Motorista quase bate de frente em carreta e é detido com sinais de embriaguez na BR 116

Um motorista de uma caminhonete que apresentava sinais de embriaguez e quase colidiu de frente em uma carreta foi detido, no sábado (19), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR 116, em Cabrobó, no Sertão de Pernambuco. Ele deixou cair uma lata de cerveja aberta, no momento em que desceu do veículo.

Uma equipe da PRF realizava uma ronda no Km 4 da rodovia, quando flagrou o momento em que uma caminhonete invadiu a contramão e quase colidiu em uma carreta, que seguia no sentido contrário da pista. Foi dada ordem de parada ao motorista, que parou no acostamento e derrubou uma lata de cerveja aberta no chão, ao desembarcar do veículo.

O homem apresentava odor etílico, estava com a fala desconexa e com os olhos avermelhados. Dentro da caminhonete, também foi encontrada uma garrafa de aguardente de cana. Os policiais convidaram o motorista a realizar o teste do bafômetro, mas ele se recusou e foi autuado.

O condutor admitiu que havia ingerido cachaça e que estava indo buscar a esposa dele, pois não havia encontrado ninguém para dirigir o veículo. O homem foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil de Cabrobó, no mesmo dia em que a Lei Seca completou 13 anos de criação.

Lei Seca

A Lei n° 11.705 de 2008, que ficou conhecida como Lei Seca, completou 13 anos no sábado (19). Desde que entrou em vigor, ela já ajudou a salvar milhares de vidas no trânsito brasileiro, por isso é uma das prioridades nas fiscalizações da PRF.

O artigo 165 do CTB define como gravíssima a infração de dirigir sob efeito de álcool, com previsão de multa no valor de R$ 2.934,70 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. A recusa em submeter-se ao teste de etilômetro também prevê autuação, e quando o índice verificado no aparelho é maior que 0,33mg/l, o motorista é encaminhado à Delegacia de Polícia Civil pela prática de um crime de trânsito.

Apesar do rigor da Lei Seca, não é difícil flagrar nas rodovias federais de Pernambuco motoristas que bebem antes de dirigir. Dados da PRF mostram que, de janeiro a maio de 2021, foram registrados 53 acidentes por esse motivo, com 47 feridos e 11 mortes. No mesmo período do ano passado, haviam sido registrados 85 acidentes, com 95 feridos e 14 mortes. Neste ano, também foram emitidas 179 autuações por alcoolemia, sendo 142 por recusa e 37 por constatação, além de serem detidos 30 motoristas que haviam consumido bebida alcoólica.

Dirigir sob o efeito de álcool reduz os reflexos e a capacidade de reação do motorista, colocando em risco a segurança do condutor, dos passageiros e de terceiros. É preciso que toda a sociedade se conscientize de que beber e dirigir são atividades incompatíveis. A PRF segue com sua missão de proteger vidas e garantir a segurança nas rodovias federais, oferecendo o serviço de excelência que a sociedade merece. Se beber, não dirija!

Projeto que altera Imposto de Renda vai à Câmara na próxima semana, diz Lira

A reforma tributária deve começar a andar na Câmara dos Deputados na próxima semana. A expectativa da presidência da Casa é de que um projeto que trata do Imposto de Renda para pessoas físicas e jurídicas seja apresentado na próxima quarta-feira (23). É o que afirmou o presidente Arthur Lira (PP-AL), em uma conversa com representantes da indústria e do empresariado na sexta-feira (18).

“Eu esperava para esta semana um projeto de lei que vai tratar de imposto de renda de pessoa física, pessoa jurídica e dividendos. Não veio, isso foi postergado para a próxima quarta-feira. Ainda precisamos de ajustes entre Casa Civil, Ministério da Economia e o presidente da República para que esse projeto tenha limitações, tenha enquadramento, essas contas têm que zerar, para que a gente nem tenha que distorcer a arrecadação nem aumentar impostos”, disse Lira.

Com isso, começa a tramitação da parte infraconstitucional da reforma tributária na Câmara, como acordado entre o Congresso e o governo. A ideia é aprovar a reforma por partes, por pontos em que há consenso. Os projetos tramitarão simultaneamente na Câmara e no Senado.

A parte que é de responsabilidade da Câmara é a criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) — a união dos tributos federais PIS e Cofins, a alteração no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e na base do Imposto de Renda.

“Com essa vinda desse projeto, a gente começa na Câmara toda a discussão infraconstitucional, que também é do Senado para cá com o passaporte tributário. E a PEC nós tivemos o entendimento de que é mais fácil, talvez, o início da votação pelo Senado, sob a relatoria do senador Roberto Rocha (PSDB-MA), com a participação da Câmara num texto que fique mais cômodo”, completou.

Esta parte deve ter a discussão sobre a tributação de dividendos, segundo Lira. “Quem estará isento, até que tamanho, quanto será a carga, o que é justo, o que é correto, isso buscando entre todas as fases um equilíbrio ao final para que no bojo geral nós não tenhamos aumento de impostos e nós não possamos agir irresponsavelmente para fragilizar neste momento a arrecadação”, pontuou.

O presidente da Câmara disse também que não houve ainda acordo com relação às progressões da tabela de Imposto de Renda e dividendos. “Nós temos que partir da máxima de que não é justo que quem ganhe menos pague mais e quem ganhe mais pague menos. Então há uma distorção no sistema de dividendos do Brasil com relação ao mundo. É justo que a gente faça essa discussão”.

Por etapas

Ele explicou que a tramitação da reforma por etapas é mais fácil e que depois será possível discutir a alíquota dos impostos. “Na questão das alíquotas, o que se falava era que a princípio eram o PIS e Cofins em 12%, para que os estados viessem com a carga de mais 10%, e entrariam os municípios. E o governo federal se disporia a abrir mão de mais 2% para que ficasse um total de 22%. É a tese do Ministério da Economia”, afirmou.

A ideia do governo é a de simplificar os impostos federais primeiro e depois incluir os impostos estaduais e municipais. Ainda não se sabe se isso será feito via um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) único — como propôs o relator da PEC 45/2019, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), em seu parecer, que unia PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS — ou via IVA dual, em que os impostos federais comporiam um IVA e os estaduais e municipais, outro.

No caso do Imposto de Renda, o governo planeja aumentar a faixa de isenção dos atuais R$ 1,9 mil para R$ 3 mil. Na época de campanha, a promessa do governo era de que a faixa chegaria aos que ganham até R$ 5 mil, mas com a reação negativa à ideia de criar um imposto sobre transações digitais (nos moldes da CPMF), o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve de ajustar o plano.

Na reunião, estavam presentes o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf; o vice-presidente da entidade, Rafael Cervone; e o empresário Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente da República, José Alencar.

Correio Braziliense

Restaurada a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, no Recife (PE)

Com ornamentação de encher os olhos, há quase três séculos a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares é símbolo de fé, cultura e identidade para os recifenses. Após obra estrutural encerrada em 2018, os elementos decorativos do templo também acabam de ser restaurados.

O templo foi entregue à população em evento neste sábado, 19 de junho. Na ocasião, estiverem presentes o ministro do Turismo Gilson Machado Neto; o Secretário Especial da Cultura Mário Frias; a presidente do Iphan Larissa Peixoto; o superintendente do Iphan em Pernambuco Rogério Henriques; o Bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife Dom Limacêdo Antônio da Silva, entre outras autoridades.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, investiu aproximadamente R$ 14,4 milhões no monumento. A obra civil incluiu melhorias arquitetônicas e estruturais. Agora, as intervenções contemplaram higienização, desinfestação, imunização, consolidação da talha, conservação e restauro de todos os bens integrados da igreja.

As melhorias devolveram as cores barrocas ao monumento, encobertas por sucessivas camadas de tinta branca. Ao longo dos trabalhos, descobertas centenárias vieram à tona: nos dois painéis sacros localizados na parede do cruzeiro, acima dos altares laterais, foram reveladas pinturas do século XVIII sob as pinturas do século XIX. Após o registro e a retirada das obras de arte mais recentes, as pinturas do século XVIII voltaram a adornar a edificação depois de séculos escondidas.

Localizada no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife (PE), trata-se de um dos primeiros monumentos a ser tombado pelo Iphan: a proteção veio em 1938, com a inscrição no Livro de Belas Artes do Instituto. Considerada por entusiastas do Patrimônio Cultural como uma joia do estilo barroco, o templo começou a ser construído por volta de 1722 e concluída em 1804, com a finalização da torre e dos sinos.

Entre distintos elementos que cativam o olhar, chama a atenção o forro do templo. Considerado o mais ornamento do Recife, mescla talha dourada com esculturas e pinturas de tonalidades fortes. Pintado em tábuas, o forro do coro (nártex) apresenta um painel histórico da Primeira Batalha dos Montes Guararapes. O embate consistiu em enfrentamentos entre as forças portuguesas e holandesas pelo controle de boa parte da região Nordeste do Brasil. Tombado pelo Iphan em 1961, o Parque Histórico Nacional dos Guararapes foi palco de um dos mais importantes episódios da história nacional: a Batalha dos Guararapes (1648 -1649).

As melhorias na Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares prometem alavancar ainda mais o turismo na capital pernambucana. Parada incontornável no roteiro de turistas brasileiros e estrangeiros pelos monumentos recifenses, o templo está mais preparado para receber visitantes. Com reações em cadeia, o aumento do turismo tende a fortalecer a economia e a gerar renda para a população local.

O Iphan em Pernambuco
O Instituto tem trabalhado em uma série de ações para o Patrimônio Cultural edificado em Pernambuco. Nos últimos anos, já foram mais de R$ 38,5 milhões investidos em obras em Recife, Olinda e Fernando de Noronha.

Além da restauração completa da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, no Recife já foram concluídas as obras civis das Igrejas Matriz de Santo Antônio e São Pedro dos Clérigos. Atualmente encontra-se em execução o restauro dos bens integrados desta última, bem como a restauração da coberta da Igreja de São José do Ribamar. Mais novidade a caminho: está em andamento o processo licitatório para contratação das obras dos bens móveis e integrados da Igreja Matriz de Santo Antônio. Na cidade também se encerrou, em 2020, a requalificação do terreiro de Pai Adão.

Caixa paga hoje 3ª parcela do auxílio para nascidos em março

A Caixa paga neste domingo (20) a terceira parcela do auxílio emergencial 2021 para beneficiários nascidos em março. Os recursos serão depositados nas contas digitais dos beneficiários. Os valores podem ser movimentados pelo aplicativo Caixa Tem para pagamento de boletos, compras na internet e pelas maquininhas de estabelecimentos comerciais. Os beneficiários também conseguem movimentar os recursos usando o Caixa Tem na Rede Lotérica. O saque desta parcela será liberado a partir de 5 de julho.

A Caixa lembra que o calendário da terceira parcela foi antecipado. Marcado inicialmente para encerrar em 12 de agosto, com a possibilidade de saques para os nascidos em dezembro, o terceiro ciclo agora finaliza no dia 19 de julho.

De acordo com a Caixa, central telefônica 111 funciona de segunda a domingo, das 7h às 22h, gratuitamente, e está preparada para atender os beneficiários do Auxílio Emergencial. Além disso, o banco disponibiliza, ainda, o site.

Agência Brasil

Cuba inicia testes de vacina anticovid-19 em crianças e adolescentes

Cuba iniciou nesta segunda-feira (14) testes para imunizar crianças e adolescentes contra a Covid-19 com uma combinação de duas de suas vacinas candidatas, informou o Ministério da Saúde (Minsap). Participam do ensaio 350 crianças de três a 18 anos de Havana, com a autorização dos pais, que receberão duas doses de Soberana 2 e uma terceira de Soberana Plus, separadas por intervalos de 28 dias.

“Isso nem dói. Estou vacinado. Agora tenho que vir em um mês para me vacinar de novo”, disse Gabriel García. Com 12 anos, ele foi a primeira criança a ser vacinada neste dia, segundo vídeo transmitido em meios de comunicação estatais.

A aprovação do ensaio pelo Centro de Controle Estadual de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (CECMED) “está amparada no contexto epidemiológico atual, com o aumento considerável de casos positivos na população pediátrica”, informou o Ministério na quinta-feira passada, quando anunciou o teste.

Até 13 de junho, Cuba, de 11,2 milhões de habitantes, registrou 159.057 casos, com 1.098 óbitos. A ilha registrou 18.249 infecções de crianças e adolescentes até o dia 27 de maio, 983 crianças menores de um ano. “A vacinação teria um papel fundamental, pois poderia ter um efeito muito positivo na contenção da progressão desta doença”, justificou o Minsap.

O ensaio será realizado em dois grupos, começando com adolescentes de 12 a 18 anos, seguido pelo grupo de crianças de 3 a 11 anos. Para vacinar menores de 3 a 11 anos, é necessária a autorização dos pais ou responsáveis legais; já para os de 12 a 18 anos, também é necessário o consentimento dos adolescentes, afirmaram os responsáveis pela operação, citados pela agência de notícias Prensa Latina.

As crianças permanecerão sob vigilância por uma hora no centro de vacinação. Então, eles terão que voltar a cada 24, 48 e 72 horas, para que os especialistas possam verificar se eles têm eventos adversos relacionados ao imunizante, acrescentaram. Cuba, que trabalha simultaneamente com cinco vacinas candidatas, realizou ensaios e intervenções sanitárias com o Soberana 02 e o Abdala, os dois imunizantes mais avançados, e espera-se que este mês obtenham autorização como vacinas pelas autoridades sanitárias.

Ao final do dia 12 de junho, 3.583.709 doses haviam sido administradas. Há 1.970.250 pessoas vacinadas com a primeira dose; 1.035.074 com a segunda dose e 578.385 com a terceira dose, informou o Minsap.

Médicos Sem Fronteiras lamenta meio milhão de vidas perdidas pela Covid-19

Aerial view of a burial at the Bom Jardim cemetery, the largest public cemetery in Fortaleza, Ceara state, Brazil on May 7, 2020. – Of today’s 43 burials in the cemetery, 16 were of suspected COVID-19 cases and seven confirmed. (Photo by Jarbas OLIVEIRA / AFP)

Em carta aberta, organização humanitária condena com indignação o descaso à emergência sanitária que está causando a morte de brasileiros.

A todos que direta ou indiretamente sofrem conosco a dor de meio milhão de perdas,

Viver a perda de quem se ama é devastador, e eu me identifico com a sua dor. Nada menos que 500 mil vidas foram interrompidas pela COVID-19 no Brasil. MEIO MILHÃO de pessoas! Pais, irmãos, filhos, amigos, amores da vida… perdas irreparáveis. Essa catástrofe vivenciada de maneira única por cada um de nós, é também coletiva. Fez com que passássemos a viver em um estado de luto permanente no país, com o sistema de saúde à beira do colapso e, por parte do poder público, ainda estamos distantes de ver uma resposta efetiva, centralizada e coordenada à doença.

Como organização humanitária, temos o dever de condenar com indignação o descaso à emergência sanitária que está causando a morte de centenas de milhares de brasileiros. Como organização médica, é nossa obrigação esclarecer que muitas dessas mortes poderiam ser evitáveis. A insistente recusa em colocar em prática medidas de saúde pública baseadas em evidências científicas, como o distanciamento social e o uso de máscara, mesmo para quem já foi vacinado ou teve a doença, segue resultando na morte prematura de muitas pessoas e aumentando o risco do surgimento de novas variantes.

Onde pouco mais de 11% da população já tomou as duas doses da vacina, a COVID-19 segue infectando e matando milhares todos os dias no Brasil. E enquanto testemunhamos o sofrimento de brasileiros que perderam seus entes queridos e de profissionais da área de saúde exaustos, padecendo de graves impactos psicológicos e emocionais devido às condições de trabalho, assistimos também ao grande volume de informações falsas sobre a COVID-19 que circulam pelas comunidades do país, alimentando um ciclo de doença e morte.

É desolador perceber que essa desinformação muitas vezes é propagada por quem teria a responsabilidade de proteger a população. É inadmissível que, mesmo com 500 mil mortes, haja autoridades que defendam o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, desprezando conhecimentos científicos e renegando medidas eficazes. Agir dessa maneira, neste momento, é nada menos que desumano. Pode ser óbvio, mas é necessário dizer que como o Brasil se encontra em uma situação de alta circulação e transmissão do vírus e ainda precisa avançar na vacinação, não usar máscaras neste momento contribui para manter alta a incidência da COVID-19. O resultado disso não é outro senão mais hospitalizações e mortes.

Esse impacto tem sido sentido com mais força entre os que estão mais expostos e vulneráveis e com menos acesso à saúde, mostrando outro efeito cruel da pandemia, o de ter escancarado nossas desigualdades históricas no acesso à saúde. Diversos estudos divulgados desde o início da epidemia de COVID-19 indicam que a própria doença, e também seus impactos sobre o sistema de saúde, afetaram de maneira mais cruel as populações negra e indígena, migrantes e refugiados.

Infelizmente, a COVID-19 ainda está longe de ser controlada. Enquanto houver pessoas desprotegidas, as vidas de nossos pais, filhos, irmãos, amigos, amores continuarão ameaçadas. Neste momento, mesmo com toda exaustão e ansiedade para que tudo acabe logo, temos de continuar juntos e firmes nessa batalha pela vida. Por favor, se proteja e cuide dos seus.

Renata Santos

Presidente do Conselho de MSF-Brasil

Pandemia aquece procura por franquias com trabalho remoto

As redes home based, cujas operações não exigem que o franqueado tenha uma loja ou escritório e permitem que ele trabalhe em casa, estão entre as que mais cresceram na pandemia.

Em 2020, esse segmento respondia por 7,1% do total de franquias no país; neste ano, passou para 10,3%, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising).

O crescimento foi ainda mais expressivo dentro do setor de microfranquias, cujo investimento inicial não ultrapassa R$ 90 mil. “Das dez maiores redes em número de unidades, 60% trabalham fortemente com o modelo home based”, diz Felipe Buranello, coordenador da comissão de microfranquias da ABF.

Entre os atrativos estão a possibilidade de investir pouco e operar com baixos custos fixos nos mais variados segmentos, de finanças a limpeza.

Em dezembro do ano passado, os sócios Misael Carvalho, 33, e Matheus Santana, 30, decidiram abrir uma microfranquia da Suporte Smart, especializada em consertos de celulares. Racharam o investimento inicial, de R$ 7.994, e fizeram o curso de capacitação -a rede não exige experiência prévia no ramo.

Em abril, os dois iniciaram os atendimentos, que podem ser feitos na casa deles, em São Paulo, ou na dos clientes. Até o momento, a dupla fez 30 consertos. Os serviços mais requisitados são troca de tela (a partir de R$ 180) e de bateria (R$ 105).

“Cada um fica na sua casa e quem inicia o atendimento pega o serviço. Como já conquistamos boas avaliações nas redes sociais, tem sido mais fácil atrair novos clientes”, diz Misael.

Sócio-diretor da Suporte Smart, Vinicius Rochesk, 29, promete aos franqueados do modelo home based o retorno do valor aplicado em até seis meses. Das 360 unidades da rede, somente 13 são lojas físicas, que têm investimento inicial R$ 35 mil.

“Desde o início da pandemia, vendemos 160 franquias home based, sendo que 80% dos empreendedores não tinham experiência nesse tipo de serviço”, afirma.

A PremiaPão, especializada na comercialização de espaços publicitários em sacos de pão, também apostou no modelo. O franqueado só precisa ter um computador e um telefone, para fazer contato com os anunciantes, e deve assumir a distribuição dos saquinhos pelas padarias.

Segundo os fundadores, Raphael Mattos, 31, e Pedro Machado, 33, a receita das 111 unidades da rede disparou durante a pandemia.

Donos de uma franquia da PremiaPão em Recife (PE) desde 2018, os sócios Gilsemir de Lima Junior, 39, Thiago Silva, 32, faturaram R$ 331 mil no ano passado.

A tarefa dos dois é conquistar empresas que queiram veicular sua publicidade em sacos de pão, que são distribuídos às padarias. O anúncio básico, do tamanho de um cartão de visitas, impresso em 30 mil unidades, custa R$ 500.

Segundo Raphael Mattos, o foco inicial do negócio eram pequenos anunciantes de bairro, sem verba para pagar por espaços publicitários de grande circulação. Hoje, porém, a PremiaPão já tem companhias de maior porte entre a clientela, como operadoras de celular e aplicativos de delivery.

Para garantir a atenção dos consumidores, os saquinhos estampam códigos para sorteios -os prêmios vão de eletrodomésticos a automóveis.

A franquia mais barata, que custa R$ 10 mil, permite que o empreendedor atenda a uma região de cem mil habitantes. A mais cara tem o dobro do preço e permite atingir uma área com o triplo de pessoas.

“A pandemia ajudou nosso negócio, porque as padarias continuaram funcionando e mantiveram a relevância desse canal de divulgação, enquanto vários outros, como os outdoors, deixaram de fazer sentido”, afirma o empresário.

De acordo Felipe Buranello, da ABF, por mais vantagens que as franquias home based ofereçam, o empreendedor precisa levar em conta alguns requisitos básicos antes de assinar o contrato.

Mesmo que trabalhe de casa, ele precisa gostar de lidar com o público. Também deve ter afinidade com o produto ou serviço oferecido.

É importante pesquisar sobre a reputação da rede e conversar com outros franqueados para se certificar a respeito da idoneidade da empresa.

Além disso, é fundamental que o profissional tenha a organização necessária para tocar a empresa de casa. Ele deve trocar de roupa antes de iniciar o expediente, ter rituais definidos e saber a hora de desligar, orienta Buranello.

Quem comanda uma equipe home based deve confiar nos seus empregados. “Aquele líder da velha guarda, que fica ligando o tempo todo para confirmar se os funcionários estão a postos, não serve para esse tipo de negócio.”

Irã elege chefe ultraconservador do Judiciário à Presidência do país

O juiz ultraconservador Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário do Irã, venceu a eleição presidencial com 62,2% dos votos, de acordo com os resultados parciais divulgados neste sábado (19). Ele se torna, assim, o sucessor de Hasan Rowhani sem a necessidade de segundo turno, como reconheceram seus adversários no pleito e o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif.

Raisi, segundo o presidente da Comissão Nacional Eleitoral, Jamal Orf, em uma entrevista coletiva em Teerã, obteve mais de 17,8 milhões de votos de um total de 28,6 milhões já apurados.

A autoridade eleitoral não divulgou a taxa de participação no pleito, mas cálculos extraoficiais apontam que ela teria sido de 53%, muito abaixo dos 73% registrados em 2017. No total, há mais de 59,3 milhões de iranianos maiores de 18 anos aptos a votar.

De acordo com os dados parciais, o general Mohsen Rezai, ex-comandante da Guarda Revolucionária e também ultraconservador, ficou na segunda posição, com mais de 11,5% dos votos, à frente do ex-presidente do Banco Central Abdolnaser Hemmati (8,3%) e do parlamentar Amir Hossein Hashemi (3,4%).

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, celebrou a vitória de Raisi como um triunfo do país contra a “propaganda do inimigo”. “A grande vencedora das eleições de ontem [sexta, 18] é a nação, porque se levantou outra vez frente à propaganda da mídia mercenária do inimigo”, disse.

Pouco antes do anúncio dos primeiros resultados, segundo os quais cerca de 14% dos votos foram brancos ou nulos, Rowhani, o atual presidente, afirmou que havia um candidato ganhador em primeiro turno, mas não o nomeou. “Parabenizo o povo pela sua escolha […] Sabemos quem obteve os votos suficientes nesse pleito e que foi eleito hoje [sábado] pelo povo”, disse ele, em discurso exibido na TV.

Em mensagens em redes sociais ou retransmitidas nos meios de comunicação iranianos, os três adversários de Raisi reconhecem a vitória do juiz ultraconservador.

A votação foi estendida de maneira considerável, até as 2h de sábado, no horário local, para permitir maior participação, tendo em conta a pandemia de coronavírus, que já deixou oficialmente 82.746 mortos, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, em uma população de 83 milhões de habitantes.

Raisi tem um passado marcado por repressão, em sua carreira no Judiciário. Nos anos 1980, durante a fase de perseguição e assassinatos que se seguiu à Revolução Islâmica de 1979, o então juiz teria autorizado muitas das mortes e torturas, segundo denúncias de dissidentes.

No cenário externo, a perspectiva da volta da linha dura ao poder automaticamente liga o alerta para uma relação ainda mais conflituosa com o Ocidente, isso em um momento de potencial abertura com os EUA, devido à eleição de Joe Biden, segundo a leitura de políticos e analistas ocidentais.

Por outro lado, outros têm a visão de que o Irã, mesmo sob Raisi, vai adotar uma política externa pragmática, de negociação, ainda que por necessidade. Isso porque o país busca o fim das sanções para contornar as dificuldades econômicas.

Folhapress

Consumo de ovos no Brasil: crescimento atrelado com aumento do preço das carnes

Com o crescimento do preço da carne bovina de forma gradual no Brasil e os efeitos econômicos negativos devido à pandemia da Covid-19, os ovos tornaram-se uma opção de substitutos na alimentação dos brasileiros. Em 2020, o consumo per capita de ovos atingiu 251 unidades, apresentando crescimento de 9,1% no ano, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa). Em 2021, a expectativa é de que esse número cresça para 260. Já em Pernambuco, o consumo per capita do alimento foi de 300 ovos no ano passado, superando a média brasileira, de acordo com a Associação Avícola de Pernambuco (Avipe).

“Ano passado o Brasil passou a média do consumo mundial que é na casa dos 230 ovos per capita. Esse número tem muito a ver tanto com o aumento do preço da carne bovina de maneira geral, como também em função da pandemia. As pessoas ficaram mais em casa, tiveram a oportunidade de consumir mais ovos, e a gente vê, efetivamente, esse consumo de ovos, tanto in natura, para consumirmos como o produto ovo ou como base para outros produtos e os brasileiros passaram a cozinhar mais em casa. De maneira geral, temos visto em 2021 um consumo muito positivo” explica o diretor de mercados da Abpa, Luis Rua.

Devido à pandemia e o cenário atual de crise econômica que vive o País, a tendência é que o ovo esteja ainda mais presente na mesa dos brasileiros pelo seu custo menor. Em constante crescimento, o preço das carnes subiu 17,97%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No ano passado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo de carne bovina do brasileiro foi de 27,6 quilos por habitante, representando uma queda de 9,8%. O número ficou abaixo do que foi projetado pela companhia para 2020, que indicou um consumo de 29,3 quilos por habitante.

“Precisamos entender que esse movimento de aumento no consumo de ovos está totalmente relacionado com o aumento do preço das carnes, porque são substitutos próximos, não que ovo e carne sejam semelhantes, mas no sentido de consumo de proteína e na cultura nossa, conseguimos substituir a altura”, destaca o economista do PieR de Negócios, Ivangillys Gomes.

Com a oferta menor de carne entre os brasileiros e o aumento dos custos de produção dos animais, o preço da carne aumentou substancialmente.

“Nós temos pelo menos dois fatores para que o preço da carne aumentasse consideravelmente. O primeiro motivo é o aumento da demanda pela carne brasileira dos países asiáticos. Você tem a China que é um grande importador de produtos brasileiros, e ela teve um aumento significativo de demanda, especialmente agora que saíram da pandemia. O consumo de carne brasileira pelos países asiáticos aumentou muito de forma que fez com que a oferta dessa mesma carne aqui no Brasil se deslocasse para trás, sendo menor para os brasileiros e quando você tem uma redução na oferta, naturalmente acontece um aumento de preços. Além disso, temos o aumento do preço da soja, do milho e isso implicou para que os custos de produção do animal também sejam mais altos, de modo que os criadores passaram a repassar todo esse custo para o consumidor final”, ressalta o economista.

Dificuldades de produção

Conforme a alta demanda de ovos entre os brasileiros, os custos de produção também aumentaram. “Temos um grande desafio para esse ano que é a alta dos custos de produção que tem sido um fator muito impactante especialmente na agricultura de postura, em que as empresas são de uma dimensão menor comparando aos frigoríficos de aves ou suínos. Nós já estamos vendo efeitos claríssimos dessa questão do aumento dos custos. De um ano para o outro, de junho de 2020 a junho de 2021, tivemos um aumento de 89,5% nos custos do milho, que é um dos principais insumos para a ração dos animais. Algo em torno de 70% dos custos de produção do animal vivo é o custo da ração e o milho desempenha um papel importante. A gente vê a demanda existindo, mas também percebemos a preocupação de alguns produtores reduzindo os seus plantéis em alguns casos, justamente por essas dificuldades”, detalha o diretor de mercados da Abpa, Luis Rua.

De acordo com o presidente da Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), Giulliano Malta, os efeitos dos altos custos de produção já podem ser percebidos no Nordeste. “O que realmente vêm ocorrendo é uma diminuição na quantidade de produtores devido aos altos custos para produzir aves e ovos. Em São Bento do Una, que é o maior polo de produção de aves e ovos do nordeste, mais de 20 produtores já pararam suas atividades. Atualmente o avicultor tem amargado grandes prejuízos para continuar produzindo o alimento ovo. Os principais insumos tiveram aumentos: farelo de soja aumentou mais 60%, o milho mais de 120%, embalagens 45%, custos com logísticas 35%, entre outros insumos que também houve aumento”, pontua.

Apesar dos custos elevados, o avicultor não tem um resultado positivo nas vendas. “Algo inusitado é que o avicultor não conseguiu aplicar os reajustes para o valor final. a depender da granja, o custo de produção de uma bandeja com 30 ovos é de R$ 11,00, mas, tem sido vendido em média a R$ 10,00 para os atacadistas e varejistas”, complementa o presidente.

Folhape

Milhares saem às ruas do país em novos protestos pelo impeachment de Bolsonaro

Milhares de manifestantes se reúnem na manhã deste sábado (19) em diferentes cidades do país em protestos contra o presidente Jair Bolsonaro. Entre os maiores atos, estão os de Brasília, com manifestantes na Esplanada dos Ministérios, e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, o protesto está marcado para às 16h, na avenida Paulista.

As manifestações ocorrem no momento em que o país se aproxima de 500 mil mortos pela Covid e menos de um mês após os atos de 29 de maio, que atraíram milhares de pessoas. Os protestos nacionais são pelo impeachment do presidente, por mais vacinas contra a Covid-19 e por auxílio emergencial.

As manifestações são convocadas e apoiadas por movimentos sociais, partidos políticos, centrais sindicais, entidades estudantis, torcidas organizadas e grupos envolvidos em causas como feminismo e antirracismo. A organização está centralizada no fórum Campanha Nacional Fora, Bolsonaro.

A expectativa deles era de um volume maior de participantes desta vez. A quantidade de organizações que endossam a realização dos protestos e o número de cidades com atividades programadas cresceram em relação ao final de maio.

Em Brasília e no Rio, manifestantes incluíram na pauta dos atos protestos contra a privatização da Eletrobras, que deve ser aprovada na Câmara no início da próxima semana.

Na capital federal, o ato contou com uma carreata que percorreu algumas vias principais da cidade até a concentração para uma passeata. Indígenas de várias partes do país também se juntaram aos manifestantes para condenar a omissão do governo na proteção desses povos na pandemia e também em protesto contra a mudança na demarcação de terras.

Ao contrário dos atos em favor do governo, os manifestantes não foram autorizados a descer para a praça dos Três Poderes e se concentram no gramado em frente ao Congresso Nacional.

O evento no DF colocou no mesmo carro de som parlamentares de diversos partidos de esquerda.

Discursam com palavras duras contra o presidente, especialmente condenando a condução no enfrentamento da pandemia e o autoritarismo do governo, parlamentares como os deputados federais Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Pedro Uczai (PT-SC) e o deputado distrital Leandro Grass (Rede).

Também há diversas bandeiras de partidos, como PT, PSOL e PCdoB, além de inúmeras camisetas com a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No Recife, mesmo sob chuva, o evento foi maior do que o anterior. O ato também uniu representantes de partidos à esquerda que disputam espaço na corrida eleitoral de 2022, como PT e PDT. O estado e a cidade são governados pelo PSB, que também teve representantes no protesto.

No ato anterior, realizado no dia 29 de maio, a Polícia Militar de Pernambuco atacou violentamente as pessoas que protestavam pacificamente contra o governo federal.

Diante do desgaste político, o governo estadual escalou agentes de conciliação para evitar qualquer tipo de animosidade entre polícia e manifestantes. Poucos policiais militares acompanharam os manifestantes à distância

Os manifestantes tentaram cumprir normas de distanciamento social e se organizaram em três grandes filas. Em megafones, pessoas da organização do ato alertavam para a necessidade de manter o distanciamento e usar o equipamento de proteção.

O Ministério Público de Pernambuco, baseado em decreto estadual que proíbe a realização de eventos públicos e privados para evitar aglomerações, expediu recomendação para que o protesto não fosse realizado.

Em Maceió, a manifestação se concentrou na praça Centenário, no bairro do Farol, e seguiu pela avenida Fernandes Lima.

Também ocorreram protestos em Aracaju, Belém, João Pessoa, São Luís e Teresina.

OUTRAS CIDADES
Até sexta-feira (18), estavam confirmados atos em mais de 400 cidades de todos os estados brasileiros, incluindo as 27 capitais. No exterior, a previsão era a de concentrações em 41 cidades, em países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Portugal, Itália, Finlândia e Argentina.

No mês passado, segundo a coordenação, houve no total movimentações em 210 cidades no Brasil -algumas, assim como agora, tiveram mais de uma atividade. No exterior, o número também foi menor: 14 cidades. No total, foram 227 atos.

A recomendação é que os manifestantes usem máscaras (preferencialmente do tipo PFF2), se possível levem máscaras para doação, carreguem álcool em gel e mantenham o distanciamento social. Nos protestos de maio, as orientações foram seguidas, mas houve registros de aglomerações.

No sábado passado (12), Bolsonaro participou na capital paulista de um passeio de moto com apoiadores, depois de eventos semelhantes em Brasília e no Rio.

O presidente e auxiliares foram multados pelo governo João Doria (PSDB) por não usarem máscara contra a Covid-19 no evento. Motociclistas simpatizantes do governo também deixaram de usar a proteção facial -item que os protestos da oposição dizem diferenciá-los em relação aos dos bolsonaristas.

A Campanha Fora, Bolsonaro é composta por frentes como a Povo sem Medo, a Brasil Popular e a Coalizão Negra por Direitos, que reúnem centenas de entidades, entre elas MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), UNE (União Nacional dos Estudantes), CMP (Central de Movimentos Populares) e Uneafro Brasil.

Partidos de esquerda como PT, PSOL e PC do B também integram a campanha. O PT, que apoiou com mais afinco na véspera o ato anterior, desta vez decidiu entrar para valer na mobilização.

O ex-presidente Lula anunciou que avalia comparecer, mas a tendência é que ele não vá. O envolvimento dele no assunto tinha sido discreto em maio e assim continuou até meados desta semana, quando se pronunciou em suas redes sociais sobre a possibilidade de ir.

PSOL, PC do B, PCB, UP, PCO e PSTU, que já estavam participando ativamente da articulação, continuam envolvidas. Além disso, outros partidos anunciaram apoio à iniciativa.

O Cidadania, que se apresenta como um partido de centro, comunicou nesta semana sua adesão às manifestações, em nota assinada pelo presidente nacional, Roberto Freire. Ele também afirmou que irá comparecer.

Siglas como PSB, PDT e Rede Sustentabilidade adotaram, institucionalmente, posição mais cautelosa -dizendo que não estimulam a formação de aglomerações-, mas sem proibir a presença de seus quadros. Com isso, núcleos e seções regionais desses três partidos decidiram se juntar às manifestações.

Partidos de oposição a Bolsonaro mais à direita ignoraram o tema ou simplesmente deixaram a decisão a critério de cada filiado ou corrente interna.

Bolsonaro minimizou o impacto das marchas contra ele em maio e lançou mão de uma estratégia para tachar a iniciativa como evento de campanha de Lula. O adversário, que não esteve presente, lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições de 2022.

Fora do ambiente partidário, a mobilização somou a adesão das dez principais centrais sindicais, que ficaram reticentes da outra vez, muito pela pressão de categorias profissionais que demonstraram preocupação com a incoerência de se juntar às multidões e defender o distanciamento social.

Na semana passada, o apoio às manifestações foi deliberado em um fórum das centrais, que inclui CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), entre outras.

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que em maio preferiu manter discrição na fase de preparação dos atos, desta vez incentiva a participação de seus integrantes.

O movimento Acredito, que prega renovação política e está posicionado mais ao centro, também se integrou à organização dos protestos. Já MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem Pra Rua), que levaram a direita às ruas contra governos do PT e hoje se opõem a Bolsonaro, mantiveram distância.

Ativistas envolvidos na convocação deste sábado dizem que a chegada de novas forças e a esperada adesão de mais manifestantes se devem à crescente insatisfação com o governo Bolsonaro, mas também ao clima pacífico e organizado e às precauções sanitárias do protesto anterior.

As principais bandeiras são o impeachment de Bolsonaro, a vacinação ampla contra a Covid e o pagamento de auxílio emergencial de R$ 600. As pautas foram definidas por centenas de organizações, que têm buscado unidade de discurso e se blindado contra atritos que comprometam a coesão.

Entre os objetivos, está ainda expressar apoio à CPI da Covid, vista como caminho que pode levar à responsabilização do presidente pelo agravamento da pandemia e servir de impulso para a Câmara dos Deputados abrir o processo de deposição dele, possibilidade tratada hoje com ceticismo.

Promover atos de rua em um cenário de descontrole da Covid foi um dilema que provocou debate em setores da esquerda nos últimos meses, mas a divergência de opiniões foi superada com as convocações para o dia 29 que atraíram milhares de pessoas em cidades do Brasil e de outros países.

O racha foi contornado diante do diagnóstico, feito por líderes do chamado campo progressista, de que solucionar as crises sanitária, econômica, institucional e política é inviável com Bolsonaro no poder.

O CAMINHO DO IMPEACHMENT
– O presidente da Câmara dos Deputados é o responsável por analisar pedidos de impeachment do presidente da República e encaminhá-los;

– O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é aliado de Jair Bolsonaro. Ele pode decidir sozinho o destino dos pedidos e não tem prazo para fazê-lo;

– Nos casos encaminhados, o mérito da denúncia deve ser analisado por uma comissão especial e depois pelo plenário da Câmara. São necessários os votos de pelo menos 342 dos 513 deputados para autorizar o Senado a abrir o processo;

– Iniciado o processo pelo Senado, o presidente é afastado do cargo até a conclusão do julgamento e é substituído pelo vice. Se for condenado por pelo menos 54 dos 81 senadores, perde o mandato;

– Os sete presidentes eleitos após a redemocratização do país foram alvo de pedidos de impeachment. Dois foram processados e afastados: Fernando Collor (1992), que renunciou antes da decisão final do Senado, e Dilma Rousseff (2016).

Folhapress