OPINIÃO — Dúvidas Dissipadas

O decreto do governo em cortar R$ 10,7 bilhões do orçamento de 2015 (veja bem: 2015) dissipa todas as dúvidas que a gente tinha em relação a recuperação da economia. O corte atinge o peito dos fornecedores que, por conseguinte, terão dificuldades em quitar suas obrigações junto aos seus fornecedores e seus funcionários. Ampliando o círculo a gente vai chegar num ponto que não gostaríamos, de forma, alguma admitir: aumento do desemprego!

Com a nítida redução do PIB (é bom que o ano acabe logo para o PIB não cair mais!), um contingente de desempregados beirando os 9,5 milhões de pessoas, a inflação admitida pelo Banco Central em 9,99% ao ano e o dólar na casa dos R$ 3,90, devemos nos preparar para um ano novo sofrível. Lamentavelmente, o governo insiste em errar quando escolhe onde cortar porque pega na veia de quem não tem culpa e esquece a enorme economia que teria com a redução dos cargos comissionados. Em adição, o governo perdeu o timming do ajuste fiscal. Simplesmente ele não avança para dar aos investidores o real sentido de credibilidade e atrair capital externo.

O fato mais degradante é que “suas excelências” estão preocupadas com o próprio umbigo. O PT apoia Cunha para ele não abrir o processo de impeachment de Dilma e Cunha não faz isso na tentativa de garantir-se como presidente da câmara. Enquanto isso, por baixo da ponte se desloca um lamaçal mais podre do que atingiu a cidade de Mariana, em Minas Gerais, e que se arrastra par o mar no Espírito Santo. Ninguém está preocupado, ou pelo menos não demonstra isso, com a situação do povo. Ao longo do tempo tivemos uma migração de pessoas de classe social mais baixa, para outras mais altas e agora teremos que assistir ao êxodo do retrocesso, com um agravante: as pessoas estão voltando mais endividadas e com emprego ameaçado.

Queríamos iniciar dezembro com notícias mais propícias a este clima de confraternização que nos envolve a cada Natal. Mais o véu de incerteza que nos cobre faz a gente emitir risos acanhados; queríamos falar de como usar coerentemente o 13º salário, mas o que dizer para as pessoas interioranas que trabalham em prefeituras de municípios que dependem, integralmente, do fundo de participação do município ou das transferências sociais, que estão ameaçadas de receberem o 13º, por conta da lei, mas não salário de dezembro?

O melhor mesmo é a gente esquecer Papai Noel e pedir a Papai do Céu que nos ajude a vencer os obstáculos. Acreditar que há minoria preocupada cuja voz e embargada pelos gritos dos errantes e torcer para que o bem vença, sempre e sempre, o mal.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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