Lula critica ação policial e quer frente de esquerda

Folha de S.Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou repúdio à operação da Polícia Militar que, nesta sexta-feira (4), resultou em confronto com militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) na escola Florestan Fernandes.

A instituição, sediada em Guararema (SP), é ligada do MST e, neste sábado (5), recebeu um evento em solidariedade ao grupo.

“A gente tem que se preocupar mais com os movimentos sociais, porque se a moda de criminalizar pessoas pega…”, disse Lula, vestido com um boné do movimento.

“Há um processo de criminalização da esquerda nesse país, em que as instituições estão totalmente desmoralizadas, o país perdeu a autoridade.”

O ex-presidente disse que o caso dele, que é réu em três ações (duas delas no âmbito da Operação Lava Jato), é “o de menos”. “Eu tenho casco de tartaruga, 71 anos de idade.”

Depois de uma fala repleta de temas ligados à política externa –ele citou negociações de que participou quando estava na Presidência, de acordos com o Irã ao fim da Alca, das eleições na OMC a negócios com países africanos e o Mercosul–, Lula defendeu a formação de uma frente política de esquerda.

“Esse momento de solidariedade ao MST, com tanta gente que veio para cá, é a hora de começar a construir uma coisa mais forte, de cada um deixar seus probleminhas de lado”, defendeu.

“Não é partido, entidade, é um movimento, como foi o das Diretas. Precisamos criar um movimento para restabelecer a democracia no país. Somos um país grande demais para termos um governo eleito por uma Câmara de forma ilegal.”

A formação de uma frente de esquerda, segundo Lula, “unificaria o país” e superaria a “torre de Babel que existe hoje, em que cada um fica gritando no seu canto”.

O petista criticou o governo Temer. Citando a “PEC 151 [em referência à PEC 241, que estabelece um teto de gastos para o governo federal]”, ele afirmou que “eles vão efetivamente destruir o que nós construímos no Brasil”.

“Os adversários foram mais fortes que a gente, enquanto a gente ficou gritando ‘Fora, Temer’, eles foram lá e tiraram a Dilma. Fizeram o golpe, mas não vão parar por aí”, disse. “Tem razões políticas, econômicas e ideológicas nesse negócio”

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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