Covid-19: Brasil soma 588 mortes em 24 horas

O Brasil registrou, desde o início da pandemia, 29.249.903 casos confirmados de covid-19, segundo o boletim epidemiológico divulgado nesta quinta-feira (10) pelo Ministério da Saúde. O número total de mortes pela doença é de 654.086.

Em 24 horas, foram registrados 56.635 casos. No mesmo período, foram confirmadas 588 mortes de vítimas do vírus.

Segundo o mesmo boletim, 27.556.598 pessoas se recuperaram da doença e 1.039.219 casos estão em acompanhamento.

Estados

São Paulo é o estado que tem mais casos, com 5,1 milhões, seguido por Minas Gerais (3,25 milhões) e Paraná (2,37 milhões). O menor número de casos é registrado no Acre (123,1 mil). Em seguida, aparece Roraima (154,4 mil) e Amapá (160,1 mil).

Em relação às mortes, São Paulo tem o maior número de óbitos (165.878), seguido de Rio de Janeiro (72.093) e Minas Gerais (60.153). O menor número de mortes está no Acre (1.987), Amapá (2.116) e Roraima (2.137).

Boletim epidemiológico 10.03.2022
Boletim epidemiológico 10.03.2022 – Ministério da Saúde

Vacinação

Até hoje, foram aplicadas 382,7 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, sendo 170,4 milhões com a primeira dose e 146,7 milhões com a segunda dose. A dose única foi aplicada em 4,7 milhões de pessoas. Outras 58,3 milhões já receberam a dose de reforço.

Congresso derruba veto de Bolsonaro à Lei de Dignidade Menstrual

De autoria da deputada federal Marília Arraes (PT), legislação é um marco na criação de uma política pública permanente para garantir saúde e dignidade para milhões de brasileiras

Em sessão histórica nesta quinta-feira (10), o Congresso Nacional aprovou a derrubada do veto presidencial de número 59 – que tratava sobre supressão de artigos da Lei de Dignidade Menstrual, que instituiu o programa de distribuição gratuita de absorventes para mais de 5,6 milhões de mulheres em todo o Brasil. A deputada federal Marília Arraes (PT), autora da lei, comemorou mais essa vitória no Congresso. “Foi uma luta árdua contra o machismo, a misoginia, a falta de respeito às mulheres. Mas conseguimos! A derrubada desse veto fez parte de uma grande articulação dentro do Congresso. Foi uma vitória das mulheres brasileiras, que terão mais dignidade a partir de agora. Nossa luta continua. Agora é cobrar a imediata regulamentação e o início efetivo do programa”, afirma a deputada.

A derrubada do veto só foi possível graças ao apoio irrestrito da bancada do PT, dos líderes dos mais variados partidos, de toda a bancada feminina e de dezenas de entidades e representantes da sociedade civil. A Lei 14.214/2021 possibilitará o acesso a produtos de higiene menstrual para estudantes carentes da rede pública de ensino, detentas, adolescentes em cumprimento de medida sócio educativa e mulheres em situação de rua. A legislação instituiu ainda o Programa Nacional de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, responsável pela disseminação de informações sobre a saúde da mulher e seu corpo.

Durante reunião do colégio de líderes realizada ainda no ano passado, o grupo confirmou a decisão coletiva de se unir em torno do tema e garantir a derrubada do veto através de um acordo de líderes. “Estamos vivendo um momento histórico para as mulheres de nosso país e por isso mesmo não poderia deixar de enfatizar e reconhecer o empenho de tantos parlamentares que estiveram conosco, lado a lado, neste processo. Não posso nominar todos por isso quero estender meus agradecimentos através da deputada Jaqueline Cassol, relatora do PL na Câmara, da senadora Zenaide Maia, relatora da matéria no Senado, do deputado Arlindo Chinaglia, líder da minoria no Congresso, e Celina Leão, coordenadora da Secretaria da Mulher na Câmara.”

Lei da Dignidade Menstrual

Com a entrada da lei de autoria da deputada Marília Arraes em vigor, o Brasil passará a ter, pela primeira vez na história, um programa destinado à proteção e promoção da saúde menstrual. Em 2019, a deputada pernambucana apresentou a primeira iniciativa de combate à pobreza menstrual na Câmara, com o foco na distribuição gratuita de absorventes para estudantes, em situação de vulnerabilidade, de escolas públicas de todo o país.

No último mês de agosto de 2021, a matéria foi aprovada por unanimidade no plenário da Câmara, com relatoria do substitutivo da deputada federal Jaqueline Cassol (PP/RO). No Senado, o projeto foi relatado pela senadora Zenaide Maia (PROS/RN) e também aprovado por aclamação no mês de setembro.

Precariedade

Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Diante da falta de condições de adquirir produtos de higiene menstrual milhares de brasileiras acabam recorrendo a produtos inadequados, que trazem riscos e prejuízos à saúde.

Em maio de 2020, o Banco Mundial publicou um artigo lembrando que os períodos menstruais não foram interrompidos pela pandemia da Covid-19 – pelo contrário, a pandemia exacerbou os desafios enfrentados por milhões de mulheres e jovens na lida com suas necessidades menstruais desassistidas e agravou o sentimento internalizado de vergonha que essa desassistência acarreta em sua vida diária.

No documento, o BM propõe que as necessidades menstruais fossem consideradas nas políticas e intervenções de resposta à emergência sanitária e informando que a instituição continuava a implementar seus esforços para proporcionar higiene menstrual segura a essas mulheres e jovens.

Menstruar na escola

Diante do pouco dinheiro para produtos básicos de sobrevivência, são as adolescentes o alvo mais vulnerável à precariedade menstrual. Isso porque sofrem com dois fatores: o desconhecimento da importância da higiene menstrual para sua saúde e a dependência dos pais ou familiares para a compra do absorvente, que acaba entrando na lista de artigos supérfluos da casa.

A falta do absorvente afeta diretamente o desempenho escolar dessas estudantes e, como consequência, restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, do IBGE, revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos que deixaram de fazer alguma atividade (estudar, realizar afazeres domésticos, trabalhar ou até mesmo brincar) por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data da pesquisa, 2,88% delas deixaram de fazê-la por problemas menstruais. Para efeitos de comparação, o índice de meninas que relataram não ter conseguido realizar alguma de suas atividades por gravidez e parto foi menor: 2,55%.

Dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada dez meninas faltam às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes.

Segundo a PNS 2013, a média de idade da primeira menstruação nas mulheres brasileiras é de 13 anos, sendo que quase 90% delas têm essa primeira experiência entre 11 e 15 anos de idade. Assim, a maioria absoluta das meninas passa boa parte de sua vida escolar menstruando. Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula, por ano letivo, como revela o levantamento Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil. “O ato biológico de menstruar acaba por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Não podemos admitir que isso continue acontecendo”, destacou Marília Arraes.

Mulheres encarceradas

Atualmente, o Brasil registra mais de 37 mil mulheres presas, segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Na maioria das unidades prisionais espalhadas pelo país, o kit de higiene distribuído é o mesmo para mulheres e homens. Apenas algumas unidades disponibilizam absorventes para as presidiárias e mesmo assim em uma quantidade muito pequena, que não atende às suas necessidades. “Estar privada de liberdade em função do cumprimento de uma pena não significa ter que ser privada de dignidade”, concluiu a parlamentar.

Pressão faz Mesa Dirtetora retirar PL que reajusta o piso salarial dos professores

O presidente da Casa, Bruno Lambreta (PSDB), anunciou, na Sessão Ordinária da quinta-feira (10), a retirada do Projeto de Lei nº 9.242/2022 da pauta do dia. A matéria trata do reajuste do piso salarial dos professores. Os edis justificaram que a decisão foi
tomada para que a categoria e os poderes Legislativo e Executivo, possam  chegar a um acordo.

“Em respeito às nobres professoras e nobres professores que estão, legitimamente, aqui, ocupando as galerias, gostaria de comunicar que a Mesa Diretora, em sintonia com a bancada de situação e oposição, tomou a decisão de retirar o projeto da pauta de hoje”, declarou Bruno Lambreta (PSDB).

Lula Torres (PSDB) ressaltou que a decisão da Mesa foi de fato para que os professores, o Executivo e o Legislativo cheguem a um consenso. De acordo com ele, se o PL fosse rejeitado em plenário, hoje, ele só poderia ser apresentado novamente no próximo ano. A matéria tinha grandes chances de ser derrotada, já que a maioria das cidades no entorno e a Capital, deram percentuais bem maiores do que os oferecidos em Caruaru.

“Em nome da oposição, eu espero que a gestora do nosso município retire esse projeto que está em pauta para negociar com os professores e que na próxima semana, quando ele voltar ao plenário, seja para beneficiar toda a classe de professores”, afirmou Fagner Fernandes (PDT).

Covid-19 e Influenza A: boletins diários da Secretaria de Saúde – 10.03.22

A Secretaria de Saúde de Caruaru informa que, até esta quinta-feira (10), foram registrados 45.602 casos de Covid-19, sendo 43.523 leves, 16 novos casos e 737 óbitos. Já de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), foram registrados 2.079 casos. Nenhum novo óbito foi registrado hoje.

Foram confirmados também 657 casos para a Influenzavírus A, subtipo H3N2, sendo 596 casos leves e 61 casos graves. Nenhum novo caso foi confirmado hoje. Não há registro de óbito pela doença no município, até o momento.

Fontes:

Ministério da Saúde (e-SUS Notifica, MS – Casos Leves até 09/03/2022)

Cievs PE – Secretaria Estadual de Saúde (Notifica PE – Cievs PE – Casos Graves e Óbitos até 09/03/2022).

Armando Monteiro diz que Raquel Lyra vai construir uma nova agenda e devolver a liderança ao estado

“Raquel está sendo convocada por expressivas forças sociais e políticas, para, na condição de candidata ao Governo de Pernambuco, oferecer uma agenda renovada que devolva esperança aos pernambucanos e que reconcilie o nosso estado com a sua vocação de liderança e crescimento”, escreveu o ex-senador Armando Monteiro, em redes sociais nesta quinta, 10.

Relembrando um ano da posse de Raquel Lyra à frente da presidência do PSDB Pernambuco, Armando também reforçou que a tucana “protagonizou um debate sobre o futuro de Pernambuco percorrendo o estado de ponta a ponta conhecendo melhor as realidades locais num contato direto com a população”.

O ex-senador também registrou que o PSDB Pernambuco ampliou “quadros partidários que atenderam o nosso chamamento, o que nos assegurou nesta nova etapa a formação de chapas competitivas que irão disputar vagas na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal”, destacou.

Guarda Municipal de Caruaru recupera material furtado na Via Parque

Na madrugada desta quinta-feira (10), a equipe da Guarda Municipal de Caruaru (GM) recebeu a informação que havia três homens furtando fios na Via Parque, próximo ao INSS. Após a chegada da equipe no local, foi feita a abordagem aos suspeitos, porém eles fugiram, abandonando uma carroça com o material do furto e um alicate.

Após o acompanhamento tático da área, a GM conseguiu localizar um adolescente que estava na ocorrência. Ele foi conduzido à delegacia e já tem passagem pela Funase por tráfico de drogas.

IEL seleciona para vaga de estágio de Química em Caruaru

O Instituto Euvaldo Lodi (IEL) está selecionando estudantes de nível superior do curso de Química para oportunidade de estágio em Caruaru. Para concorrer a vaga, é preciso estar cursando a partir do quinto período da graduação e ter disponibilidade para estagiar de segunda a sexta das 8h às 12h e de 13h às 15h. A remuneração será de R$ 827 + R$ 170 de auxílio transporte. Os interessados devem enviar seus currículos constando o nome do curso, período e turno para caruaru@ielpe.org.br com o assunto: “Química/ Caruaru”.

Sistema FIEPE – Mantido pelo setor industrial, atua no desenvolvimento de soluções para trazer ainda mais competitividade ao segmento. Além do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-PE) – que tem foco na carreira profissional dos trabalhadores, desde a seleção de estagiários e profissionais, até a capacitação deles realizada pela sua escola de negócios – conta ainda com a FIEPE, o SESI e o SENAI. A Federação realiza a defesa de interesse do setor produtivo e contribui com o processo de internacionalização das indústrias. Pelo SESI-PE, são oferecidos serviços de saúde e educação básica para os industriários, familiares e comunidade geral. Com o SENAI-PE, além de formação profissional, são oferecidos os serviços de metrologia e ensaios, consultorias e inovação.

Polícia Federal faz operação contra fraudes na Caixa Econômica

A Polícia Federal deflagrou hoje (10) a Operação Anakin para desarticular organização criminosa que pratica fraudes bancárias e invasões cibernéticas aos sistemas da Caixa Econômica Federal. Foram presas quatro pessoas e cumpridos oito mandados de busca e apreensão em São Paulo.

Os criminosos obtinham dados e acesso a contas bancárias, fazendo emissão de cartões de crédito para compras, pagamentos e saques.

Além de ter escritórios, empresas, equipamentos de informática e mão de obra altamente qualificada, os envolvidos nos crimes contavam com a ajuda de um funcionário dos Correios para repassar os cartões fraudados. Estima-se que o prejuízo tenha sido de R$ 140 milhões.

Agência Brasil

Secretaria de Saúde de Caruaru intensifica o programa Gestante Segura

O programa Gestante Segura, que busca prevenir as arboviroses em gestantes domiciliadas em Caruaru, foi implantado em 2016, e, desde então, vem realizando visitas às residências das gestantes, onde são feitas vistorias no imóvel para detecção do foco do mosquito Aedes aegypti e dar orientações para uma gestação segura. Do início do programa até agora, mais de 10 mil grávidas já receberam acompanhamento.

Esse acompanhamento é fundamental para previnir arboviroses e suas possíveis complicações, tanto para a mãe quanto para o bebê. Em Caruaru, no mês de janeiro de 2022, foram notificados 28 casos de dengue, 28 de Chikungunya e nenhum de Zika Vírus. Já no mês de fevereiro, apenas um caso de dengue foi notificado.

As arboviroses, como dengue, Chikungunya e Zika, são doenças epidêmicas transmitidas pela fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti. Devido ao surgimento de novas doenças, a exemplo da Covid-19 e da Influenza H3N2, que podem gerar confusão na população quanto ao diagnóstico, muitas pessoas deixam de procurar as unidades de saúde, gerando subnotificações.

O médico Paulo Gustavo explicou que, no início, é difícil diferenciar que tipo de doença o paciente pode estar acometido, uma vez que são muito parecidas entre si. Mas reforçou sobre a gravidade da doença entre as gestantes.

“Uma das consequências mais importantes da contaminação por arbovírus durante a gestação é a síndrome congênita, conhecida como microcefalia, causada pelo Zika vírus. Mas ela não é a única alteração que a doença pode trazer. Alguns bebês podem desenvolver hidrocefalia, que é um aumento na quantidade de líquido no cérebro, que pode fazer com que a cabeça do bebê cresça além do normal”, disse.

Outras consequências da infecção da síndrome congênita ligada ao Zika vírus que podem ser transmitidas ao bebê, em menor ocorrência, são as calcificações e as alterações do córtex cerebral, bem como outras mais leves, a exemplo de atraso no desenvolvimento, dificuldades no aprendizado e atraso na fala.

O médico falou ainda sobre como as gestantes podem evitar a contaminação. “A prevenção se dá com a erradicação do vetor, evitando criadouros do mosquito Aedes aegypti. Um outro cuidado é o uso regular de repelentes. É importante lembrar que não pode ser qualquer repelente. É necessário ser produtos específicos para a gestação e com uso sob orientação médica”, explicou.

Sem condições de evitar alta nos combustíveis, governo tenta avançar PLs

22/10/2021 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia – DF Ministério da Economia. Coletiva do Presidente Jair Bolsonaro com o Ministro da Economia Paulo Guedes.

Após mais um dia de reuniões sem consenso para evitar o aumento dos preços dos combustíveis, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, considerou uma vitória o novo adiamento da votação dos projetos de lei que tratam do assunto no Senado Federal.

A equipe econômica tenta uma saída em que todos arquem com os custos e não apenas o governo federal, mas sem interferir na política de paridade de preços internacionais da estatal. A ala política do governo e o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda insistem nos subsídios e no congelamento dos preços, medida que Guedes considera coisa de “maluco”.

Sem uma solução à vista, a estratégia do governo é ganhar tempo o máximo possível para criar um subsídio temporário, que pode ter um custo mensal de R$ 12 bilhões para o governo federal, para evitar os repasses nas bombas. O choque nos preços das commodities por conta da guerra no Leste Europeu tem feito o mercado elevar as projeções de inflação — que já estão acima do teto da meta, de 5% — e da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,75%, que passou a ter um piso de 13%, em dezembro.

Pelas contas de Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, “um reajuste de 25% nos preços dos combustíveis implicará em alta de 1 ponto percentual no IPCA” deste ano.

Os dois projetos relatados pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN) buscam medidas para conter a alta dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha e estão na pauta do plenário desta quinta-feira. A sessão está prevista para começar às 10h. O horário é o prazo limite para entrega de emendas para os dois textos. O primeiro, o PLP 11/2020, muda a metodologia de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis, criando uma alíquota fixa e monofásica, e amplia a previsão para o auxílio gás para R$ 3,4 bilhões.

O segundo, o PL 1472/2021, implementa a Conta de Estabilização de Preços (CEP), com recursos provenientes, por exemplo, da tributação sobre a exportação do petróleo quando o barril ultrapassar US$ 45. A sugestão do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda e Finanças dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), de incluir a proposta do auxílio gás no PL 1.472, não foi acolhida pelo relator. Segundo ele, as mudanças feitas no substitutivo do PLP 11 “não implicam prejuízo aos orçamentos estaduais”.

Presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez um apelo em favor do entendimento. “Eu quero muito ter a colaboração de todas as bancadas, dos governadores dos estados, do governo federal. É muito importante cada um ceder um pouco pra gente poder ter soluções em relação a esse tema”, disse.

Após se reunir, na manhã de ontem, com Pacheco e Prates, Guedes sinalizou apoio apenas para o PLP 11. Mas, na reunião da tarde, o ministro recuou, ante o dissenso na cúpula do governo Bolsonaro. Segundo assessores, o Planalto vai esperar o resultado da votação dos projetos de Prates no Senado.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) defendeu que subsidiar os combustíveis com recursos da Petrobras e do próprio governo seria a melhor alternativa. Membros da equipe econômica reconhecem que é possível reduzir uma parte da margem de lucro da estatal, “desde que não prejudique a saúde financeira da empresa”.

Entre os aliados, o clima é de expectativa. O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), ressaltou que o governo tem acordo para votar apenas o PLP do ICMS. “Os governos estaduais apresentaram uma proposta de última hora e eu não conheço, nós [governo] não conhecemos e por isso não vamos votar”, disse. “Mas vai votar amanhã, mesmo que tenha que votar destaques”, acrescentou. Sobre o PL [da conta de estabilização] não tem acordo com o governo federal, mas vamos votar independentemente”, disse.

Para André César, cientista político, sócio da Hold Assessoria, a indefinição expressa o amadorismo por parte do governo. “O Planalto está correndo atrás porque, se for repassar a paridade do combustível, vai chegar a R$ 12 o litro. É muito pesado, tem impacto político eleitoral pesadíssimo, além do impacto inflacionário no resto, como o trigo. É bola de neve avassaladora”, acrescentou. Roberto Padovani, economista do banco BV, observou que a ideia do fundo de compensação é “boa no papel, mas ruim na prática”. “Não se sabe por quanto tempo vai ter um desvio de preço, qual a intensidade de elevação e o período de tempo em um momento em que o governo está aumentando a sua dívida”, alertou.

Barril de petróleo cai 13,1%
Os contratos futuros do petróleo fecharam a sessão de ontem com forte queda, com os investidores demonstrando um certo alívio depois que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sinalizar que poderia abrir mão de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A expectativa de um cessar-fogo e o aumento da oferta do produto também ajudou para esse tombo nos preços do barril. Ontem, membros da Agência Internacional de Energia liberaram 62,7 milhões de barris de maneira emergencial de seus estoques.

O barril do petróleo tipo Brent, negociado em Londres e utilizado como referência da Petrobras, para entrega em maio, recuou 13,16%, ontem, e encerrou o pregão cotado a US$ 111,14.

Nas bolsas internacionais, os investidores buscaram ativos de risco, em busca de ativos baratos e juros elevados, como o Brasil, ajudando o dólar a ensaiar um patamar abaixo de R$ 5. O Ìndice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou o dia com alta de 2,43%, a 113,9 mil pontos.

Com a sinalização de Zelenski de que estaria preparado para fazer concessões em favor de uma trégua, as principais bolsas da Europa fecharam com altas mais robustas. O índice Stoxx 600, por exemplo, subiu 4,68%. A bolsa de Londres fechou em alta de 3,25%. Já a bolsa de Frankfurt, na Alemanha, disparou 7,92%. Paris avançou 7,13%.

Há um consenso de que o endurecimento das sanções à Rússia contribuiu para melhorar as expectativas de um cessar-fogo, já que a economia russa é muito mais dependente das exportações de commodities e precisa delas para importar. Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, pontuou que a queda do petróleo ocorreu devido à expectativa do mercado para alguma saída diplomática entre Rússia e Ucrânia. Mas considerou que a reaproximação dos EUA com a Venezuela não teve tanto impacto no mercado ontem.

A economista e consultora financeira autônoma Catharina avalia que a forte oscilação dos mercados, nos últimos dias, deve pressionar os preços globais. “A população global passa por um processo de busca por recuperação de sua produção pré-pandemia, e, com o atual choque de oferta de commodities, há uma perspectiva de uma inflação mais dolorida, pois o petróleo afeta toda a cadeia produtiva”, destacou.

“Quando há uma alta assim nessa commodity, impacta no preço dos alimentos, da produção interna e, como consequência, na inflação sentida no bolso de pequenos consumidores e empresas”, acrescentou.

Mercado mantém otimismo
A expectativa de um possível cessar-fogo dos russos na Ucrânia encheu o mercado internacional de otimismo. Por sua vez, o Brasil, um dos principais mercados emergentes procurados pelos investidores internacionais com apetite ao risco, viu o real voltando a se valorizar.

No fim da manhã de ontem, o dólar chegou a ficar abaixo de R$ 5, cotado a R$ 4,985. Mas a divisa norte-americana não conseguiu se manter nesse patamar e encerrou o pregão a R$ 5,011 para a venda, com queda de 0,84% em relação à véspera. Foi a segunda sessão seguida de perdas para a moeda norte-americana enquanto as bolsas de valores, inclusive a do Brasil, fecharam no azul.

Fontes da equipe econômica continuam otimistas com o volume crescente de investimentos externos, em busca de juros cada vez mais elevados dos títulos públicos e dos ativos baratos da Bolsa. “O Brasil é um dos mercados mais atraentes para esse tipo de investidor”, destacou um integrante do governo.

Selic a 14%
Para Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, apesar da queda do petróleo e da alta das bolsas internacionais e da B3, ainda não é possível vislumbrar o dólar abaixo de R$ 5 por um período mais prolongado, apesar do fluxo favorável de capital estrangeiro para o país. “A busca de uma solução diplomática para a guerra na Ucrânia melhorou o humor do mercado, que está reagindo a uma antecipação do recuo da Rússia. A expectativa é de que a guerra pode acabar rápido”, explicou.

Segundo o Banco Central, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 507 nos primeiros quatro dias de março. Desde janeiro, a entrada líquida de dólares no país somou US$ 8,340 bilhões. Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembrou que esse cenário positivo para o dólar é reflexo de uma perspectiva ruim para o consumidor, porque, como a inflação tende a subir por conta do choque de preços das commodities provocado pela guerra, o mercado está se antecipando para uma taxa de juros acima de 13% ou de 14% no fim do ano.

“O carry trade (diferença entre os juros pagos daqui e os lá de fora) está voltando, e isso ajuda a explicar o real valorizado”, comentou Cruz. “Diante do choque de preços do petróleo, o ciclo de alta de juros, que terminaria em 12,25%, já começa a ficar acima de 13% e pode ficar bem acima desse patamar, dependendo dos próximos indicadores de inflação”, alertou.

Correio Braziliense