“Marcolino foi morto num motel”, confirma Civil

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Por Pedro Augusto

As dúvidas que ainda restavam a respeito da morte do jornalista e colunista social do VANGUARDA, Marcolino Junior, de 46 anos, foram tiradas pela Polícia Civil e pelo Instituto de Criminalística, na manhã da última segunda-feira (2), na sede da Delegacia Regional de Caruaru, entre os bairros Boa Vista I e II. Na coletiva, que contou as participações dos delegados Nehemias Falcão, Bruno Vital e Márcio Cruz bem como com os peritos criminais Carlos Henrique Tabosa e Bruno Santos, a imprensa pernambucana pôde ter acesso a todas as informações correspondentes à conclusão do inquérito.

Um dos responsáveis pelas investigações, o titular do 3ª Núcleo de Homicídios do Agreste, Bruno Vital, relembrou os primeiros indícios referentes à morte do comunicador. “A princípio tratamos o caso como desaparecimento. Embora tivesse compromissos profissionais agendados para a noite do último dia 16 (um sábado) Marcolino não foi mais visto, sequer deu notícias a ninguém. A suposta atitude dele chamou a atenção de familiares e amigos haja vista que o comunicador era bastante responsável para com os seus trabalhos bem como era muito apegado a sua mãe. Tão logo a família de Marcolino registrou o boletim de ocorrência, já na data posterior, iniciamos as diligências à procura dele”.

Apesar dessa série de buscas, com denúncias que acabaram não sendo confirmadas, o corpo de Marcolino Junior só foi encontrado mesmo na manhã do dia 18 no distrito de Insurreição, na zona rural de Sairé, no Agreste do Estado. Jogado em um local de difícil acesso com vasta vegetação nativa, o cadáver já se encontrava em estado avançado de decomposição. Nele, a equipe do IC identificou logo de cara algumas perfurações no pescoço da vítima. Durante a coletiva de imprensa, na sede de Derepol, o perito Carlos Henrique Tabosa confirmou o número exato de golpes de arma de branca que foram executados contra ela.

“Os exames que foram realizados no corpo do comunicador constataram que ele foi morto com três facadas. Duas foram aplicadas na parte lateral e outra na parte frontal do pescoço. Os golpes acabaram causando choque hemorrágico na vítima. Além das perfurações, também identificamos em seu cadáver um saco plástico em volta do pescoço bem como alguns objetos pessoais da mesma, a exemplo da cueca, da pulseira e do anel. Como já se encontrava em estado avançado de putrefação, o corpo de Marcolino precisou ser encaminhado ao IML do Recife”. Em paralelo à localização do corpo, também no último dia 18, a Polícia Civil conseguiu prender os dois suspeitos de terem participado do crime.

O funcionário de Marcolino, Davi Fernando Ferreira Graciano, de 22 anos, foi preso enquanto consolava a mãe do jornalista, no bairro São Francisco, enquanto o comparsa Rafael Leite da Silva, de 32, acabou sendo autuado em flagrante no momento em que tentava comercializar o automóvel da vítima, no bairro Maurício de Nassau. Na apresentação da conclusão do inquérito, a Civil acabou retirando a dúvida que ainda restava a respeito do local, onde o comunicador foi morto. “Confirmamos que o Marcolino foi assassinado na noite do último dia 16, num motel de Caruaru. Câmeras de vídeomonitoramento captaram quando ele chegou até ao local juntamente com o Rafael”, destacou o delegado Márcio Cruz.

Lá, de acordo ainda com o policial, Rafael Leite teria aplicado um golpe de jiu-jítsu e desferido em seguida os golpes de faca peixeira no pescoço da vítima. Para atrair o colunista até o motel, o suspeito teria contado com a intermediação de Davi Fernando. “Como o Davi sabia que o Marcolino possuía interesse no Rafael, ele acabou intermediando o encontro. Eles chegaram até o motel por volta das 16h50 com Marcolino dirigindo e Rafael como passageiro do automóvel. Mais de uma hora depois, precisamente às 18h, as câmeras de vídeomonitoramento registraram, quando o veículo deixou o local sob a condução do executor. Assim como suspeitávamos, o corpo de Marcolino foi colocado mesmo no porta-malas do carro. Isso ficou comprovado através da perícia do IC. O cadáver foi levado pelo próprio Rafael até o distrito de Insurreição”, acrescentou Márcio Cruz.

O Instituto de Criminalística não só realizou perícias no automóvel da vítima – o Corola de cor branca e de placas PFS-1871 – como também promoveu o mesmo trabalho de investigação no quarto, onde ela foi morta. “No veículo encontramos marcas de sangue, não só no porta-malas, mas em outros setores, a exemplo do banco do motorista. Nele, ainda identificamos vários objetos de posse do comunicador dentre eles a última roupa que ele havia vestido. Por outro lado, no motel, encontramos marcas de sangue na fronha de um dos travesseiros bem como na escada que dá acesso até ao quarto. Os exames que foram realizados em ambos os locais confirmaram que se tratava do sangue da vítima”, ressaltou o perito Carlos Henrique.
Segundo o delegado Bruno Vital, dos dois suspeitos presos, apenas um confirmou a prática do crime, o Rafael.

“Apesar de o Davi negar a participação contamos com provas robustas de que ele teria premeditado, arquitetado, e mandado executar a morte de Marcolino Junior. O crime, conforme já havíamos divulgado à imprensa, se deu em decorrência do interesse do suspeito em se beneficiar de alguma forma dos bens e das quantias em dinheiro os quais a vítima possuía. Como funcionário do colunista, o Davi também se sentia injustiçado por conta da suposta má remuneração a que lhe era repassada semanalmente. Por isso, fez o convite ao Rafael, que prontamente aceitou a execução”.

De acordo ainda com a polícia, além da promessa do repasse de R$ 1 mil pela venda do automóvel, em paralelo, pela execução do crime, Rafael Leite, também seria recompensado por Davi Fernando com a quantia de R$ 14 mil – esta última proveniente de uma conta bancária da vítima. Tanto Davi como Rafael se encontram recolhidos desde o último dia 16, na Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru. Indiciados pelos crimes de latrocínio (assalto seguido de morte) e ocultação de cadáver, eles poderão pegar pouco mais de 30 anos de reclusão.

Concluído, o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco. “Mas isso não que dizer que não poderemos incluir posteriormente novas informações que engrossem ainda mais as provas que foram apresentadas contra os dois suspeitos”, ressaltou o gerente operacional da Dinter 1, Nehemias Falcão.

Marcolino Júnior, de nome de batismo Antônio Marcolino Barros Filho, foi visto com vida pela última vez em uma pousada da cidade. Antes disso, ele havia almoçado com a mãe bem como feito compras em um supermercado do bairro Maurício de Nassau. O velório e o enterro de Marcolino foram realizados na noite do último dia 19, no Cemitério Parque dos Arcos, em Caruaru. No local, centenas de pessoas, entre familiares, amigos e fãs, tiveram a oportunidade de prestar as suas últimas homenagens ao colunista.

Além de assinar a coluna Gente de VANGUARDA por mais de duas décadas, o jornalista também era editor da revista Festas, bem como era responsável pelo programa Agenda Social, da TV Asa Branca. O jornalista ainda promovia vários eventos de sucesso na cidade, como o Café VIP e a Feijoada do Marcolino Junior.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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