Extinguir compras parceladas sem juros é retrocesso, diz CACB

A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) defende a continuidade do parcelamento do cartão de crédito sem os juros. Retirar esta possibilidade do consumidor é interesse dos grandes bancos. As administradoras de cartões apresentaram ao Banco Central uma proposta para substituir o parcelado sem juros por um modelo de crediário ao consumidor. A CACB, no entanto, discorda desta ideia e apoia o posicionamento da Associação Brasileira das Instituições de Pagamento (Abipag), que garante que o crediário já existe e a adesão é baixa.

De acordo com o que vem noticiando a imprensa, a extinção da modalidade poderia reduzir, aproximadamente, 10% das vendas do comércio. Este número representa, segundo a Abipag, cerca de R$ 90 bilhões que seriam pagos na forma de juros, ao invés de serem destinados ao consumo. Ou seja, a medida privilegiaria os bancos, que cobrariam juros muito mais altos do que já cobram, transvestidos como venda “sem juros” no cartão, uma estratégia sem fundamento. Precisamos simplificar mais e reduzir os custos para os estabelecimentos e, consequentemente, para o consumidor final.

Para o presidente da Abipag, Augusto Lins, “tal ideia reflete o posicionamento dos grandes bancos”. Na contramão desta hipótese, os emissores de cartões defendem o fomento da adesão do crediário. Para Lins “a adesão é extremamente baixa e não mudaria o cenário”, diz.

A Confederação concorda com a Abipag, e reitera seu posicionamento, pensando tanto no empresário, quanto no cliente, que seria submetido a altas taxas de juros, se as compras fossem parceladas diretamente com o lojista, na modalidade crediário. Apesar de ter caído no desuso do brasileiro, se tal medida for imposta, o parcelamento com cheque seria a alternativa a esse retrocesso.

A CACB se posiciona pela redução das taxas transacionais dos cartões, principalmente do débito, que são estipuladas pelas bandeiras com o coeficiente tarifário que segue para o banco emissor, valor esse descontado do valor da compra. A Confederação cobra do Banco Central agilidade na apreciação de um teto na cobrança de encargos sobre as operações financeiras, que têm o cartão de crédito/débito como meio final de pagamento. A entidade, que reúne aproximadamente 2 milhões de associados, teme que isso acabe refletindo nas vendas do comércio brasileiro.

Os lojistas e a população precisam se posicionar contra a medida, que trará ainda mais prejuízos para o País. A CACB quer que o Brasil se alinhe ao mercado internacional, onde as taxas de juros aplicadas são bem mais baixas. Os valores que se paga nas vendas via cartão de crédito já são um absurdo. Aumentar ainda mais os juros pode ser a saída mais fácil para o mercado financeiro, mas não a mais correta.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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