Milhares de empregos temporários à vista no mercado local

Contratações (4)

Pedro Augusto

Quem tiver curiosidade de testar a força vigente do São João de Caruaru pode pegar, como exemplo, o quantitativo de empregos temporários que deverão ser gerados nos segmentos econômicos da cidade devido à realização da festa. Em plena crise financeira – isso mesmo, o país ainda não saiu do fundo do poço – haverá, nas próximas semanas, a criação de novos postos de trabalho no mercado local direcionadas para o período junino. De acordo com a estimativa da Agência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2017, o quantitativo de vagas abertas para o intervalo específico deverá ser 5% maior em comparação com a mesma época do ano passado, quando foram preenchidos 2.728 postos. O comércio, os serviços e a indústria deverão ser os setores que deverão mais absorver mão-de-obra temporária.

Para o auditor fiscal do MTE, Francisco Reginaldo, o crescimento no número de ofertas de vagas se concretizará em decorrência da certa reação em que a economia brasileira vem alcançando. “Avaliamos que haverá expansão, mesmo que pequena, mas já animadora, no volume de postos temporários criados em consequência da recuperação da nossa economia, conforme estamos observando nos últimos meses. Tanto os índices da inflação como as taxas dos juros diminuíram, sem falar no repasse dos valores das contas inativas do FGTS, que também vêm dinamizando as atividades deste setor. Então, como não poderia ser diferente, a expectativa é de desempenho superior ante o mesmo período do ano passado”, avaliou.

Tomando ainda como parâmetro as projeções da Agência Regional do MTE, o comércio deverá ser responsável por 44% das contratações temporárias no período junino da Capital do Agreste. Na sequência virão os serviços com 35% de absorção da mão-de-obra extra e a indústria da confecção com 21%. Em relação ao ano passado, o mercado local registrou uma queda significativa de 15% em relação ao quantitativo de empregos temporários criados ante o mesmo intervalo de 2015. Em números reais, em decorrência do último São João, foram gerados 2.728 postos do tipo contra 3.178 há dois anos. A motivação para tal queda teria sido justamente a crise que se encontrava mais acentuada em 2016.

Um reflexo desse aumento no volume da crise é exemplificado através da quantidade de pessoas que vêm procurando atualmente uma oportunidade de emprego temporário no comércio de Caruaru. Sem exceção, em todas as lojas que foram visitadas na manhã da última segunda-feira (15) pela reportagem VANGUARDA, havia candidatos à procura de uma oportunidade. Dentre eles estava a jovem Isabela Vieira, de 20 anos. “O meu tempo de curtir os 30 dias de São João acabou. Com as dificuldades financeiras que tanto eu como a minha família vêm enfrentando nos últimos meses, as farras do período junino ficaram em segundo plano. Quero, se Deus quiser, aproveitar o intervalo do São João para trabalhar e sair do sufoco. Apesar de não ter tanta experiência, gosto muito de moda e estou à procura de uma vaga para vendedora”, comentou.

Dentre as empresas do comércio que irão contratar para este São João 2017 está a Avil. De acordo com a sua gerente Mauricéa Tabosa, atualmente quatro vagas se encontram em aberto na unidade que fica localizada na Rua 15 de Novembro, no Centro. “Todas elas são voltadas para a área de vendas, haja vista que os festejos juninos são como uma espécie de Natal para quem comercializa em Caruaru, ou seja, a demanda por parte dos clientes a respeito de produtos como tecidos e aviamentos, tradicionalmente, é bastante alta e em 2017 não será diferente. Para quem está desempregado, o período é ideal para tentar alcançar uma recolocação no mercado, já que, dependendo do desempenho, ao término do intervalo de experiência, ele pode até ser efetivado”, destacou.

Além da Avil, outra empresa que já está se preparando para operar com o reforço de trabalhadores temporários é Beijamim Empório. De acordo com a gerente de vendas Gisele Alves, oito vagas deverão ser abertas. “Elas serão direcionadas para as áreas de vendas e reposição de mercadorias. Iremos contratar com ou sem experiência, desde que os candidatos se encaixem nos nossos critérios. É interessante ressaltar que 90% da mão-de-obra que vêm atuando hoje na nossa empresa foram provenientes de contratações temporárias, ou seja, vale a pena se esforçar durante esses períodos sazonais, tentando cumprir com as suas obrigações e demonstrando os seus diferenciais, porque as empresas sempre costumam efetivar e, aqui não é diferente, os temporários que querem realmente permanecer no mercado”, pontuou.

Efetivos dão dicas para quem deseja permanecer

Diante de um cenário econômico ainda turbulento, alimentado pela crise, atualmente, as empresas se encontram mais exigentes na hora de contratar e manter o temporário em uma determinada função. De acordo com a vendedora Cisonilda Pereira, que conseguiu ser efetivada no último mês de janeiro, apesar de serem consideradas simples, algumas medidas podem ser adotadas para garantir a permanência no posto de trabalho desejado.

“Primeiro, quando queremos muito uma coisa, geralmente nos esforçamos em dobro. Essa dica é primordial, ou seja, tentar mostrar comprometimento com a função atribuída. Antes disso é importante procurar aquela vaga com a qual o candidato se identifique mais para não se arrepender depois. Também não se esqueça de demonstrar os seus diferenciais”, disse.

“Hoje, mais do que nunca, uma vaga de trabalho encontra-se bastante concorrida, haja vista que o desemprego ainda está muito grande em toda a cidade. O importante é não se acomodar e aproveitar ao máximo o período temporário para demonstrar que vestiu de verdade a camisa da empresa. Festa passa, mas as contas continuam, então, nada de faltar trabalho nesta época por causa de São João”, acrescentou a caixa Joseane Silva. Ela foi efetivada após a época junina do ano passado.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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