“O governo norte-americano tem a versão deles, eu tenho a minha”, diz a jornalista Patrícia Lélis

A blogueira e jornalista brasiliense Patrícia Lélis usou a rede social X (antigo Twitter) na noite desta terça-feira (16) para se defender da acusação de fraude pela Justiça dos Estados Unidos. Ela afirmou que está protegida em outro país e representada por um dos melhores advogados do país.

Patrícia voltou ao topo das páginas de notícia após as autoridades americanas anunciarem que está procurando a brasileira, acusada de se passar falsamente por uma advogada de imigração e de fraudar seus clientes em aproximadamente US$ 700 mil (cerca de R$ 3,4 milhões).

“De ontem para hoje eu escolhi os jornalistas que eu e meu advogado repassamos as informações que vão ser logo publicadas. O governo norte-americano tem a versão deles, eu tenho a minha que inclui e-mails, fotos, vídeos e ligações. Vocês acham que internet é feita pra ser tribunal, e não é assim que as coisas funcionam”, escreveu nas redes sociais.

A jornalista e blogueira de 29 anos ficou conhecida em 2016, após ter acusado o pastor e deputado federal Marcos Feliciano (PL-SP) de estupro. Dois anos depois, porém, o juiz Aimar Neres de Matos, da 4ª Vara Criminal de Brasília, arquivou o processo contra o parlamentar, acolhendo pedido do Ministério Público do Distrito Federal. O órgão defende que não era possível “vislumbrar elementos mínimos para a propositura de ação penal”.

Entenda o caso
Entre outros crimes, a Justiça norte-americana também acusa a brasileira de ter falsificado formulários de imigração dos EUA, forjado múltiplas assinaturas e criado recibos falsos. No Twitter, a brasileira confirmou ser o alvo do FBI: em uma publicação na rede, ela afirmou que “começou 2024 sendo “procurada” pelo FBI por mesmo o governo sabendo que estou em asilo politico em outro pais”.

De acordo com a acusação, Patrícia se passou por uma advogada de imigração capaz de ajudar clientes estrangeiros a obter vistos E-2 e EB-5 para os Estados Unidos. O programa EB-5 proporciona residência permanente legal e possível cidadania, se um cidadão estrangeiro investir fundos substanciais – normalmente, um mínimo de 1 milhão de dólares – em empresas qualificadas que criam empregos nos Estados Unidos.

Em setembro de 2021, Patrícia teria enviado um acordo de retenção legal a uma vítima para obter ajuda na obtenção de vistos EB-5 para os pais dela. A vítima fez dois pagamentos iniciais totalizando mais de US$ 135.000. Segundo a brasileira, o dinheiro iria para um projeto de desenvolvimento imobiliário no Texas que se qualificava para o programa EB-5.

Apesar disso, na realidade, o dinheiro teria ido para a conta bancária pessoal de Patrícia. Em vez de investir o dinheiro conforme prometido, a mulher supostamente usou os recursos para pagar a entrada de sua casa em Arlington, reformas e outras despesas pessoais, como dívidas de cartão de crédito, segundo a Justiça dos EUA.

A brasileira ainda é acusada de atuar ativamente para encobrir o esquema e obter mais dinheiro. Para dar um caráter real à operação fraudulenta, Patrícia teria inventado o número do processo que estaria correndo na Justiça. A mulher ainda teria convencido amigos a se passarem por funcionários do fundo de investimento do Texas — que nunca existiu — em ligações e videochamadas com uma das vítimas. Quando a vítima se recusou a enviar mais dinheiro, Patrícia teria ameaçado os pais dela.

Formalmente, a Patrícia é acusada de fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade agravado. Ela pode pegar uma pena máxima de 20 anos de prisão se for condenada por envolvimento em fraude eletrônica, um máximo de 10 anos se for condenada por transações monetárias ilegais e um mínimo obrigatório de dois anos adicionais de prisão se for condenada por roubo de identidade agravado.

Outro lado
“Meu crime: Peguei documentos de uns norte-americanos safados que me pediram para ser bode expiatório contra os meus e meti o pé. Boa sorte, USA, e contem sempre comigo para estar contra o governo norte-americano. Foram meses de perseguições e falsas acusações”, diz ela.

Procurada pelo Globo para se posicionar sobre o caso, Patrícia Lélis não respondeu.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.