Por Robson Meriéverton
Certamente muita gente sentiu na pele a intensidade do sol durante todo o ano de 2015, sobretudo pelo calor que fez na maior parte dos dias do ano. Segundo dados fornecidos pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), a sensação não foi mera coincidência. Ela foi comprovada pelo aumento de dois graus na média de temperatura para o ano, se comparada com 2014. A variação foi causada em decorrência da atuação do fenômeno meteorológico, velho conhecido dos nordestinos: o El Niño. Sua principal característica é causar seca no Nordeste e chuvas fortes no Sul.
Entre as cidades pernambucanas que apresentaram maior temperatura durante o ano está Águas Belas, no Agreste, que aparece com a maior média. A temperatura mais alta foi registrada em novembro, com 41,8º. O segundo lugar ficou com Floresta (41,3°), seguido por Afrânio (40°). “De fato percebemos que as temperaturas máximas médias mensais de 2015 estiveram ligeiramente mais altas que as de 2014, com média climatológica de dois graus. Além do Agreste, grande parte das temperaturas altas também foi registrada no Sertão”, destaca o meteorologista da Apac, Fabiano Prestrelo.
Seguindo a mesma média de aumento na temperatura, Caruaru também sofreu com o calor excessivo. Entre os meses de janeiro a maio, os termômetros marcaram acima dos 30º. Junho, julho e agosto registraram índices mais amenos, com 29,4º, 27,5º e 29,7º, respectivamente. De setembro a dezembro, subiram novamente, superando os 30º. No mês de novembro, a cidade obteve a maior média do ano (35,9º). “Vale destacar que o mês de novembro foi o mais quente do ano em todo o Estado”, frisa Prestrelo.
O que motivou toda essa variação na temperatura foi a incidência do fenômeno meteorológico El Niño. Para entender melhor a sua atuação e as consequências que ele traz para o clima do Nordeste, o meteorologista da Apac explica. “O El Niño é causado pelo aquecimento das águas da superfície do Oceano Pacífico. O ar sobre esta superfície também se aquece e se desloca para cima e para leste, onde, nas partes mais altas da atmosfera, se resfria e desce sobre a superfície continental da região Nordeste. Este ar seco e descendente inibe a formação de nuvens deixando o céu mais claro, permitindo que a radiação solar atinja a superfície e provoque o aquecimento do ar.”
Situação de emergência
Desde o ano passado que as chuvas abaixo da média vêm trazendo sérias consequências para os reservatórios de água da região. O que mais sofreu foi Jucazinho, responsável pelo abastecimento de Caruaru e de mais 12 cidades. Com o esvaziamento do reservatório e o início da exploração do volume morto, ele deixou de atender a Capital do Agreste para abastecer exclusivamente os municípios que dependem dela.
Com isso, Caruaru passou a receber água da barragem do Prata. Na edição da última quarta-feira (6), do Diário Oficial do município, o prefeito José Queiroz decretou situação de emergência. A determinação deve auxiliar na elaboração de soluções para melhorar o abastecimento de água na cidade.