Integrantes do Comut criticam baixa frequência nas reuniões

Pedro Augusto

Não é necessário ser um especialista no assunto. Basta dar uma circulada de poucos minutos pelas ruas e avenidas para comprovar que Caruaru ainda está muito longe de ter os seus problemas de trânsito resolvidos. Além da atuação da Destra, a Capital do Agreste também vem contando já há um bom tempo com o trabalho do Comut (Conselho Municipal de Trânsito), que tem como principal objetivo identificar e sugerir soluções para com o desenvolvimento do setor. Embora algumas de suas propostas já tenham sido aprovadas e colocadas em prática pela Prefeitura proporcionando melhorias, a contribuição do Comut para com a cidade poderia ser ainda maior caso os seus integrantes frequentassem um pouco mais as reuniões do órgão.

Para se ter ideia, das 15 entidades componentes que estavam sendo aguardadas no encontro da tarde da última terça-feira (5), na sede da Destra, no bairro Maurício de Nassau, apenas cinco compareceram com os seus representantes. Devido ao baixo número de presentes, o que provocou a falta de quórum, a reunião precisou ser remarcada para esta terça-feira (12), no mesmo local, adiando ainda mais as discussões previstas. Um dos poucos presentes no compromisso desta semana, o presidente do Sintespe (Sindicato do Transporte Escolar de Pernambuco), Francisco Pereira, questionou a ausência dos outros integrantes.

“Para mim isso é uma falta de respeito não só com nós que fazemos parte deste órgão, mas também com a própria população que enxerga no Comut uma das poucas alternativas para se melhorar o trânsito de Caruaru. Como podemos discutir mais demandas e apontar mais melhorias para o setor se grande parte dos componentes só comparece às reuniões quando é para se tratar de aumento de tarifas? Assim fica difícil!”. No encontro que estava previsto para ser realizado na última terça, os representantes iriam iniciar a discussão sobre os levantamentos que haviam sido elaborados por cada entidade com o objetivo de identificar as deficiências e as alternativas para o setor.

Descontente com a postura dos faltantes, o diretor da Associação dos Moradores do Bairro das Rendeiras e primeiro-secretário do Comut, Pedro Tiago, foi outro a criticar a remarcação do encontro. “Desde que passei a integrar o órgão, verifiquei algumas propostas que saíram daqui e acabaram sendo implantadas com êxito pela Prefeitura, a exemplo do binário das Rendeiras. Mas na medida em que essas reuniões são suspensas, por falta de quórum, ou remarcadas acabamos perdendo tempo e hoje demanda é o que não falta em relação ao trânsito da cidade. Por sermos um conselho consultivo e não deliberativo, na prática, não conseguimos garantir a implantação das medidas, porém se houvesse um engajamento maior por parte de todos os integrantes tenho certeza que os nossos resultados seriam ainda melhores”.

Longe da sala de reunião, mas sim dentro do asfalto, onde as demandas costumam aparecer, as críticas sobre a suposta falta de comprometimento por parte de alguns integrantes também se encontram avolumadas. “Como é que poderemos observar avanços maiores em relação a este setor se não está havendo uma participação maior por parte desses representantes? Se não há reunião, não há discussão, não há cobrança por melhorias para o nosso trânsito. Problema do gestor brasileiro é justamente esse: enquanto o assunto não for de seu interesse vai levando a ‘banho Maria’. Agora, se fosse para discutir aumento de passagem, com a presença maciça da imprensa, apareceria componente de todos os lados”, analisou o motorista e estudante de Letras, Carlos Batista.

O motorista de táxi, Jeferson Antônio, que trabalha diretamente no trânsito de Caruaru, também não gostou nada da baixa freqüência dos componentes. “Esses não, mas os que costumam não faltar às reuniões, até que vêm se esforçando para fazer alguma coisa pela cidade. Já observamos alguns avanços nos últimos anos, mas ainda há muito problema para se resolver. E na medida em que essas pessoas (representantes) não dão exemplo e se mostram nem aí, a tendência é de dificuldades ainda maiores”, avaliou.

Caso haja reunião nesta terça, ela ficará marcada pela troca no comando do órgão. Após um ano e seis meses à frente da presidência do Comut, o empresário Ricardo Henrique, que representava o Rotary Club, passará o bastão para o seu vice, o presidente do Sindicato dos Taxistas de Caruaru, Cícero Moreira. Em entrevista ao VANGUARDA, este último se mostrou disposto a acabar com a baixa de freqüência nos encontros. “Estamos cansados de verificar este problema, sendo assim, trabalharemos no sentido de conscientizar a todos para importância de ser participar das nossas reuniões. Até porque, não é interessante só aparecer, quando for discutir tarifa, mas sim em todos o momentos haja vista que precisamos fortalecer nossa contribuição para com o bom andamento do nosso trânsito”.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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