Inflação da Páscoa

Por Maurício Assuero, economista

Em meio a instabilidade econômica do país, a gente tem observado alguns movimentos de preços que merecem um esclarecimento. Comecemos pela inflação para população da classe C. As pessoas com uma renda da ordem de um salário mínimo ou um salário mínimo e meio, não disponibilizam recursos para poupança. A renda é alocada, na sua totalidade, em consumo e ainda é insuficiente. Ao contrário de outras pessoas de classe mais alta que usam parte de sua renda para fazer aplicações financeiras ou algum tipo de investimento. Por esta razão, as pessoas menos favorecidas são pressionadas mais intensamente pelo nível de preços.

De modo igual a gente pode pensar em alguns eventos que poderiam alterar o nível de preços para cima. Jogos da seleção brasileira inflam os preços dos ingressos. O São João em Caruaru modifica o preço da hospedagem, das variáveis associadas ao turismo, por exemplo, tudo em função do aumento de demanda. Podemos estender nossa análise para a Páscoa, já que estamos na semana.

Não apenas a demanda por produtos relacionados, mas a conjuntura econômica agora favorece um aperto maior na programação de Páscoa de muita gente. Quem tem por hábito a disponibilidade de produtos importados (vinhos, por exemplo) vai ter que arcar com a alta do dólar. Espera-se, então, uma adequação de costumes a esta imposição, ou seja, as pessoas poderão substituir produtos importados por produtos nacionais e isto terá um impacto positivo no desempenho das empresas do setor. Segundo a ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados, os ovos de Páscoa tiveram um aumento de quase 11% em relação ao ano passado, por isso, o aumento de preço tenderá a compensar a quantidade consumida, gerando alguma possibilidade de manutenção da receita no mesmo nível do ano passado, no entanto, os custos são outros.

No caso do Agreste pernambucano, o afluxo de pessoas gerado pelo turismo, pelo teatro de Fazenda Nova, tem um fundamento muito grande para aliviar as tensões econômicas da região, mas o tempo é curto para efeitos mais preponderantes. Assim, Caruaru, por exemplo, deve agir da mesma forma que um agricultor que cultiva a terra, planta, rega, etc. para poder colher, isto é, Caruaru precisa atuar na divulgação de seus projetos, visando o período do São João. A Semana Santa é tem uma duração menor e localizada noutra cidade, embora a rota que leve ao teatro passe por Caruaru. No caso do São João, a coisa é mais específica, mas centrada e localizada na cidade, por isso é hora de botar o bloco (a safona) na rua.

Diante da situação pública de limitação de gastos, Caruaru precisa de um planejamento detalhado para o São João e mostrar ao visitante do teatro que ele pode usufruir de uma grandiosa festa. Tudo, no entanto, é mais complicado porque há redução de gastos públicos e privados; há uma recessão em vigência; há uma expectativa de inflação além do previsto. Sair desse cenário, só com muita criatividade. Nos produtos da Páscoa a inovação houve inovação em alguns produtos, mas ainda assim, estamos falando de produtos elásticos (não prioritários) facilmente substituídos.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *