Exposição prolongada ao sol pode antecipar catarata, alerta oftalmologista

Na estação mais quente do ano, a exposição prolongada ao sol pode antecipar o surgimento de catarata, que normalmente ocorre com o envelhecimento. De acordo com os especialistas, no verão, as pessoas procuram se proteger dos raios solares, mas acabam esquecendo-se de cuidar dos olhos. Muitos estudos mostram que os raios Ultravioletas (UV) podem aumentar o risco de catarata e de outras doenças oculares.

Para o oftalmologista do HVISÃO, membro da Associação Americana (ASCRS) e Europeia (ESCRS) de Catarata e Cirurgia Refrativa e da Sociedade Brasileira de Catarata e Refrativa (BRASCRS), Francisco Lobato, a catarata é a doença ocular que reduz a eficiência e transparência do cristalino. “Fica atrás da íris e da pupila, muda de forma, permitindo que as imagens recebidas se concentrem na retina, que fica na parede posterior do olho. Quando a catarata se forma, as imagens vão se tornando cada vez mais difíceis de serem distinguidas, o contraste e cores ficam comprometidos”, disse o especialista.

“A exposição prolongada ao sol favorece a precocidade do estresse oxidativo, reação química que pode ocorrer quando as células consomem oxigênio e outros nutrientes do organismo para produção de energia, sendo este, um dos principais contribuintes para o envelhecimento e para as doenças relacionadas à idade, incluindo a catarata”, explica Francisco Lobato. Segundo o médico, as células do cristalino contêm água e proteínas e não possuem as organelas, tipicamente encontradas em outras células. “Quando a catarata se forma, as proteínas das células do cristalino mostram sinais de danos oxidativos. Elas espalham a luz, ao invés de transmiti-la. Assim, pode-se dizer que o estresse oxidativo é responsável por destruir as proteínas do cristalino, dando origem à catarata”, afirma o oftalmologista.

De acordo com o médico, o uso de óculos de qualidade, que de fato bloqueiem UVA e UVB (>98%) e chapéu são medidas preventivas importantes, nesta época do ano. Na alimentação, Lobato conta que consumir alimentos/suplementos ricos em antioxidantes (ômega-3, zeoxantina, transresveratrol, vitamina C e E, selênio, zinco, Carotenoides, cacau, açaí, etc), diminui o estresse oxidativo. O oftalmologista alerta que os cuidados com a visão não se restringem apenas à época do verão, principalmente para pessoas que moram em localidades onde a incidência de raios solares é presente quase o ano inteiro.

O tratamento de catarata é cirúrgico. Com 30 anos de experiência em cirurgias de catarata, Francisco Lobato conta que durante o procedimento, retira-se o cristalino e implanta-se uma lente intraocular (LIO) com grau especificamente calculado. Atualmente, existe um método mais moderno, no qual utiliza-se um aparelho de laser (FLACS = Femtosecond assisted cataract surgery) para a realização de algumas etapas da cirurgia. “O objetivo de dar mais precisão, previsibilidade e reprodutibilidade à cirurgia de catarata”, finaliza Lobato.

A catarata ocorre quando o cristalino do olho começa a ficar opaco, causando uma visão embaçada, falta de nitidez e visão dupla. Histórico familiar pode ser uma tendência ao desenvolvimento. O tratamento é indicado quando a condição passa a atrapalhar as atividades diárias da pessoa.

Entre os tipos estão o senil, que ocorre com o avanço da cidade; congênita, que surge logo no nascimento por causa de infecções intra-uterinas como rubéola, sarampo ou sífilis; secundária, causada por doenças ou medicamentos; traumática, que se desenvolve após alguma lesão no olho; e pode ocorrer após tratamentos com radiação. O maior risco da cirurgia é realmente a infecção bacteriana, não necessariamente durante o procedimento, mas sim no decorrer do pós-operatório. Caso o paciente sinta dor é preciso voltar ao oftalmologista.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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