IPC-S: Inflação registra alta no Recife; veja quem são os vilões

A inflação registrou aceleração no Recife, neste mês de outubro, assinalando peso no bolso para produtos e serviços adquiridos pelas famílias. Os dados são apontados no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que atingiu 0,35%. No radar, estão itens essenciais do consumo, como alimentação, transporte, saúde e lazer. Entre as razões de alavancada, conforme o levantamento, figura também a alta nos preços das tarifas aéreas, que subiram de 17,32% para 21,05%.

A variação percentual na capital pernambucana foi de 0,13%, a mais alta dentro das quatro últimas semanas avaliadas pelo instituto. O acumulado geral, que também observa outras seis cidades, marca acréscimo de 3,81%, nos últimos 12 meses. É nas gôndolas dos supermercados, onde o cidadão se depara, na prática, com a oscilação dos preços, conforme os resultados da pesquisa. Entre os vilões está a carne bovina e o arroz, por exemplo, enquadrados como primeira necessidade. Em contraponto, itens como ovos, leite e banana apontaram discreto declive nos últimos dias.

Para o economista Werson Kaval, os altos e baixos deste percurso fazem parte da macroeconomia, influenciada por diferentes fatores externos, como a elevada taxa de juros. Contudo, não deixam de comprometer a renda e manutenção dos lares, sobretudo aqueles de menor poder aquisitivo. “São mudanças na inflação que, apesar de já corriqueiras no cenário financeiro, impactam no dia a dia. Ao consumidor, acaba restando apenas o artifício da substituição, como a troca da carne pelo frango”, explica, lembrando que para fugir da inflação a chave continua sendo a busca, em diferentes locais, por um valor que se encaixe no orçamento.

Ainda conforme Kaval, esta cadeia vai além, trazendo insegurança para a atração de investimentos, o que reflete em áreas adversas, como a geração de empregos. “Nos deparamos com produtos que contam com isenções fiscais em outros estados e são taxados aqui em Pernambuco, incluindo processos desde a produção, logística e comercialização. A competitividade é imediatamente prejudicada e não há como deixar de pagar essa conta”, reforça o especialista.

As mudanças são percebidas pela dona de casa, Julia Figueira, de 49 anos, mãe de quatro filhos, que afirma percorrer diversos estabelecimentos, sempre a procura por ofertas. “Está cada vez mais difícil encher o carrinho. A gente vai olhando os encartes dos supermercados e comprando apenas o que está em promoção. Tenho um grupo de amigas que compartilham as boas chances de economia que vão encontrando e assim nós vamos caçando para sobreviver”, revela.

A apuração considera oito classes de despesa, figurando na frente do ranking os grupos de educação, leitura e recreação, cuja taxa de variação passou de 2,84%, na segunda prévia de outubro, para 3,44%, nesta terceira leitura. O apanhado também analisa segmentos como a saúde e artigos de higiene pessoal, que avançaram de 0,12% para 0,24%. Foi identificada a queda nos preços da gasolina, aluguel residencial, roupas masculinas e nas tarifas de telefonia.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.