Maestro Forró, Alceu e Elba comandaram encerramento do carnaval do Recife

Da Folhape
Foram dias intensos. De alegria, intensidade, frevo, amores, desamores, suor e cerveja. Mas, na Quarta-feira Ingrata (18), tudo acabou. A despedida do povo pernambucano, porém, foi em grande estilo. Milhares de foliões lotaram o Marco Zero, no Recife Antigo, ao som de Claudionor e Nonô Germano, Maestro Forró e Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Alceu Valença e Elba Ramalho para dar adeus ao carnaval. Adeus, não – porque o recifense nunca dá adeus à folia. Foi um até logo. Até 2016.
O primeiro show do polo foi cheio de simbolismo. Claudionor Germano, 82 anos, mais de sete décadas de carreira, passou o cetro de “Rei do Carnaval” para o filho, Nonô. A apresentação dos dois, como não poderia deixar de ser, foi marcada por clássicos do nosso carnaval, como “Bom Demais”, “Último Regresso”, “Evocação nº1” e tantas outras. O novo “monarca” da folia estava muito feliz: “O frevo não pode tocar só no carnaval. Tem de ser todo ano o dia todo”, decretou.
Depois deles, foi a vez do Maestro Forró e a OPBH. Melhor palavra para definir o show? Energia. O homem não para: corre, pula, fica de ponta cabeça, rege os músicos com as pernas, canta, dança. E contagia. O repertório foi misto. Uma parte era da autoria dele, outra era composta por releituras de hinos carnavalescos , frevos tradicionais, manguebeat, maracatu, reggae e até uma pitada do soul de Tim Maia. Tudo junto e misturado.
Pouco depois da meia-noite, Alceu Valença subiu ao palco. Era jogo ganho. O público adora as canções do artista, que não deu sossego aos foliões: começou logo com “Voltei, Recife”, emendou com “Bicho Maluco Beleza”, “Diabo Louro” e “Vampira”. Ainda teve “Bom Demais”, “Hino do Elefante”, além das grandes composições de Alceu (“la Belle de Jour”, “Anunciação). Um dos pontos altos do show foi a transformação de “Pagode Russo”, de Gonzagão, num animado frevo.
Quando Elba entrou, a multidão parecia um pouco menos animada. Puro engano. A paraibana mandou pedrada atrás de pedrada. “Ai, que calor”, “Leão do Norte”, “Banho de Cheiro”, “Madeira que cupim não rói”. Manteve a pegada e a plateia eletrizada até depois das 3h da manhã. Filha de pernambucano, Elba Ramalho tem uma ligação especial com a folia daqui. Talvez daí a intensidade com que ela entoe o famoso verso: “Dizendo bem que o recife tem o carnaval melhor do meu Brasil”. Milhares de foliões, em êxtase, respondiam dançando. E provavam que a música está mais do que certa.

 

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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