o Temer defende no Twitter uso da palavra “acidente” para se referir a massacre em presídio

Temer-twitter

Após ter sido fortemente criticado nas redes sociais por ter usado a palavra “acidente” para se referir ao massacre ocorrido no Complexo Penitenciário Anísio Jobim e na Unidade Prisional do Puraquequara, em Manaus, o presidente Michel Temer recorreu à página da Presidência da República no Twitter para justificar a expressão. “Sinônimos da palavra ‘acidente’: tragédia, perda, desastre, desgraça, fatalidade”, publicou Temer no final da tarde.

Na manhã de ontem, o presidente se reuniu com ministros do núcleo institucional de segurança, falou pela primeira vez após a tragédia ocorrida entre os dias 1º e 2 de janeiro, e, na ocasião, usou o termo “acidente pavoroso” para descrever o ocorrido e se solidarizar com as famílias dos 60 mortos nos presídios de Manaus.

“Eu quero, em uma primeira fala, mais uma vez solidarizar-me com as famílias que tiveram os seus presos vitimados naquele acidente pavoroso”, disse o presidente, que, apesar de ter se manifestado oficialmente sobre o assunto pela primeira vez, também usou “mais uma vez” em sua frase, como se já estivesse falado anteriormente sobre o assunto.

Pelo dicionário Aurélio, a palavra pode ser usada para “casualidade não essencial, sucesso imprevisto, indisposição repentina que priva de sentido ou de movimento”. Já no dicionário Michaelis, “acidente” pode ser definido por “o que é casual, fortuito, imprevisto”, além de “acontecimento infausto que envolve dano, estrago, sofrimento ou morte; desastre, desgraça”.

Plano conhecido

De acordo com reportagem do jornal O Globo, um relatório mostra que a Polícia Federal do Amazonas sabia há mais de um ano que criminosos da facção Família do Norte (FDN), ligada ao Comando Vermelho, planejavam exterminar “todos os membros” do grupo ligado ao Primeiro Comando da Capital (facção paulista) presos em Manaus. Nada, porém, foi feito para evitar o massacre, que resultou na morte de 60 presos e na fuga de 184 nos dois primeiros dias de 2017. A informação consta de relatório de mais de 600 páginas que reúne cerca de 800 mil mensagens e chamadas telefônicas de criminosos interceptadas por policiais federais.

O documento foi enviado à 2ª Vara Federal do Amazonas e serviu de base para a PF deflagrar a Operação La Muralla, que cumpriu 127 mandados de prisão e resultou em denúncias por tráfico de drogas e armas, assassinatos e torturas. A Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça, hoje comandado pelo ministro Alexandre de Moraes, que ontem criticou o governo do Amazonas por ter conhecimento da possibilidade de haver uma rebelião e fuga durante as festas de fim de ano, mas não ter avisado o governo federal. “Não foi solicitado nenhum auxílio, seja da Força Nacional, seja de qualquer outro mecanismo”, declarou.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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