Militares brasileiros no Haiti e imigrantes podem ter trazido o Zika para o Brasil

Um estudo desenvolvido na Fiocruz Pernambuco traçou a rota da chegada do vírus Zika ao Brasil, preenchendo questionamentos recorrentes sobre o tema. Imigrantes ilegais vindos do Haiti e militares brasileiros em missão de paz naquele país podem ter sido responsáveis pela chegada do vírus.

Em consonância com esses resultados, estudos anteriores haviam confirmado casos de chikungunya no Brasil importados do Haiti e da República Dominicana, destacando a América Central e Caribe como rotas importantes para a introdução desse arbovírus no Brasil.

De acordo com pesquisa da Revisiting Key Entry Routes of Human Epidemic Arboviruses into the Mainland Americas through Large-Scale Phylogenomics, o vírus Zika, originário da Polinésia Francesa, inicialmente migrou para a Oceania, depois para a Ilha de Páscoa – de onde foi para a região da América Central e Caribe – e só então chegou ao Brasil, no final de 2013. “Isso coincide com o caminho percorrido pelos vírus dengue e chikungunya”, explica um dos investigadores, o pesquisador Lindomar Pena.

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O resultado aponta para o fato que a América Central e Caribe são importantes rotas de entrada para arbovírus na América do Sul. A informação é estratégica para a vigilância epidemiológica e para adoção de medidas de controle e monitoramento dessas doenças, especialmente em regiões de fronteira com outros países, portos e aeroportos, segundo o artigo. E em todos os casos brasileiros estudados, o ancestral em comum dos vírus é uma cepa do Haiti, país sabidamente afetado pela tripla epidemia de Zika, dengue e chikungunya. O estudo também concluiu que houve múltiplas introduções, independentes entre si, do vírus Zika no Brasil, mudando a crença anterior de que um único paciente poderia ter trazido a doença, que depois teria se espalhado pelo país.

Metodologia

O estudo contou com a participação dos pesquisadores da Fiocruz Pernambuco Lindomar Pena, Túlio Campos, Gabriel Wallau e Antonio Rezende e de um colaborador da Universidade de Glasgow, Alain Kohl. As análises se basearam num total de 4.035 amostras de genomas completos dos três vírus disponíveis em bancos de dados públicos e foram usados algoritmos e ferramentas computacionais de última geração. A pesquisa contou com financiamento da Fundação de Amparo à Ciencia e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e envolveu também os vírus dengue e chikungunya. Os resultados foram publicados no International Journal of Genomics. O artigo pode ser acessado no link https://www.hindawi.com/journals/ijg/aip/6941735/

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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