No Dia Mundial de Combate ao Câncer, neste domingo (27/11), o oncologista clínico Alexandre Sales, do Núcleo de Oncologia do Agreste (NOA), em Caruaru, Pernambuco, chama atenção para o Novembro Azul – de conscientização e prevenção do câncer de próstata. De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), 65.840 mil novos casos de câncer de próstata devem surgir até o final de 2022. Por isso, a importância da detecção precoce da doença, o que só é possível através de exame periódico, já que ao manifestar sinais, o câncer já pode estar em estágio avançado, diminuindo as chances de cura.
O câncer de próstata, depois dos cânceres de pele não melanoma, que são os tumores mais frequentes, é o mais recorrente entre os homens, como explica o médico Alexandre Sales. Ele destaca que a doença é identificada por meio de exame de dosagem de PSA e que o profissional habilitado para fazer o diagnóstico é o urologista. Após, o oncologista indica o tratamento adequado. “Por existir formas de diagnóstico precoce, temos observado uma diminuição da mortalidade, ao longo do tempo, justamente pelo avanço nos tratamentos para a doença”.
O preconceito em relação à realização de check up periódico com um médico urologista ou clínico geral ainda atrapalha, no entanto, como afirma o oncologista Alexandre Sales. “Por isso campanhas como o Novembro Azul são tão importantes para conscientizar os homens a procurar acompanhamento médico. Isso porque, de uma forma geral, toda doença, quanto mais precocemente diagnosticada, mais fácil se trata e melhores os resultados. O câncer de próstata, por exemplo, quando vem dar sintomas urinários, normalmente já tá bem avançado. Quanto mais avançado estiver, pior vai ser o resultado, a chance de recuperação desta doença”.
O câncer de próstata, assim como outras doenças, apesar de mais comum em pessoas a partir dos 50 anos, atingindo o pico por volta dos 65, teve um aumento em torno de 5% entre homens mais jovens, com 25 a 50 anos de idade. Assim, é preciso ficar atento aos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata: o primeiro deles é a idade (quanto mais velho se fica, maior a probabilidade); o histórico familiar (quando se tem algum parente próximo que já teve a doença, os riscos duplicam) e pessoas da raça negra. Nesses casos, é importante procurar o médico o quanto antes para fazer as avaliações.
Uma vez diagnosticado o câncer de próstata, é preciso fazer o estadiamento para entender se o tumor está no começo ou mais avançado porque para cada estágio da doença, que varia de 1 a 4, sendo esse último quando a doença já se espalhou para outros órgãos, que é a doença metastática. E, para cada caso desse, há um tratamento recomendado. “Para os estágios iniciais, a gente pode fazer desde observação, acompanhando o paciente com PSA, em consultas periódicas; lançar mão de tratamento cirúrgico – feito pelo urologista – e tratamento com radioterapia. Essas, em geral, são as opções indicados, em caso de tumores mais localizados. Os mais avançados, a gente precisa lançar mão de outros tratamentos que envolvem a manipulação hormonal. O câncer de próstata, por exemplo, se alimenta do hormônio masculino da testosterona. Então, a gente pode utilizar remédios para diminuir a testosterona e ajudar no controle da próstata e, nos casos mais avançados, a gente pode utilizar mão de outros tratamentos como quimioterapia , por exemplo”, detalha o médico.
O câncer de próstata impacta coisas que são muito importantes para a qualidade de vida do homem, a exemplo da incontinência urinária (controle sobre a urina), a ereção e a função sexual. Essas são coisas que podem ser impactadas pelo tratamento do câncer de próstata, temporariamente ou definitivamente. Justamente por isso existe grande resistência em relação à prevenção e tratamento da doença, na opinião do oncologista Alexandre Sales. “Isso pode afetar o sistema emocional do paciente, mas quando se trabalha em equipe, a gente tem cuidado em todas essas esferas para que o paciente tenha um bom resultado do tratamento, mantendo a melhor qualidade de vida possível”.
O exame de dosagem do PSA deve ser realizado a cada um ou dois anos, segundo orienta o médico Alexandre Sales. “No SUS (Sistema Único de Saúde), essa ainda não é uma realidade. Por isso, é importante ficar atento aos principais sintomas: jato fraco da urina; esforço para se fazer xixi; levantar várias vezes à noite para se fazer xixi; sangue na urina; além de ardência ao urinar”. A porta de entrada do SUS, na maioria dos municípios, são as UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Por isso, em caso de algum sintoma ou de parente próximo que já tenha tido a doença, é indisponível procurar o médico da família para se fazer uma avaliação ao invés de se esperar por possíveis manifestações de sintomas.