Em artigo, jornalista critica comemorações da Semana Santa em Caruaru

Caruaru na contramão da Semana Santa 

Por Herlon Cavalcanti

Antes de fazer esse artigo, fiz uma pesquisa na feira de artesanato com os comerciantes locais, conversei com vários turistas e artistas locais. Ouvi suas críticas, sugestões e suas decepções. Para se chegar a uma conclusão do que ouvi e o que iria escrever fiz um balanço geral para não cometer injustiças de todos os lados. Pois bem, cheguei a seguinte conclusão:

A semana Santa em Caruaru ao longo dos tempos, sempre foi marcada pela rota da paixão de Cristo rumo a Fazenda Nova. A nossa feira de artesanato, as atrações culturais, a nossa colimaria caseira são alguns dos elementos agregadores que levam milhares de turistas vindo de todas as partes do mundo a fazer suas paradas obrigatórias em nossa cidade ano a ano. Esse ano não foi diferente, atraídos por tudo isso, tivemos um número grande de pessoas circulando em nossa cidade.

Sei que estamos passando uma crise econômica enorme, cautela e planejamento deveriam ser vistos pelo Prefeitura para a realização da festa, fato esse que não aconteceu. Esse modelo de desorganização do poder público está defasado. 

Foi montado um pequeno “palco ”feito de caixotes de tomates ou sei lá o quê coberto com “carpete”, um carro de som transmitindo as apresentações culturais sem ter um retorno devido do som, um toldo pequeno, quase nenhuma divulgação das atrações seja em folders ou mídias, uma falta de respeito incrível com os fazedores de cultura, com os comerciantes em suas barracas na festa e com os comerciantes da feira de artesanato.

 E o que dizer do tratamento dado aos nossos artistas? Foi cruel, inaceitável. Os artistas com os caches tabelados e super-baixos, falta de apoio logístico, abandono estrutural em todos os sentidos. Alto do Moura e Estação Fervoraria no breu da cultura. Se era para fazer uma festa desse jeito passando vergonha literalmente e sem planejamento, era melhor não ter feito?

Não podemos mais ver cenas deprimentes como as que aconteceu. Artistas tocando fora do palco por falta de espaço que coubesse a banda toda, um som sem qualidade devida, vários grupos de turistas chegando a feira e saindo reclamando, enfim, está na hora dos governantes enxergar a cultura como investimento social e não como meras despesas.

A parte boa da festa foi a força cultural do produtor Anderson do Pífe que ao lado de tantos guerreiros da cultura popular, resgataram as tradições com as participações das agremiações dos brincantes dos bois e das Bandas de Pífanos dentro das atrações dos festejos da Semana Santa. Um passo importante para a preservação das manifestações culturais, da memória e da história, mais só isso não basta!!!.

Ou pensamos Caruaru para o hoje com planejamento estratégicos, ou o nosso futuro cultural vai aos poucos se diluindo e perdendo foco.

Está chegando os festejos juninos, será que vamos assistir essas mesmas praticas absurdas acontecendo? Nosso maior patrimônio é a nossa cultura e seus artistas locais. Esses sim deveriam ser vistos como as grandes atrações principais.

Hérlon Cavalcanti Jornalista e colunista do Blog

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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