por Karin Panes
O home office é uma tendência positiva que veio para ficar trazendo qualidade de vida aos funcionários, liberdade geográfica, redução de custos às empresas e favorecendo o relacionamento com os clientes. Porém, como tudo o que é novo traz consigo alguns desafios. Um dos maiores desafios está no papel do gestor: como gerenciar os funcionários a distância, mantendo-os motivados, proativos e engajados.
Nesse novo modelo, além de garantir que o funcionário seja produtivo, o gestor precisa entender a nova realidade dele em casa. Muitas vezes, a conexão da Internet cai, o filho entra no meio da reunião, o cachorro late, rompendo totalmente o protocolo de trabalho que antes era imposto.
Dessa forma, os líderes precisam se reinventar e rever seus velhos conceitos deixando de lado o micro management (modelo que ainda resiste baseado na gestão das atividades. Nesse modelo, o gestor pega no pé do funcionário e fica de olho no que ele está fazendo). Hoje, ao agir dessa maneira, por exemplo, observando se colaborador ficou muito tempo desconectado ou fez “login” mais tarde, é como se estivesse invadindo a privacidade dele, como se não compreendesse os desafios que o home office trouxe para a vida desses funcionários, gerando uma sensação de desconfiança, incompreensão.
Um das formas de enfrentar os novos impasses impostos por essa nova realidade, a comunicação é a chave. Os líderes precisam estabelecer uma comunicação aberta, mais humana e compreensiva com o colaborador para que ele se sinta acolhido e não vigiado.
Agora haverá uma grande quebra de paradigma em que a produtividade e o engajamento do funcionário serão baseados na entrega. Muitos líderes ainda não aceitam essa mudança e querem olhar o que funcionário está fazendo no detalhe. Esse é um desafio e vai gerar uma ansiedade muito grande nesse gestor que terá que rever seus conceitos pessoais para aprender a lidar com sua equipe individualmente, entendo e se adequando a necessidade de cada funcionário.
O gestor terá de abrir sua mente, segurar a ansiedade e respeitar o espaço do seu colaborador para que ele possa produzir e entregar o resultado esperado.
Esse cenário também é um desafio para o funcionário que precisa ter disciplina e entender que em casa as distrações podem interferir na sua performance e produtividade. Ele terá de estabelecer rotinas dentro de casa, dialogando com a família para que, juntos, consigam adequar suas rotinas e diminuir as interferências que possam o prejudicar. Todas essas dificuldades também precisam ser compartilhadas com o gestor para que ele possa entender o cenário e encontrar a melhor maneira de ajudar esse funcionário a manter a sua produtividade.
No nível mais elevado a comunicação também precisa ser clara e as decisões da empresa devem ser compartilhadas com os funcionários, na medida do possível, dando assim maior visibilidade sobre o cenário futuro, trazendo clareza e confiança, e assim, diminuindo o grau de ansiedade dos colaboradores. As pessoas precisam de uma perspectiva. Reuniões periódicas, reforço de metas e ações de engajamento para que todos tenham o mesmo foco, são exemplos ações que podem contribuir.
Assim, nesse novo cenário a distância vai aproximar as pessoas, tornando a gestão mais humanizada. Agora não é o momento de cobranças, mas de aprendizados. Os gestores precisam adotar uma mentalidade mais humana para lidar com seus funcionários, conhecendo seus problemas e apoiando suas necessidades. No mesmo caminho, os colaboradores também precisam criar mecanismos para se adequarem ao novo modelo de trabalho e continuarem entregando bons resultados. Nesse processo, a comunicação tem de existir para que o trabalho flua e os funcionários e gestores se sintam seguros, comprometidos e engajados com a empresa.
*Karin Panes é treinadora comportamental, Master Coach especialista em Psicologia Positiva, Neurocientista e CEO da Ato Solutions, empresa especializada em Consultoria, Treinamento e Desenvolvimento Humano.