Atualmente, apenas no Brasil, cerca de 13 milhões de pessoas possuem diabetes, mas a boa notícia é que alguns cuidados, especialmente relacionados aos pés, podem ajudar a prevenir as complicações da doença. De acordo com os irmãos e médicos ortopedistas Daniel e Tiago Baumfeld, especialistas em cirurgia do pé e tornozelo, uma série de alterações pode ocorrer nos pés de pessoas com diabetes não controlado, como a perda de sensibilidade. “O ‘pé diabético’ é ocasionado pelo Diabetes Mellitus e acontece quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma lesão ou ferida mais grave”, explica Daniel Baumfeld.
De acordo com o ortopedista, com o passar do tempo, as sensações de dor e tato, chamadas de sensibilidade protetora, desaparecem. “Essa ‘proteção’ conferida pela dor é o que nos faz identificar pequenos ferimentos e evitar com que os mesmos avancem, por exemplo”, completa Baumfeld. Em função da falta dessa proteção, pequenos machucados nos pés em pacientes com diabetes podem progredir rapidamente para grandes feridas, comprometendo, em alguns casos, a viabilidade do membro, sendo necessária sua amputação.
Mas, segundo o ortopedista Tiago Baumfeld, não há motivos para pânico. Existem várias atitudes que, quando praticadas no dia a dia, contribuem para evitar essa evolução catastrófica, sendo a mais importante delas o controle dos níveis de glicose. “Não adianta tomar qualquer medida preventiva local nos pés se os níveis de glicose não estiverem controlados. Esse é o primeiro e mais importante passo”, salienta.
Sobre os cuidados necessários com os pés, os irmãos ortopedistas destacam os mais importantes:
– Todos os pacientes diabéticos devem examinar os pés diariamente. Se necessário, pedir ajuda a familiar ou usar espelho, lembrando sempre de observar os espaços entre os dedos;
– Avisar o médico se tiver calos, rachaduras, alterações de cor ou úlceras. A abordagem precoce no aparecimento de qualquer uma dessas alterações é essencial para o sucesso do tratamento;
– Vestir sempre meias limpas, preferencialmente de lã, algodão, sem elástico, a fim de evitar pontos de pressão e favorecer o controle da umidade local;
– Calçar sapatos que não apertem, de couro macio ou tecido. Não usar sapatos sem meias;
– Sapatos novos devem ser usados aos poucos. Usar inicialmente, em casa, por algumas horas por dia. Qualquer ponto de pressão deve motivar a adaptação ou troca imediata do calçado;
– Nunca andar descalço, mesmo em casa. Uma ferida por um acidente perfurocortante pode não terminar bem;
– Lavar os pés diariamente, com água morna e sabão neutro. Evitar água quente. Secar bem os pés, especialmente entre os dedos;
– Após lavar os pés, usar um creme hidratante à base de lanolina, vaselina líquida ou glicerina. Não usar entre os dedos para evitar acúmulo de umidade local;
– Cortar as unhas de forma reta, horizontalmente. Nunca “cutucar” as bases das unhas, essa pode ser uma porta de entrada significativa para infecções;
– Nunca remover calos ou unhas encravadas em casa;
Por fim, Tiago Baumfeld reforça a importância de os pacientes serem acompanhados por profissionais especializados. “O paciente com diabetes precisa de acompanhamento multidisciplinar, que um endocrinologista, ortopedista especialista em pés, cirurgião vascular, enfermeiros especialistas em feridas, psicólogos, entre outros profissionais”, finaliza o médico.
Os irmãos e médicos ortopedistas dr. Daniel Baumfeld e dr. Tiago Baumfeld são especialistas em cirurgia do pé e tornozelo, proprietários da Clínica Vicci e mestres em ortopedia pela UFMG. Daniel é superintendente médico do Cruzeiro Esporte Clube e Tiago é supervisor médico.