaldo. “É interessante ressaltar que as campanhas eleitorais costumam dinamizar não só o mercado formal, mas também o informal. Neste ano não está sendo diferente. No primeiro campo já vêm sendo demandados os serviços de contabilistas, advogados, jornalistas, pesquisadores, telefonistas, dentre outros. Em paralelo, já estão sendo preenchidas vagas para as funções de planfeteiros, porta-bandeiras, cabos eleitorais, homens-placa – todas elas voltadas para o mercado informal. Mais uma vez, a eleição promete movimentar bastante a economia de Caruaru.”
Também em entrevista ao VANGUARDA, o auditor fiscal do MTE realçou os benefícios que a eleição 2016 promete proporcionar para o mercado local neste período de crise. “Embora as contratações desses profissionais não possuam naturezas trabalhistas, não tenho dúvidas de que estes acordos deverão minimizar, ainda que temporariamente, os efeitos do desemprego na nossa cidade, uma vez que já estão gerando diversas oportunidades de renda para milhares de trabalhadores. Para salvaguardar as partes, ou seja, tanto os empregados como os empregadores, é recomendável que as contratações sejam feitas por escrito, atendendo a vários aspectos, como a discriminação da remuneração pelos serviços prestados, as jornadas diárias de trabalho, dentre outros.”
De acordo ainda com Francisco Reginaldo, caso os empregadores deixem de cumprir com o que foi acertado, deverão ser acionados judicialmente. “Para deixar bem claro: nas situações de calote, os prestadores de serviço deverão entrar com uma ação judicial. Também é importante ressaltar que os candidatos ou partidos devem adotar medidas para que seja preservada a integridade física desses profissionais. Por exemplo, os homens-placa e planfeteiros, que ficam ao ar livre, precisam ter a garantia da ingestão de líquidos, a utilização de banheiros e ao descanso.”