Tendo a profissionalização como uma das prioridades institucionais de caráter inclusivo, a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) contabiliza números positivos das parcerias firmadas tanto com entidades do poder público quanto com empresas privadas. Neste ano, 26 socioeducandos foram inseridos no mercado de trabalho por meio de articulações do Eixo Profissionalização da instituição, assim como por meio dos projetos Vida Aprendiz e o Novas Oportunidades, do Governo Paulo Câmara, coordenados pela Secretaria de Desenvolvimento Social Criança e Juventude (SDSCJ).
Esse trabalho de preparação e inserção de jovens no mundo do trabalho é movido pela troca. Enquanto os jovens desenvolvem competências para o mundo do trabalho, os empresários contribuem para a formação desses futuros profissionais. Uma das empresas parceiras da Funase na busca pela construção de novos projetos de vida para os adolescentes é a Viana & Moura Construções, que desde 2014 recebe socioeducandos das unidades de atendimento de Caruaru.
Adolescentes da Casa de Semiliberdade (Casem) Caruaru, inserido nos cursos de Alvenaria e de Eletricista Predial de Baixa Tensão e no curso de Pedreiro ministrados no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), têm a oportunidade de colocar em prática o conhecimento adquirido, pelo período de 6 meses, tendo total chance de efetivação no futuro. Segundo o assistente de pessoal da Viana & Moura Construções, Rafael Moreira, inicialmente, a intenção era completar o quadro de funcionários. “Com o tempo percebemos a importância do papel social que estamos desempenhando ao abrir as nossas portas a esses adolescentes. Priorizamos o respeito e temos como um dos nossos valores a responsabilidade pessoal e o serviço ao outro, ter compaixão e empatia. Não é porque eles cometeram um erro que não merecem outra chance”, finalizou.
Essa confiança no futuro, que começa a ser construído no presente, é um dos sentimentos carregados por A.S.G., adolescente de 18 anos, que passou pela Casa de Semiliberdade (Casem) Caruaru e está prestes a ter sua primeira experiência no mercado de trabalho formal. Aluno do curso de Pedreiro ele conta que nunca pensou em desenvolver essa atividade. “O que eu vou ser mesmo é professor, mas aqui no curso eu venho me surpreendendo comigo mesmo, por conseguir aprender e desenvolver também nessa área”. Para 2018, ele quer focar no trabalho, que deve iniciar em Janeiro, e esquecer o passado. “O Jovem Aprendiz me dá a oportunidade de ser um espelho para os que acham que a vida não tem mais jeito. Basta estudar e se esforçar. Todo mundo tem chance. Comigo está dando certo, Graças a Deus”, enfatizou.
Além das empresas privadas, o Poder Judiciário tem sido um dos grandes parceiros na construção de uma sociedade mais inclusiva. A exemplo disso, foi lançado pela Vara Regional da Infância e Juventude da Comarca de Arcoverde o projeto “Aprendizagem Legal”. A iniciativa tem como objetivo promover – além da profissionalização -, o resgate da auto-estima, o protagonismo juvenil e a conquista da autonomia. O projeto foi elaborado pela equipe inter-profissional da 14ª Circunscrição e é executado em parceria com a Funase e com o Centro de Integração Empresa Escola de Pernambuco (CIEE-PE).
Mais avanços serão comemorados. Em Caruaru, a Funase vem se mobilizando, juntamente com a Vara da Infância e Juventude do município, na busca por novas parcerias. “É preciso fazer com que a sociedade se perceba protagonista do papel que tem na reinserção dos socioeducandos. Não podemos marginalizá-los. É preciso oportunizar escolhas a esses jovens, para não haver uma perpetuação da violência”, compartilhou o psicólogo da Vara da Infância e Juventude, Felipe Amorim.
Neste sentido, já foram realizadas reuniões com representantes do empresariado, entre eles a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (ACIC) e o SindLojas. Segundo a Diretora-Presidente da Funase, Nadja Alencar, este apoio é fundamental para que os jovens e adolescentes elaborem um novo projeto de vida, longe da vulnerabilidade. “Os adolescentes que chegam na Funase necessitam de oportunidades para que possam desenvolver todas as suas potencialidades e nós precisamos de duas coisas: prepará-los e contar com o apoio da sociedade para reintegrá-los ao convívio social”, enfatizou.