Cabo: “Inelegibilidade de Lula Cabral é a justiça sendo feita”, dispara vice-prefeito Arimatéia

A notícia da inelegibilidade do ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral, confirmada após a divulgação da lista de gestores com contas rejeitas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) foi recebida pelo vice-prefeito de Cabo de Santo Agostinho, Professor Arimatéia (PT), como “algo já esperado”, pois segundo ele, “é a Justiça sendo feita”. Candidato à reeleição na chapa de Keko do Armazém, pela aliança “União pelo Bem do Cabo”, Arimatéia foi o autor da denúncia que levou à investigação e prisão de Lula Cabral, em 2018, pelo desvio de R$ 92,5 milhões do Instituto de Previdência Municipal, o CaboPrev.

Condenado por ter desviado recursos milionários do CaboPrev no escândalo batizado de “Operação Abismo” da Polícia Federal, Lula Cabral, passou um ano na prisão e chegou a retornar à Prefeitura com tornozeleia eletrônica. “Fico feliz em saber que a Justiça está acompanhando isso, e ele (Lula Cabral), certamente terá muitas dificuldades de registrar sua candidatura, uma vez que essa lista é apresentada pelo TCE ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que analisa o registro de candidaturas”, sinaliza o vice de Keko, que no último dia 04 homologou a candidatura da chapa, numa convenção partidária histórica, reunindo cerca de 15 mil pessoas em Ponte dos Carvalhos

De acordo com Arimatéia, Lula Cabral não está apto a exercer cargo político, em função das suas improbidades e rejeição de contas, que prevêm a sua inelegibilidade. “Vamos esperar esse decorrer, tendo a certeza de que a Justiça será feita e o ex-prefeito Lula Cabral, sequer será candidato em função de tudo o que fez”, adverte. “O Tribunal está fazendo apenas a sua obrigação, mas quero dizer que fico satisfeito porque a Justiça está sendo feita nesse momento”, comemora.

Recurso Negado

Na tentativa de se livrar da inelegibilidade, Lula Cabral chegou a pedir no TJPE (Tribunal de Justiça de Pernambuco) a anulação da decisão da Câmara, que votou por 20 votos e uma abstenção, pela rejeição das suas contas de 2017, e teve negado o pedido e foi multado pelo TJPE por “insistência temerosa de recurso”. “O TJPE rejeitou, por unanimidade, recurso e manteve a decisão da Câmara Municipal, que reprovou, em 2022, as contas de 2017, quando ele era prefeito”, frisou o vice-prefeito do Cabo.

Segundo Arimatéia as respostas recentes da Justiça à situação vivenciada pelo município do Cabo nessas eleições são imprescindíveis para que a população possa ver o fim dos atos corruptos do ex-gestor e encerre esse período vergonhoso para a cidade. “Ele deveria ter se eximido disso, sabendo de tudo o que fez, se não fosse tão cínico e arrogante. Deveria ter se recolhido a sua insignificância por tudo o que fez, e pedido perdão, deixando o povo do Cabo livre disso, mas ele insiste em continuar querendo ser ator dos demandos na cidade”, dispara.

“Na verdade já esperávamos esse desfecho. Todos os anos antes do processo eleitoral, o TCE, cuidadosamente, emite uma relação dos gestores improbos, os chamados fichas sujas. Na eleição desse ano, mais uma vez, assim como aconteceu em 2022, o ex-prefeito, Lula Cabral, entra nessa lista como um gestor que comete o crime de improbidade administrativa, tendo as contas rejeitadas em 2017 em função de todos os demandos, que o mundo todo conhece, os desvios do CaboPrev”, remonta.

“Acreditamos na legitimidade do Tribunal de Contas e com certeza da aceitação do TRE, que serão sufucientes para garantir que não tenhamos uma figura tão perigosa que possa vir de novo a gerir as finanças do Cabo de Santo Agostinho”, finaliza. “A Justiça já reconheceu e nada melhor do que isso”, reforça.

Banco Central comunica exposição de dados de 8 mil chaves PIX do BTG

Pix é o pagamento instantâneo brasileiro. O meio de pagamento criado pelo Banco Central (BC) em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia. É prático, rápido e seguro.

O Banco Central (BC) informou, nesta quinta-feira (15), em Brasília, vazamento de dados pessoais vinculados a 8.032 chaves Pix de clientes do Banco BTG Pactual, em razão de falhas pontuais em sistemas da instituição. As informações foram expostas entre os dias 23 de julho e 5 de agosto deste ano.  

Segundo o BC, não foram expostos dados sensíveis como senhas, informações de movimentações, saldos financeiros ou outras informações sob sigilo bancário. As informações vazadas são de natureza cadastral, como nome do usuário, CPF com máscara (com alguns números ocultos), instituição de relacionamento, agência, número e tipo da conta.

Notificação

As pessoas que tiveram seus dados cadastrais vazados serão notificadas por meio do aplicativo ou pela internet banking da instituição. Segundo o BC, não serão usados outros meios de comunicação aos usuários afetados, como aplicativos de mensagens, chamadas telefônicas, SMS ou e-mail.

O BC informou que foram adotadas as ações necessárias para a apuração detalhada do caso e serão aplicadas as medidas previstas na regulação vigente.

Só neste ano, foram registrados oito episódios de vazamento de dados de instituições financeiras. O BC mantém uma página específica em seu site para registrar incidentes de segurança desse tipo.

BTG

Em nota, o BTG Pactual informou “que identificou consultas pontuais, a partir da utilização de números de CPFs obtidos fora do sistema do banco, que permitiram a visualização unicamente dos dados de agência e conta corrente vinculados a esses respectivos CPFs”.

O banco afirmou ainda que restringiu o acesso a essas informações imediatamente.

“O BTG Pactual reforça que não houve nenhuma invasão a nenhum sistema do banco, e que não foram expostos dados sensíveis, como dados cadastrais, senhas e outros dados sigilosos. O BTG Pactual reforça, ainda, que a segurança das informações é prioridade e está disponível em caso de dúvidas em seus canais de atendimento”, diz a nota.

TSE recebe lista de 9,7 mil pessoas com contas irregulares

O Tribunal de Contas da União (TCU) entregou nesta quinta-feira (15) à Justiça Eleitoral uma lista com os nomes de 9,7 mil pessoas que tiveram contas julgadas irregulares nos últimos oito anos. A entrega foi feita pelo presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) . 

Com base nas informações, os juízes eleitorais de todo o país poderão analisar se candidatos que estão entre os citados na lista poderão concorrer às eleições municipais de outubro.

O levantamento envolve agentes públicos que tiveram as contas de gestão consideradas irregulares pelo tribunal de contas. A irregularidade é uma das causas de inelegibilidade e pode barrar quem pretende participar do pleito.

Os casos envolvem gestores que deixaram de prestar contas, que praticaram atos lesivos e danos aos cofres públicos, além de desvios de recursos.

Pela Lei de Inelegibilidade, não pode se candidatar quem tiver as contas relativas ao exercício de cargos e funções públicas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa e por decisão irrecorrível.

O primeiro turno das eleições será no dia 6 de outubro. O segundo turno da disputa poderá ser realizado em 27 de outubro nos municípios com mais de 200 mil eleitores, nos quais nenhum dos candidatos à prefeitura atingiu mais da metade dos votos válidos, excluídos os brancos e nulos, no primeiro turno.

STF valida lei obrigando indicação de velocidade da internet na fatura

televisão

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quinta-feira (15), em Brasília, validar a lei de Mato Grosso do Sul (MS) que obriga as operadoras de telefonia do estado a fornecer informações sobre a entrega diária da velocidade da internet.

A determinação está prevista na Lei Estadual 5.885/2022 e foi contestada no STF pela Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint). A norma prevê que as prestadoras de serviços de internet devem indicar a entrega diária de velocidade de recebimento e envio de dados na fatura pós-paga mensal.

Para a entidade, a lei é inconstitucional e viola os princípios constitucionais da livre iniciativa e interfere nas relações contratuais entre particulares.

“Todos os serviços (TV por assinatura, telefonia, internet e assemelhados) se afiguram como espécie de serviços de telecomunicações, cuja competência privativa para legislar é da União”, afirmou a associação.

Constitucionalidade

Por 8 votos a 3, a constitucionalidade da lei foi decidida com base no voto do relator, ministro Alexandre de Moraes.

Para ele, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), norma federal, determina que as empresas devem fornecer informações claras sobre os produtos e serviços.

“É direito do consumidor, genericamente previsto no CDC, e foi estabelecido de maneira específica pela lei de Mato Grosso”, afirmou.

Durante a tramitação do processo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) também se manifestou contra a ação.

“Verifica-se que não há nenhuma inconstitucionalidade formal da Lei 5.885/2022 do estado de Mato Grosso do Sul, sobretudo porque a legislação federal de regência e a sua regulamentação não impedem, ou restringem, o fornecimento mensal de informes que demonstrem o registro médio diário da velocidade da internet”, opinou a procuradoria.

Congresso pede ao STF suspensão de decisões de Dino sobre emendas

A Câmara dos Deputados, o Senado Federal e dez partidos políticos apresentaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) (foto) pedido de suspensão das decisões liminares do ministro Flávio Dino que interromperam o pagamento de emendas impositivas ao Orçamento da União.

No pedido, o Congresso questiona a legalidade e a constitucionalidade dos atos monocráticos de Dino e argumenta que as decisões foram proferidas fora de qualquer contexto de urgência que justificasse uma análise isolada e não colegiada.

“As decisões representam uma tentativa de controle de atos concretos da Administração Pública e do Poder Legislativo e causam danos imediatos, diretos e concretos ao interesse público, pois paralisam políticas e obras públicas de suma importância para a população e as gestões estaduais e municipais”, diz o documento.

Transparência

Dino determinou nesta quarta-feira (14), em Brasília, a suspensão da execução das emendas impositivas ao Orçamento da União até que os poderes Legislativo e Executivo criem medidas de transparência e rastreabilidade dos recursos. Para o ministro, a suspensão das emendas é necessária para evitar danos irreparáveis aos cofres públicos. Na semana passada, Flávio Dino também manteve a suspensão das chamadas emendas Pix ao Orçamento da União.

No entendimento das advocacias da Câmara dos Deputados e do Senado e de partidos políticos, as decisões de Flávio Dino causam danos irreparáveis à economia pública, à saúde, à segurança e à própria ordem jurídica, além de violar patentemente a separação de poderes.

O pedido ao STF é assinado pelas Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado e por dez partidos políticos: PL, União Brasil, PP, PSD, PSB, Republicanos, Solidariedade, MDB, PSDB e PDT.

A decisão individual de Flávio Dino será analisada a partir da meia-noite durante sessão plenário virtual da Corte. Na modalidade, os ministros inserem os votos no sistema eletrônico e não há deliberação presencial. O julgamento será encerrado às 23h59 desta sexta-feira (16).

Em Santa Missa, Rodrigo Pinheiro agradece e pede proteção a Deus na véspera de início de campanha

O prefeito de Caruaru e candidato à reeleição, Rodrigo Pinheiro, acompanhou, juntamente com a sua mãe Mércia Pinheiro, a sua vice Dayse Silva, além de secretários municipais, à santa missa em celebração pelo aniversário de 70 anos do Cônego Francisco Xavier, na noite desta quinta-feira (15), na Catedral Nossa Senhora das Dores, no centro da cidade.

Durante a celebração, ele recebeu a bênção do religioso, bem como agradeceu e pediu proteção a Deus, renovando sua fé, já que a partir desta sexta-feira (16), Rodrigo parte para disputa das eleições municipais 2024.

“O momento é de celebração e de agradecimento a Deus por chegarmos a este começo de campanha, com os sentimentos de paz, esperança, respeito, confiança e otimismo para com tudo o que já fizemos e ainda poderemos fazer em prol de Caruaru e de todos os caruaruenses. Que Deus abençoe a todos nós e nossos adversários, neste período importante da história política da nossa cidade!”, destacou Rodrigo.

Lula vai anunciar investimento “pesado” na Fafen, e colocar R$ 4,5 bi na Repar

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que “não tem explicação” a paralisação das operações da Fábrica de Fertilizantes Araucária Nitrogenados (Fafen), no Parará. Em sua avaliação, a interrupção da fábrica foi uma coisa “impensável”.

“Uma fábrica de fertilizantes num país que tem um potencial agrícola gigantesco, num Estado como o Paraná, que tem produção agrícola muito forte, você parar de fazer fábrica de fertilizantes para produzir nitrogenados é uma coisa impensável”, disse o presidente, em entrevista à Rádio T, do Paraná, nesta quinta-feira, 15.

Lula afirmou que, em seu terceiro mandato, vai fazer investimentos para recuperar esse potencial brasileiro.

Hoje, o presidente vai participar da cerimônia de início da retomada das operações da Fafen e vai anunciar investimento “pesado” na fábrica.

A expectativa do chefe do Executivo é que a volta das atividades gere até 2 mil empregos.

Ainda, Lula fará o anúncio de R$ 4,5 bilhões de investimentos na Refinaria do Paraná (Repar) para modernizar e melhorar a qualidade de refino. As duas instalações são ligadas à Petrobras.

Na gestão Rodrigo Pinheiro, mais de 1.000 ruas passaram por melhorias entre pavimentação, calçamento e patrolagem

Caruaru se transformou em um verdadeiro canteiro de obras bem-sucedido, em apenas dois anos de atuação, do prefeito Rodrigo Pinheiro. Neste curto período de gestão, milhares foram as intervenções feitas nas vias locais pelo candidato à reeleição transformando para melhor a vida dos caruaruenses e possibilitando novas realidades de mobilidade e segurança para motoristas e pedestres que trafegaram pelos bairros e comunidades, da zona urbana e rural.

De acordo com o levantamento da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras, no intervalo citado, mais de 300 vias foram pavimentadas ou recapeadas, bem como mais de 150 foram calçadas e mais de 650 passaram por serviço de patrolagem. Já em relação às manutenções feitas em vias calçadas ou asfaltadas com avarias (buracos), em apenas dois anos de gestão, foram mais de 14 mil realizadas beneficiando pessoas como a moradora do bairro Severino Santos, Helena dos Santos.

“A situação aqui era desesperadora, quando chovia muito! O lamaçal tomava conta de todas as casas e o mau-cheiro era insuportável. Faz quase 20 anos que moro no Severino Afonso e nenhum prefeito havia feito absolutamente nada. Agora, temos uma vida mais digna. Agradecemos ao prefeito Rodrigo Pinheiro por ter realizado, o que nenhum político havia feito pelo nosso bairro”, comentou.

Na zona rural, o sentimento também é de satisfação. “Quando se tem vontade de se fazer, as coisas saem do papel! Já tinha perdido até a esperança de ver asfalto por aqui, mas graças a Deus e ao empenho do prefeito, agora, estamos vivendo outra realidade”, elogiou o morador Adauto Silva, sobre a pavimentação asfáltica da estrada que compreende o residencial Vale das Baraúnas até Xicuru, que foi realizada pela gestão Rodrigo Pinheiro.

Lula diz que Marçal “não tem dois minutos de argumento” e defende Boulos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que o seu candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), não deveria “dar importância” para um “cidadão daquele tipo”, em referência indireta ao empresário Pablo Marçal, candidato pelo PRTB.

Os dois trocaram ofensas durante o debate promovido pelo Estadão nesta semana.

O petista afirmou que pessoas como Marçal “não tem dois minutos de argumento para discutir problemas sociais e econômicos”, e que por isso usam as redes sociais para fazer ofensas e propagar mentiras.

— Estou dizendo que chegamos à era do fim do argumento. As pessoas não dão mais importância para o argumento, mas para as bobagens que se fala, porque isso é a grande maioria do comportamento de uma rede que a gente chama de social, mas de social não tem nada, é uma rede digital, onde predomina a mentira, fake news, maldade — disse Lula.

O presidente acrescentou que Marçal é um “cidadão que não tem coragem” de olhar na cara e dizer o que pensa.

— Ele se tranca no quarto dele, pega um celular e mente o tempo inteiro. É isso que acontece com esses candidatos, que de repente fazem milagre: um milhão e meio de votos, dois milhões de votos, três milhões de votos. Esses caras não tem dois minutos de argumento pra discutir um problema social, não tem três minutos para discutir nenhum problema econômico.

Lula continuou:

— Então, o trabalho que o Boulos tem que fazer é não dar importância para o cidadão daquele tipo. Não tem nem que fazer pergunta pra ele, nem responder pergunta. Deixa ele falar o que ele quiser. Os debates estão ficando deteriorados, porque deteriorados estão os candidatos.

A troca de farpas começou no momento em que Marçal comentava sobre as propostas de construir o maior edifício do mundo em São Paulo e a implementação de teleféricos.

Ao responder, Boulos relembrou a provocação feita no debate realizado na semana passada, sobre a condenação de Marçal por furto qualificado, que acabou prescrita.

Os dois começaram, na sequência, uma troca de ofensas e de acusações.

— Eu propus um teleférico, e não adianta rir que você também vai andar — disse Marçal, em meio a risadas.

Boulos retrucou

— Marçal, você não deveria nem estar aqui porque no último debate você disse que deixaria sua candidatura se eu mostrasse a sua condenação como ladrão da banco, mas você mais uma vez mostrou que não tem palavra.

Marçal também criticou os aliados de Boulos, incluindo Lula.

— Você está me confundindo com o quadrilheiro chamado Luiz Inácio Lula da Silva, José Genoíno, Zé Dirceu, você que é o PT Kids aqui de São Paulo, o PSOL é uma grande merda nessa eleição. Não tem condenação, eu trabalhei para um cara, consertando computadores, a grande verdade é porque você não pediu a sua música no Fantástico, já que foi preso três vezes? — questionou Marçal.

O Globo

ARTIGO: Acidentes com carros e os seus desdobramentos na Justiça Gabriel Funichello*

Gabriel Funichello

Os acidentes de trânsito são uma das principais causas de conflitos jurídicos no Brasil, tanto pelo lado da autoria como pela responsabilização dos custos resultantes desses problemas. O Brasil é atualmente o terceiro país que mais registra mortes no trânsito. As colisões de carros têm gerado um amplo debate jurídico, abrangendo os efeitos legais dessas circunstâncias e a responsabilidade civil dos participantes, ou seja, aquela obrigação de uma pessoa reparar danos causados a outra.

Tanto nas ruas como nas estradas há dados de acidentes preocupantes pelo alto índice encontrado. De acordo com o DataSUS, em 2022, foram registradas aproximadamente 40 mil mortes no trânsito. Isso significa 19,2 mortes por 100 mil habitantes. Entre as principais causas desses acidentes estão a velocidade, o álcool e a falta de atenção. As ocorrências também estão crescendo nos últimos anos por causa do uso de celulares.

Estimativas da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) apontam que o custo econômico dos acidentes de trânsito no Brasil é expressivo. Eles correspondente a cerca de R$ 70 bilhões por ano. Esses dados atestam principalmente que o problema é bem sério e exigem muita atenção de todos os brasileiros, governos e cidadãos.

O poder público do País tem desenvolvido diversas políticas para aprimorar a segurança no trânsito, incluindo campanhas educativas, fiscalização mais rigorosa e investimentos em infraestrutura de transporte. É necessário, no entanto, um esforço ainda maior.

Em relação aos estudos da responsabilidade civil que estão enlaçados aos desdobramentos dos fatos e os prejuízos, eles são bem amplos e abraçam diversos tipos de discussões, que estão ligadas à natureza, a critérios e a outros assuntos que surgem no dia a dia, como aqueles sobre as decisões e interpretações das leis feitas pelos tribunais e pelos juízes ao longo do tempo (jurisprudência).

Segundo definição da jurista Maria Helena Diniz a “responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal”.

Mesmo com essa interpretação da lei baseada em decisões de julgamentos anteriores, é obrigatório os tribunais e a teoria do Direito estarem absolutamente conectados com as mudanças na sociedade.

Em breve as sentenças terão que abarcar, por exemplo, carros com inteligência artificial (I.A.) ou sistema avançado de condução autônoma que é chamado de Full Self Driving (veículo sem condutores in loco). No entanto, a responsabilidade civil de um acidente com este tipo de veículo será de encargo do proprietário ou da empresa que comanda essa I.A. Mesmo com tecnologias avançadas, ‘carros inteligentes’ também perdem o controle e não há segurança absoluta quando o cérebro humano ainda desenvolve os projetos de engenharia.

Acidentes são parte do dia a dia e ter mecanismos que funcionam de forma rápida, prática e justa são essenciais para proteger aqueles que foram atingidos por ações danosas de outras pessoas. É fundamental na ocorrência veicular as pessoas terem conhecimento do direito delas.

O Estado, por seu lado, deve agir com igualdade perante as partes e propiciar justiça ao aplicar a lei e exercer seu poder. O cenário automotivo está internalizado nas gerações mais contemporâneas e o Direito Civil já evoluiu a ponto de ter discussões sólidas sobre os acontecimentos oriundos desse tipo de tecnologia de transporte.

A responsabilidade civil é um dos principais fundamentos do Direito Civil e ela permite uma boa convivência em sociedade e organiza os deveres daqueles que causam danos a outros, seja por ação ou omissão. Hoje é essencial permitir rápido acesso aos direitos dos prejudicados e as punições, dentro dos limites da lei, e aos causadores do problema. É também importante as sanções jurídicas como medida educativa, visando tentar reduzir a ocorrência desse tipo de acidentes.

O Código Civil é claro ao determinar fatores importantes para a responsabilização daquele que ocasiona um acidente de trânsito, mas cabe destacar que a negligência e imprudência são fatores comuns nesse tipo de evento. Não se pode descaracterizar a falta de dolo (a intenção deliberada de enganar, causar dano ou violar a lei) para quem comete esse tipo de ato com essas características. Quem possui uma Carteira Nacional de Habilitação e dirige um veículo está, automaticamente, assumindo que está ciente das regras e leis que regulamentam o trânsito e de suas possíveis consequências em caso de imperícia, negligência, imprudência ou falha de qualquer tipo que seja de sua culpa.

Embora possa ser comum um acidente de trânsito também gerar consequências criminais a quem o provoca, como no caso de embriaguez ou excesso de velocidade, essas situações além de serem tipificadas como crime podem também exigir a respectiva indenização à vítima. No entanto, como regra geral do Código Civil, a responsabilidade civil independe da criminal. Elas podem coexistir no mesmo ato. Contudo, não se pode deixar de refletir que em caso de vítima fatal isso desestrutura uma família inteira.

Teóricos do Direito definem que a conduta humana pode ser causada por uma ação (conduta positiva) ou omissão (conduta passiva) voluntária ou por negligência, imprudência ou imperícia. São modelos jurídicos que caracterizam, respectivamente o dolo (quando a intenção deliberada de cometer um ato ilícito) ou a culpa (falta de intenção, mas situação que ainda existe responsabilidade por um resultado prejudicial).

Em uma colisão de trânsito, há situações cotidianas que a imperícia ou negligência pode provocar um acidente que, e ainda que o condutor não esteja praticando nenhum ato criminoso, ele terá o dever de indenizar aquele que teve seu patrimônio atingido. O Código Civil deixa claro que há necessidade de entender o que configura e o que é necessário existir para que o causador de um dano a um terceiro, por obrigação, tenha que indenizar e restituir os danos.

No trânsito, nos termos do Código Civil, onde está descrita a ação ou omissão, o condutor precisa estar relacionado à ação (ato ou o resultado de agir, de realizar uma atividade) que gerou o dano de alguma forma. Por outro lado, um exemplo de omissão seria o de um determinado sujeito que sai do seu veículo, mas não aciona o freio de mão e, por acaso, o carro se move e acaba gerando o acidente.

Embora seja natural imaginar que não há conduta humana nesse caso, já que ele não estava presente, o ato de não acionar o equipamento de segurança é uma negligência e permitiria que ele fosse responsabilizado nessa situação pelos danos que ocasionou. É importante deixar claro que para a responsabilidade civil não há diferença entre o dolo e a culpa especificamente. E a diferença só existe para fixar o valor de indenização.

Com o aumento de número de câmeras de rua, com testemunhas e com a evolução das perícias a determinação de quem ocasionou o acidente, está cada vez mais rápida e eficiente a determinação de quem ocasionou o acidente e depois de quem ficará responsável pelo patrimônio dos atingidos. Portanto, é importante que todo cidadão tenha os conhecimentos mínimos de responsabilidade civil para aquelas situações de conflitos que envolvam veículos e trânsito para se precaver ou tomar as decisões adequadas.

*Gabriel Funichello é advogado, formado pela Faculdade de Direito ‘Laudo de Camargo’ (Unaerp) e sócio-fundador da Funichello Advogados. Tem pós-graduação lato sensu/especialização em Direito Civil e Processo Civil; Direito Imobiliário, Notarial e Registral pela Escola Paulista de Direito e também pós-graduação lato sensu/especialização em Direito Contratual e Responsabilidade Civil pela Escola Brasileira de Direito. Possui educação executiva em Direito e Negócios Imobiliários pela FGV.