Mais um vazamento na conta da Compesa

Pedro Augusto

Nesta época atual em que o concreto vem predominando nas paisagens das barragens da região Agreste, qualquer desperdício de água acaba ocasionando vários transtornos, bem como gerando a revolta por parte da população. Um bom exemplo desta cena nada agradável pôde ser observada esta semana na Rua Cônego Júlio Cabral, no Bairro Maurício de Nassau, em Caruaru. De acordo com moradores e comerciantes do local, já há um bom tempo que a via vinha comportando diariamente certo vazamento de água, porém este último acabou se intensificado tão logo as equipes da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento) deram início à tentativa de sua resolução.

Segundo o lojista Naxson Brainer, o problema teria aumentado na manhã da última terça-feira (2). “Os agentes da Compesa abriram aquele enorme buraco com o objetivo de resolver o vazamento, chegaram a passar algumas horas em operação, porém à noite ele retornou com força total. Resultado: tanto os moradores como os comerciantes tiveram de se virar para tirar o acúmulo de água que acabou se concentrando nas calçadas das casas e das lojas. Fora que o trânsito ficou prejudicado com a interdição do trecho da via, proporcionando perigo para os pedestres e motoristas. Um verdadeiro absurdo!”.

Mas o vazamento não ficou limitado apenas a Cônego Júlio Cabral. A forte corrente de água também se alastrou para as ruas paralelas Joaquim Tabosa e Roquete Pinto. Proprietário de uma loja na primeira via, o comerciante Almir Leite engrossou as críticas ao vazamento. “Na terça-feira, ele se estendeu durante o dia inteiro e na quarta até o início da manhã. O pessoal da Compesa até que esteve por aqui, entretanto não resolveu nada. O engraçado é que a companhia cobra da população para que economize e não desperdice água e acaba dando esses péssimos exemplos em plena área urbana da cidade. Estamos a pouco mais das 9h desta quarta (último dia 3) e, até agora, ela continua esborrando.”

Morador da Roquete Pinto, o autônomo Marinaldo Souza questionou o trabalho da Compesa. “Os agentes ficaram até depois das 21h da terça tentando solucionar o vazamento, porém não conseguiram. Desta forma, o desperdício de água acabou sendo ainda maior. Seja ela de boa ou de má qualidade, o mais importante é que deixou de ser utilizada pela população. Numa crise hídrica como esta, conforme toda a região Agreste está passando, não podemos mais ficar se submetendo a problemas como estes. Pelo menos na Roquete, a água que chegou até aqui proveniente do vazamento tinha a cor de ferrugem. Mais uma falha grave da companhia.”

A professora Maria de Fátima, que reside na Joaquim Tabosa, chamou a atenção para um detalhe intrigante em relação ao desperdício de água na cidade. “É claro que milhares de consumidores ainda não se conscientizaram que um dia a água pode acabar de vez e têm insistido em abusar de seu consumo. Porém, quando observamos um vazamento como este daqui da Cônego Júlio Cabral, podemos tirar a conclusão de que a responsabilidade da crise de água não só pode ser colocada nas costas da seca e da própria população. O Governo do Estado, através da Compesa, tem tido também a sua parcela de culpa pela falta de investimentos que resolvam de uma vez os problemas da nossa cidade. Volta e meia, ficamos sabendo desses vazamentos de grandes proporções devido à falta de um sistema de tubulação decente.”

Resposta

Por meio de nota, a Compesa informou que os trabalhos de reparo no vazamento da Rua Cônego Júlio Cabral tiveram início na manhã da última terça-feira e seguiram até a manhã da quarta. “O vazamento foi detectado ainda na terça e imediatamente equipes da Compesa iniciaram o conserto. Na oportunidade, a Destra também foi acionada para conter o trânsito no local. Trata-se de uma rede de canos de ferro. Ao término dos serviços, na noite da terça-feira, o problema ainda persistia, porém na manhã da quarta ele acabou cessando. Desta forma, os demais serviços de manutenção foram retomados, mas ainda não há previsão para o término do conserto”, explicou o texto.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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