Indefinições sobre vice-presidenciáveis aquecem corrida por coligações

Correio Braziliense

A saga por um vice-presidenciável continua a todo vapor. Mas as indecisões decorrem da mesma dificuldade que os partidos enfrentam para montar as primeiras coligações. Conversam entre si na tentativa de afunilar o número de campanhas, porém, sem avanços. É o exemplo da Rede, de Marina Silva, do PSL, de Jair Bolsonaro, do PDT, de Ciro Gomes, do PSDB, de Geraldo Alckmin, e do PT, de Lula, os mais cotados segundo as pesquisas de intenção de votos.

As legendas até tentam correr contra o tempo e deixar encaminhada a escolha dos respectivos vices antes das convenções partidárias, entre 20 de julho e 5 de agosto, mas tudo indica que não haverá decisão antes desse período.

Na disputa pelo poder, todos querem vender caro o capital político para aceitar uma coligação. Nas conversas em torno das coligações, são discutidos cargos e espaço em um possível governo vencedor. Os diálogos acabam envolvendo a escolha de um vice, mas esbarram na própria indefinição das coalizões.

A escolha do vice de Bolsonaro é um dos maiores exemplos das indecisões. O senador Magno Malta (PR-ES), vice-líder do partido no Senado e um dos caciques da legenda, é um dos mais cotados a formar a chapa com o presidenciável. Mas esbarra nas próprias incertezas do partido, que conversa com PT, PDT e PSDB, entre outros.

O líder do PR na Câmara dos Deputados, José Rocha (PR-BA), admite que há um desejo grande de Bolsonaro em se coligar com o partido, mas nega alguma definição. “Há uma possibilidade de se discutir isso antes da convenção, mas as conversas com o PSL e outros partidos continuam abertas. Há um interesse dos próprios estados em tentar definir suas próprias coligações”, alertou.

A legenda também mantém conversas com o PT. O empresário Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José Alencar, é filiado ao PR e era cotado para ser vice na campanha de Lula. Como o ex-presidente se encontra preso em Curitiba, caciques do partido vetam a alternativa. “Como não existe mais essa opção, não há interesse dele em ser vice em outra chapa”, disse Rocha.

Enquanto Bolsonaro está em busca de coalizão para elevar os minutos de televisão no horário eleitoral gratuito, Alckmin está atrás de um vice para consolidar a campanha ainda travada, pondera o analista político Murilo Aragão, sócio da Arko Advice. “Essas incertezas para selar uma aliança acabam atrasando a escolha do vice e isso embola o ‘meio-campo’”, avaliou.

Movimentação

Na definição de vice, quem promete ser um fiel da balança é o DEM e o PP. Ambos os partidos querem embarcar em uma candidatura viável e se postulam como algumas das legendas que mais cresceram no país. PSDB e PDT são alguns dos partidos que namoram as siglas do centro. Nas conversas com os pedetistas, os pepistas tentam emplacar o empresário Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), como vice de Ciro.

O PDT, no entanto, ainda tenta atrair o PSB, e estaria disposto a oferecer o cargo de vice para a legenda. Interlocutores pedetistas até bancam que uma reunião com o presidente peessebista está agendada para esta semana, na tentativa de chegar a um consenso. De olho na movimentação pedetista, os tucanos não querem ficar para trás, e tentam atrair o MDB, de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, para a chapa de Alckmin.

O coordenador da campanha de Alckmin, Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, defendeu ontem a união. “O momento agora é de um líder democrático como Alckmin e seu partido, PSDB, mais as lideranças políticas e um expressivo representante de mercado com vivência e experiência política como Meirelles”, disse. Um interlocutor do emedebista, no entanto, refuta a ideia. “Toda hora querem criar fato em cima da candidatura do Meirelles. A campanha dele está começando a acontecer e querem criar confusão para ver se atrapalha”, disse.

Nem todos estão na dependência de formar uma coalizão para definir o vice. A candidatura de Marina, por exemplo, deve se consolidar como uma chapa pura, declarou o deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ). A legenda manteve conversas com o PPS, do ex-ministro da Cultura Roberto Freire, que ainda não se concretizaram em uma coalizão.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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