“Não tem dinheiro”, “choque” e “reconstrução”: o discurso de posse de Javier Milei em 12 frases

O presidente da Argentina, Javier Milei, fez seu primeiro discurso como ocupante da Casa Rosada neste domingo (10), nas escadas do Congresso do país. O ultraliberal recebeu o bastão de comando (item simbólico de poder do chefe do Executivo argentino) das mãos do peronista Alberto Fernández, na cerimônia de posse, mas quebrou o protocolo e não se dirigiu aos legisladores da Assembleia em sua primeira mensagem oficial. Milei descreveu uma perspectiva econômica dura e alertou os compatriotas que os próximos meses serão de mais inflação e mais pobreza.

Veja os pontos mais relevantes do discurso de Javier Milei em 12 frases.

“No hay plata”
“Esse é o legado que eles nos deixam: uma inflação plantada de 15.000% ao ano, que vamos lutar com unhas e dentes para acabar. Consequentemente, não há solução alternativa para o ajuste, não tem dinheiro.”

Ajuste fiscal de 5 pontos do PIB
“A solução implica, por um lado, um ajuste fiscal no setor público nacional de 5 pontos do PIB [20 bilhões de dólares], que, ao contrário do passado, recairá quase inteiramente sobre o Estado e não sobre o setor privado.”

“Hoje começa uma nova era na Argentina. Hoje encerramos uma longa e triste história de decadência e declínio e iniciamos o caminho da reconstrução do nosso país.”

100 anos de pobreza
“Infelizmente, a nossa liderança decidiu abandonar o modelo que nos enriqueceu e abraçou as ideias de liberdade e as ideias empobrecedoras do coletivismo. Há mais de 100 anos, os políticos insistem em defender um modelo que só gera pobreza, estagnação e miséria.”

Bebida amarga
“Esta é a última bebida amarga para iniciar a reconstrução da Argentina. Ou seja, haverá luz no fim do caminho.”

Queda de salários
“Eles arruinaram nossas vidas. Eles nos fizeram baixar nossos salários 10 vezes. Portanto, não devemos nos surpreender com o fato de o populismo nos deixar com 45% de pobres e 10% de indigentes.”

Choque inevitável
“Não há espaço para discussão entre choque e gradualismo. Naturalmente, isto terá um impacto negativo no nível de atividade, no emprego, nos salários reais e no número de pessoas pobres e indigentes.”

Tráfico de drogas e violência
“Nosso país foi sequestrado por traficantes de drogas e pela violência. As nossas forças de segurança foram humilhadas durante décadas, foVerdade desconfortável
“Não é por acaso que esta posse presidencial ocorre durante o feriado de Hanukkah, o festival da luz, pois celebra a verdadeira essência da liberdade. A guerra dos Macabeus é o símbolo do triunfo dos fracos sobre os poderosos, porque você sabe que prefiro contar-lhe uma verdade incômoda do que uma mentira confortável.”ram abandonadas por uma classe política que virou as costas a quem cuida de nós.”

Ação imediata
“A situação na Argentina é crítica e emergencial. Não temos alternativas e também não temos tempo. Não temos espaço para discussões estéreis. Nosso país exige ação, e ação imediata. A classe política deixa um país à beira da crise mais profunda.”

100 anos de desperdício
“Vamos tomar todas as decisões necessárias para resolver o problema causado por 100 anos de desperdício da classe política. Mesmo que seja difícil no início. Sabemos que no curto prazo a situação irá piorar. Mas então veremos os frutos dos nossos esforços.”

Sem vinganças
“Quanto à classe política argentina, quero dizer-lhes que não viemos para perseguir ninguém, não viemos para resolver velhas vinganças nem para discutir espaços de poder. Não pedimos apoio cego, mas não vamos tolerar que a hipocrisia, a desonestidade ou a ambição de poder interfiram na mudança que nós, argentinos, escolhemos.”

O Globo

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.