Empreendedor em apuros: escute a voz da experiência

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Pedro Augusto

Certamente, em algum momento da sua vida, você já deve ter escutado a expressão “Ouça os mais velhos”. Esta frase, que soa bem familiar e remete a várias características como a sabedoria, a experiência e a longevidade, atualmente, tem exercido um papel ainda mais emblemático pelo menos para quem é empreendedor e vem se desdobrando para não fechar as portas de seu negócio neste momento de crise financeira. Tomando como inspiração a citação popular, VANGUARDA decidiu dar uma força, através de exemplos vitoriosos, para aqueles empresários que se encontram hoje quase nocauteados pela crise. Nesta matéria, eles poderão assimilar algumas dicas importantes de tarimbados lojistas que já vivenciaram várias fases do comércio de Caruaru permanecendo, inclusive, firmes, apesar das várias turbulências na economia nacional e também local.

Humilde no jeito de explicar, mas bastante nobre na hora de produzir, Enoque das Neves é um desses comerciantes antigos da cidade que vêm driblando a crise, que ainda se faz presente, praticando velhas táticas de empreendedorismo que não costumam falhar. “Acredito que não há mistério: neste período em que toda a população vem passando por dificuldades, o lojista não pode vacilar deixando a qualidade de seus produtos cair. Embora os preços das matérias-primas tenham aumentado de forma significativa, devido justamente à crise, não modificamos o nosso sistema de fabricação de guloseimas e temos conseguido se sobressair. Para não perdermos tantos clientes, que hoje até está se tornando comum, diminuímos a nossa margem de lucro, bem como só temos fabricado o volume exato de produtos que temos comercializado. Desta forma, evitamos o desperdício”, explicou.

Seu Enoque foi empregado por 46 e é proprietário já há sete anos da Panificadora Princesa do Agreste. Assim como ele, quem também já possui longas datas de atuação no mercado local é a comerciante Joana Ribeiro. Proprietária há mais de 54 anos da Chapelaria Brasil, ela chamou a atenção para procedimentos simples, mas que costumam fazer a diferença numa época de crise. “O lojista pode até contar com os melhores artigos e os melhores preços, mas se não tiver um bom atendimento está fadado a fracassar em qualquer momento da nossa economia, ainda mais nessa crise. Continuamos firmes comercializando os mais variados tipos de produtos porque, além de oferecermos mercadorias de qualidade, também tratamos os clientes da melhor maneira possível. Sem falar nos nossos funcionários que possuem o respeito e a atenção que lhes são merecidas”, destacou.

Dono do Magazine Casa das Rendas há mais de 50 anos, João Figueiredo é outro lojista bastante rodado de Caruaru que não quer saber de aposentadoria se mantendo em atividade mesmo com o fantasma da recessão. “Comercializo produtos de época durante todos esses anos, como os de Carnaval, de São João e os de Natal, então, a minha loja sempre tem movimento. Pelo menos aqui, o consumo tem sido satisfatório, mesmo com a danada dessa crise. Enxerguei antes mesmo de inaugurar a loja que apostar na venda de artigos sazonais é um bom negócio, tanto é que permaneço em atividade. Pode ser uma saída para quem quer empreender ou se manter no mercado, porém é necessário bastante planejamento e estudo. Se não fosse essa roubalheira que vem tomando conta do país, nossa economia estaria, é claro, bem melhor”, avaliou.

Se existe uma referência no varejo de Caruaru, quando o assunto se trata de um bom empresário no setor de livraria, ele corresponde a João Bosco. Atuando com prosperidade no ramo há mais de 59 anos – há pelo menos 31 tem sido proprietário da Livraria Dom Bosco -, o experiente empreendedor não fugiu da regra e, assim como os seus colegas comerciantes, fez recomendações sólidas para quem quer manter ou investir no seu próprio negócio. “Não adianta operar com restaurante se não gostar de cozinhar ou trabalhar com comida. Não adianta atuar com farmácia se não gostar de mexer com remédio. Para prosperar no comércio é preciso gostar do que faz e do que vende. Numa época como esta, conforme, estamos tendo de encarar, é interessante investir na comercialização de produtos básicos, ou seja, aqueles itens que não podem deixar de ser consumidos pela população, mesmo que em menor proporção. Mas tudo, claro, com bastante planejamento.”

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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