Mercado de armas no Recife prevê alta nas vendas

“O telefone não para de tocar. Tem muita gente interessada.” Foi assim que as principais lojas de armas de fogo do Recife atenderam a Folha de Pernambuco na terça-feira (15), depois que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou o decreto que flexibiliza a posse de armas no País. Uma das lojas já contratou até um funcionário novo para poder responder a todos que têm buscado informações sobre a aquisição de armas, pois a expectativa é que a mudança na legislação reforce as vendas do setor: só na capital pernambucana, o mercado espera dobrar o faturamento deste ano.

“O pessoal estava ansioso pelas mudanças. Houve uma enxurrada de ligações. Então, as vendas tendem a aumentar”, explica o proprietário da Gatilho Armas, Thiago Suassuna, que espera dobrar suas vendas neste ano. “O segundo semestre do ano passado já foi muito aquecido. Como o tema estava sendo discutido na campanha, houve um aumento de 300% na procura. Nem tudo se transformou em vendas por conta da burocracia. Mas houve uma alta de quase 100% nas vendas. E, neste ano, deve ser maior”, calcula o empresário, que vende de 20 a 25 armas por mês, faturando cerca de R$ 120 mil/mês. “A meta de 2019 é chegar a 40 armas, o que dá R$ 240 mil/mês”, conta.

Ele admite, porém, que esse aumento será gradual. Afinal, é preciso apresentar um pedido de aquisição para ter o Certificado de Registro de Arma de Fogo e a compra do equipamento autorizados pela Polícia Federal. Também é preciso passar por um exame psicológico e um teste de tiro para ter o pedido aceito. Por isso, esse processo pode durar até 60 dias. “Além disso, tem a questão do preço. Armas de fogo são caras por conta da tributação”, lembra o consultor da Companhia Brasileira de Cartuchos em Pernambuco, Marden Santos, contando que os tributos chegam a representar 80% do valor de uma arma – hoje, no Recife, revólveres e pistolas variam de R$ 3 mil a R$ 20 mil. E é por isso que, apesar do aumento na procura já ter sido registrado, não deve haver uma corrida para as lojas nos próximos dias.

“Não se pode simplesmente chegar e comprar a arma. É preciso comprovar que está apto”, confirma a dona da loja Senhora das Armas, Priscilla Stephanie, que, mesmo assim, espera ampliar as vendas. “Se depender do volume de ligações, as vendas devem dobrar”, explica. “Com essa discussão, as pessoas entendem que têm direito à posse. E esse aumento de informação estimula as vendas”, completa Santos, dizendo que o mercado pode crescer mais caso o governo continue alterando o Estatuto do Desarmamento, instituído em 2005 para reduzir a violência provocada por armas de fogo no País.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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