Pedro Augusto
Parece que o Pacto pela Vida perdeu as rédeas em Caruaru. Os altos índices de violência até agora registrados na cidade evidenciam que as medidas conjuntas incentivadas pelo programa estadual não têm surtido mais os efeitos necessários para se garantir a segurança de toda a população. Para se ter ideia, no intervalo de apenas quatro dias – do último sábado (2) até a quarta-feira (6) -, sete pessoas foram assassinadas em bairros distintos da Capital do Agreste. Após o reforço negativo, a Secretaria de Defesa Social passou a computar impressionantes 61 homicídios neste ainda vigente primeiro semestre de 2016.
A primeira vítima da série de mortes foi o ex-presidiário Hélio Erivonaldo da Silva, o Nino, de 21 anos. De acordo com informações repassadas pela Polícia Civil, ele foi assassinado a facadas, na manhã do último sábado (2), em um matagal nas imediações do loteamento Fernando Lyra. Nino, que havia sido preso por violência doméstica, teria sido alvejado com dois tipos de faca, conforme apontou o levantamento cadavérico do Instituto de Criminalística. Ele teria sido morto, segundo as investigações da polícia, por dois criminosos que, até o fechamento desta matéria, ainda não haviam sido localizados.
Ainda no sábado, mas já à noite, o pedreiro Manoel Roberto da Silva, o Ratinho, de 43 anos, foi morto a tiros a poucos metros da praça do Alto da Banana, no bairro Petrópolis. De acordo com a Polícia Militar, a vítima conduzia uma motocicleta em direção a sua residência, quando foi baleada com vários disparos na cabeça. Ratinho, que era natural de Panelas e estava morando em Caruaru, tinha sofrido um atentado a bala havia um mês. Na investida criminosa, que ocorreu nas imediações da Ceaca, o seu amigo Edilson Francisco de Amorim, de 33 anos, acabou sendo executado.
Na manhã do último domingo (3), o corpo de um homem não identificado foi encontrado em um terreno baldio, na rua Senador Marcos Freire, no bairro São João da Escócia. Ao lado do cadáver, a Polícia Civil acabou encontrando algumas pedras e pedaços de pau que teriam sido utilizados para a prática do crime. Responsável pelos primeiros levantamentos no local, o delegado do Núcleo de Homicídios de Caruaru, Francisco Souto Maior, não descartou a possibilidade do homem ter sido vítima de latrocínio (assalto seguido de morte).
Também no domingo, mas já por volta das 20h30, o desempregado Jadilson Lira da Silva, o Canela, de 24 anos, foi assassinado na rua Júlio Florêncio de Souza, no bairro do Salgado. Segundo informações repassadas pela Polícia Militar, ele estava em frente de casa, quando foi baleado por um homem não identificado. Canela estava cumprindo pena por tráfico de drogas, no Centro de Ressocialização do Agreste, em Canhotinho, e havia sido beneficiado para visitar a família. Em diligências, a polícia conseguiu prender em flagrante o autor do crime identificado como Mateus Terto da Silva, de 19 anos. Em depoimento, o autor alegou vingança.
Baleado no mesmo dia, nas imediações de uma igreja católica, na Vila Canaã, na zona rural da cidade, o adolescente Robson Ferreira da Silva, de 17 anos, acabou morrendo já na manhã da segunda-feira (4), no Hospital Otávio de Freitas, no Recife. Durante a sua internação, ele teria dito à família o nome do executor.
Ainda na segunda, o aposentado Manuel Juvertino da Silva, de 86 anos, foi assassinado também na zona rural. Segundo familiares, ele estava dentro de casa na companhia da esposa e das duas filhas, quando foi atingido com um único disparo no coração. Ele teria sido vítima de uma tentativa de latrocínio.
Já na tarde da terça-feira (5), a vítima da vez foi o desempregado Weslley Alex Timóteo dos Santos, de 20 anos. Segundo a Polícia Militar, ele foi morto a facadas, no Parque 18 de Maio, no Centro, quando estava bebendo com dois amigos. Weslley teria sido morto pelos suspeitos Marcelo Severino Gomes Soares, de 25 anos, e José Manoel de Oliveira Silva, de 25, que acabaram sendo presos em flagrante já na rua Alfredo Pinto, no bairro Santa Rosa. Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que os golpes da faca haviam sido desferidos por Marcelo por motivo passional. Já o comparsa ficou responsável por impedir a reação dos amigos da vítima. Ambos já se encontram à disposição da Justiça na PJPS.