OPINIÃO — Desastre Ecológico

Por Maurício Assuero

Não tem como deixar de comentar, e lamentar, o estrago ecológico provocado pelo rompimento da barragem em Mariana – MG que lançou no Rio Doce dejetos industriais cujo vetor – um lamaçal imenso – se arrasta até o mar e já atingiu a cidade de Colatina – ES, distante 550 Km do problema. A imagem das pessoas, em Colatina, recebendo 2 litros de água mineral é de partir qualquer coração. De modo igual, o lamento das pessoas que dependem da pesca, do rio, causa uma dor infinda. Como se pode sobreviver com 2 litros de água? E quem tem filhos pequenos? Como se faz para cozinhar, não apenas em casa, mas nos restaurantes também? No meio de tudo isso, a constatação do prefeito de Mariana que “sem exploração dos minérios, Mariana desaparece”. Já desapareceu, a bem da verdade, tragada pela lama do progresso, pela necessidade do lucro. Definitivamente isso é o que chamamos de mal necessário.

A Samarco se prontificou a arcar com R$ 1 bilhão para ressarcimento das perdas. É pouco para as suprir tantas necessidades porque os efeitos dos danos não se observaram apenas em Mariana, mas se espalharam ao logo do rio e já chegaram noutro estado, avançaram sobre o mar. Nós não estamos falando apenas dos pescadores, dos agricultores, da pecuária que depende das águas, estamos falando das atividades que dependem de água potável! Falamos acima: como ficam os restaurantes, por exemplo?

O debate em torno de uma economia sustentável com respeito ao meio ambiente é antigo. Em vários pontos do país, algumas empresas tiveram que adequar seu sistema de produção por conta da agressão ao meio ambiente. Em Santo Amaro da Purificação (terra de Caetano Veloso) uma empresa produtora de baterias automotivas fechou as portas por conta do chumbo lançado na atmosfera (provocava saturnismo). No passado, tive que inviabilizar um projeto de produção de mel, com mercado certo de venda para a Itália, porque a cerca de 400 metros desse empreendimento funcionava uma empresa de baterias automotivas (cerca de R$ 500 mil jogados pelo ralo).

Não se pode ter um sistema de produção, com nítido risco de impacto ao meio ambiente sem que haja um rigoroso acompanhamento por parte da empresa produtora e das autoridades. Por exemplo: Caruaru é um centro de polo têxtil. Baseado nisso temos um sistema competente de tratamento dos efluentes? Provavelmente, o dano causado pelo despejo desses efluentes não causem o mesmo dano dos minérios, mas nós estamos certos disso ou só achamos que é assim?

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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