Medicação sem danos é tema da campanha 2022 da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Dia Mundial da Segurança do Paciente, celebrado em setembro. Esse é um assunto de extrema importância, uma vez que os medicamentos fazem parte do cotidiano das pessoas e são de interesse geral, independentemente da idade, sexo ou condição socioeconômica de cada uma. Por isso, o farmacêutico oncológico Victor Emanoel, do Núcleo de Oncologia do Agreste (NOA) traz algumas orientações.
O tratamento oncológico é repleto de desafios tanto para o paciente quanto para a equipe multidisciplinar responsável pelo atendimento. Para aumentar a conscientização sobre o uso seguro de quimioterápicos, é necessário que a equipe multidisciplinar das unidades de saúde identifique todas e quaisquer oportunidades para melhorar o gerenciamento de riscos durante a prescrição, armazenamento, preparação e administração dessas medicações.
O farmacêutico oncológico Victor Emanoel alerta que há respostas diferentes quando as pessoas são tratadas pelos mesmos medicamentos. “Por isso, é preciso o monitoramento da ação de cada medicamento, obtendo, dessa maneira, o máximo de dados sobre seus efeitos. Quanto mais as informações são coletadas e analisadas, maior será o conhecimento sobre cada tratamento, resultando em maior ganho para os pacientes. Porém, esses mesmos remédios que salvam vidas, podem causar sérios danos se forem prescritos, dispensados, administrados ou armazenados de maneira incorreta”.
Reduzir as vulnerabilidades do sistema é diminuir os elos da corrente que podem contribuir com o surgimento de situações perigosas durante a administração de medicamentos quimioterápicos. O farmacêutico oncológico considera: “as soluções que serão infundidas no paciente precisam estar em consonância com as diretrizes da prescrição médica. Se estiver com quantidade menor que a necessária, o tratamento não terá efeito; se tiver quantidade maior que a necessária, pode colocar a vida do paciente em risco; casoum medicamento que seria para um paciente seja administrado em outro, provavelmente as consequências serão preocupantes”.
Logo, é preciso que aconteça um engajamento da equipe multidisciplinar nas ações que as competem, como indica Victor Emanoel. “Os componentes da equipe precisam estar bem alinhados e cientes de que um descuido cometido pode originar consequências imprevisíveis para o paciente. As circunstâncias fomentadoras para que ocorra um erro operacional são as mais diversas”. O profissional acrescenta que um problema de comunicação, por exemplo, entre integrantes da equipe ou setores assistenciais pode criar um sistema propício para o surgimento de riscos que envolvam a segurança do paciente.
Em virtude da importância do tema, em 2013 a Resolução RDC nº 36, de 25 de julho, determinou que todos os estabelecimentos de saúde possuam implementado o Núcleo de Segurança do Paciente (NSP). Na área oncológica, o NSP pode contribuir com a equipe multidisciplinar em ações que visem aumentar a integridade dos processos assistenciais, o que certifica a diminuição de falhas existentes e traz, portanto, mais segurança para o paciente.
Para que os riscos aos pacientes oncológicos sejam minimizados, podem ser adotadas ações como padronização dos protocolos de quimioterapia; exigência de fundamentação teórica que justifique prescrições fora dos modelos padronizados; definição de processos para comunicar alterações e atualizações das prescrições; assim como a inclusão da dose específica do paciente em todas as prescrições de quimioterápicos.
Quem também pode ter contribuição fundamental na questão da segurança e auxílio à equipe multidisciplinar são os pacientes e acompanhantes, como frisa o farmacêutico. “É preciso orientá-los e explicar possíveis reações adversas envolvidas com a infusão de determinados medicamentos, pois eles podem contribuir com seus relatos para que ocorram notificações de eventos adversos, refletindo em ações de farmacovigilância, que acompanharão os medicamentos analisados e seus efeitos”.
Para que tudo isso aconteça, entre outras ações, não menos importante, é a criação de uma cultura de compartilhamento da responsabilidade e a implementação de políticas e normas institucionais para a validação de processos internos que reflitam na segurança do paciente. “Essa é uma verdadeira obrigação que todos os componentes da equipe multidisciplinar devem adotar: a garantia da segurança do paciente em todo o processo do cuidado assistencial”, finaliza o farmacêutico oncológico do NOA, Victor Emanoel.