Gambiarras podem justificar incêndio na Feira da Sulanca em Caruaru

O incêndio que atingiu uma área de cerca de 300 m² da Feira da Sulanca, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, pode ter sido provocado por um curto circuito causado pelo uso de gambiarras no local. Peritos realizaram nesta terça-feira (7) o rescaldo e o material coletado foi levado para o laboratório do Instituto de Criminalística (IC) da cidade. Segundo informações preliminares, o fogo teve início nas ruas 15 e 16 da Praça 18 de Maio, onde funciona a feira, e acabou atingindo com o calor as ruas 14 e 17.

Ainda segundo a perícia, as instalações elétricas das quatro mil barracas presentes na sulanca não seguem as recomendações técnicas da ABNT e são compostas, em sua maioria, por improvisos. “O que mais verifiquei foram fios inapropriados para equipamentos de alta potência, onde deveriam ser ligadas apenas lâmpadas, mas que eram utilizados, também, para fazer tomadas”, apontou o perito criminal, Meirere Lúcio.

Durante a perícia, um ferro elétrico derretido foi encontrado na área afetada. “O risco de incêndio desse tipo de instalação é de 100%. Se usado fio para baixa amperagem – de 1,5mm, que suporta até 15 amperes – e você utilizar um ferro de passar, com certeza vai esquentar e iniciar um incêndio”, destacou o perito. A hipótese das chamas terem sido provocadas não é descartada pelo IC, que só deve divulgar o laudo pericial em até dez dias, com possibilidade de prorrogação.

Se confirmado o curto circuito, as medidas deverão ser tomadas pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil do município. Caso se configure crime intencional, a Delegacia de Caruaru assumirá as investigações. “Não quero me precipitar no julgamento. A Polícia Civil irá aguardar o resultado do laudo técnico”, ponderou o delegado Bruno Vital.

De acordo com o secretário extraordinário da Feira de Caruaru, José Pereira Sousa, há mais de 27 anos o equipamento não recebia qualquer melhoria. Só no último ano foi iniciada uma requalificação, após a prefeita Raquel Lyra captar R$ 8 mil do extinto Ministério das Cidades. “Estávamos discutindo com a Celpe um projeto de engenharia elétrica”, contou o secretário da pasta, que reconheceu a existência das gambiarras.

Feirantes
Um cadastramento para os feirantes que tiveram bancos destruídos no incêndio foi iniciado na terça-feira para saber quantos pontos foram atingidos e os prejuízos. Até o momento, 18 comerciantes compareceram ao local. A Prefeitura de Caruaru informou que bancos foram alugados e estão sendo disponibilizados para os feirantes atingidos. A limpeza do local também foi iniciada.

Segundo informações recebidas pela Secretaria do Trabalho, Emprego e Qualificação de Pernambuco, pelo menos 50 bancos foram atingidos pelas chamas. O prejuízo financeiro estimado pode chegar a R$ 2 milhões. “A partir do cadastramento dos feirantes, a Agência de Fomento de Pernambuco vai analisar caso a caso para liberar uma linha de microcrédito direcionada aos comerciantes que sofreram perdas”, informou o secretário.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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