Exclusivo: Raquel Lyra fala dos 180 dias de Governo

“Podemos mudar à Política pelas cidades. Eu estou fazendo a minha parte”, afirma Raquel Lyra

Wagner Gil

O Blog do Wagner Gil repercute uma entrevista especial que foi feita com a prefeita Raquel Lyra (PSDB). Ela fez um balanço dos seus seis primeiros meses à frente do Poder Executivo. A tucana reconheceu algumas dificuldades que vêm travando a máquina administrativa, falou dos avanços da gestão e ainda ressaltou a sua preocupação com alguns temas especiais como a Saúde, a Educação e a Infraestrutura de Caruaru, que teve mais de duas mil ruas afetadas com as chuvas, que vêm caindo desde maio. A estimativa de gastos passa dos R$ 2,4 milhões.

Raquel também não fugiu de pontos polêmicos como a Operação Lava Jato, a sua relação com o governador Paulo Câmara e com a Câmara de Vereadores de Caruaru. Ex-delegada da Polícia Federal e procuradora do Estado licenciada, ela defendeu a Força-Tarefa da Operação Lava Jato dizendo que acredita nas instituições, embora entenda que algumas mudanças devem ser feitas claramente no Código Penal Brasileiro para definir questões polêmicas.

Wagner Gil– A senhora chegou a 180 dias de governo, num momento em que o país está passando por uma profunda crise ética, moral, política e econômica. O que comemorar neste momento?

Raquel Lyra — Temos colocado a nossa força de trabalho para estarmos juntos das pessoas de Caruaru. Ao longo deste período, colocamos em prática o programa Cidade Limpa, abrimos mais de 2,5 mil vagas nas escolas bem como fizemos uma Semana Santa muito interessante com o Festival de Gastronomia e oferecimento de muitas atrações musicais na cidade. Depois, veio o São João democrático e participativo. Contamos neste ano com edital para contratar e uma forte participação de artistas locais numa festa descentralizada. Fizemos o evento em vários polos com atrações e shows perto das casas das pessoas, em várias comunidades e na zona rural. Estamos trabalhando para garantir mais saúde de qualidade e a inauguração da AME, na Vila Kennedy, é um exemplo disso. Não teve inauguração formal por causa da morte de José Aílton, nosso companheiro, mas as pessoas já estão sendo muito bem atendidas. A avaliação é muito boa, pois a equipe está empenhada. Tem muita coisa ainda para ser feita, mas temos certeza que estamos no caminho certo.

WG- Quais são os principais desafios da sua gestão?

RL- Temos desafios como toda cidade grande. Estamos atacando cirurgicamente alguns pontos. Na saúde, nossa meta é reduzir as filas de espera e já conseguimos avançar em algumas questões como nas realizações de ultrassonografias e exames. Na educação, temos o desafio de capacitar professores, recuperar dezenas de escolas que foram atingidas pelas chuvas. Na próxima segunda-feira, o ministro da Educação Mendonça Filho, estará em Caruaru anunciando recursos para essas recuperações. Temos ainda que garantir uma melhor infraestrutura para os nossos professores. Garantir nossa segurança, não é um papel de um só. Criamos o programa “Juntos pela Segurança” e avançamos na criação de conselhos comunitários de segurança no Bairro Santa Rosa e em Serrote dos Bois, na zona rural. Fizemos um grande esforço depois das enxurradas para devolver a normalidade à vida das pessoas. Foram mais de 300 ruas afetadas. Estamos avançando com um calendário de recuperação. O maior desafio é chegar até a vida das pessoas organizando orçamento e a própria Prefeitura. Ruas que constavam como calçadas e não eram, nós detectamos todas. Fomos a campo e temos esse diagnóstico que será informatizado para solucionar esses problemas.

WG – Então, a senhora acredita que o melhor caminho para tudo isso aí é a educação?

RL- Sim. Logo após o anúncio do ministro Mendonça Filho das verbas para recuperar a educação, iremos lançar o programa “Juntos pela Educação”. Nosso foco é que a criança saia do ensino fundamental sabendo ler, escrever e em condições de enfrentar uma faculdade ou o exigente mercado de trabalho. Hoje, infelizmente, não temos isso. Pelo contrário, um índice preocupante. No terceiro ano do Ensino Fundamental, temos alunos analfabetos. Vamos superar todas essas deficiências que foram diagnosticadas.

WG – Durante a campanha para a Prefeitura, a senhora fez uma promessa de enxugar a máquina e fazer concursos. O vereador Alberes Lopes (PRP), líder da Oposição, disse na tribuna da Câmara, que a folha de pagamento encontra-se maior em pelo menos 1,5%. Como a senhora explica isso?

RL- Assim que iniciamos o nosso governo, reduzimos a quantidade de cargos comissionados e o número de secretarias em cinco. A única criada foi a de Ordem Pública. Criamos uma escala de salário, melhoramos os salários comissionados para trazer profissionais competentes e que atendam as demandas que a cidade precisa. Fizemos isso em vários setores como os da Educação, da Infraestrutura e da Controladoria. Como você tem uma máquina pública e não tem profissionais de qualidade? Tivemos aumento, mas uma atualização.

WG – Em relação aos concursos, quando a Prefeitura anunciará a entrada de efetivos?

RL – Estamos no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Temos dificuldade de fazer concurso público. Vamos fazer pontualmente algumas ações em relação à seleção simplificada e concursos. Mas este ano, de maneira muito limitada. Faremos esforço na redução de gastos para incorporar novos profissionais. Este ano será muito pontual.

WG- O que a PMC tem feito para gerar mais emprego e renda para a Capital do Agreste?

RL- Criamos a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e de Economia Criativa justamente para explorar todo o nosso potencial. Estamos buscando ampliar as oportunidades de emprego a partir do fortalecimento do Polo de Confecções e do Polo Tecnológico. Estamos organizando o Distrito Industrial bem como incentivando conexões com o Armazém da Criatividade. Teremos em breve por aqui, a chegada de uma empresa baiana que irá gerar 200 empregos. Também estamos nos mobilizando para trazer o Aeroporto Oscar Laranjeiras de volta às atividades comerciais, já no segundo semestre deste ano. Isso mesmo. Queremos dar apoio ao Polo Logístico, com o emprego do aeroporto para voos comerciais. Estamos investindo também para potencializar ainda mais o nosso turismo.

WG – Como a senhora avalia a situação do governo Temer, que está mergulhado em denúncias de delações do Grupo JBS? Como sobrinha do ex-ministro Fernando Lyra, que tinha voz em momentos difíceis do país, a senhora acredita que essas denúncias são perseguição política ou que as instituições envolvidas, como a PF, o MPF e a Procuradoria Geral da República, estão corretas?

RL- Uma pessoa como Fernando Lyra faz muito falta, principalmente pelo o que estamos vivenciando em todos os aspectos que envolvem o cenário nacional. Temos que ter clareza que podemos transformar a política através das cidades. É isso que estou fazendo no meu município. Um diálogo diferente de participação política com os vereadores e a população. Trazendo a população para discutir tudo. Acredito nas instituições, ou seja, na Polícia Federal, no Ministério Público e na Procuradoria. É muito fácil para quem não tem responsabilidade com as pessoas. Meu foco é o que precisa ser feito em nosso município. As instituições precisam ser fortalecidas e respeitadas.

WG – Como a senhora avalia a condenação de Lula (PT)?

RL- Lamentável! Infelizmente, lamento. Com ele, irá embora sonhos e muitas expectativas. Esse momento todo que está acontecendo é uma nova página na política do nosso país.

WG – Como se encontra a relação da senhora com o governador? Ele não veio no São João e desde antes da eleição, quando o partido dele, o PSB, foi retirado de forma brusca de sua direção, houve um esfriamento na relação.

RL- Estou cumprindo tudo que é institucional. O Estado é responsável pela segurança e o município tem dado apoio, feito ações para ajudar. Quanto a decisão dele de vir ou não para o São João, aí é com ele.

WG – Como anda a sua relação com a Câmara de Vereadores?

RL- Olha, tudo que temos enviado à Câmara tem sido aprovado por ampla maioria ou unanimidade. Se existem críticas pontuais, iremos analisar e procurar resolver. Agora, quando alguém faz uma crítica à gestão ou a um assessor direto está me criticando também.

 

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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