Covid-19: número de mortes no país sobe para 136

O Ministério da Saúde divulgou uma nova atualização ontem, domingo (29), dos dados sobre o novo coronavírus (covid-19), no Brasil. O número de mortes chegou a 136, 22 a mais do que o número anunciado pela pasta nesse sábado (28), quando foram registrados 114 óbitos.

São Paulo concentra 98 do total de mortes, seguido por Rio de Janeiro (17), Ceará (cinco) e Pernambuco (cinco), Paraná (dois), Rio Grande do Sul (dois), Santa Catarina (um), Goiás (um), Distrito Federal (um), Rio Grande do Norte (um), Piauí (um) e Amazonas (um). Com 22 novas mortes, foi o maior resultado diário registrado desde o início, juntamente com o de ontem, que teve o mesmo número.

Em relação ao perfil das pessoas que morreram, 39,2% eram mulheres e 60,8%, homens. Mantendo o padrão identificado ao longo da semana, 90% tinham mais de 60 anos e as doenças crônicas mais associadas foram cardiopatias, diabetes, pneumopatia e condições neurológicas.

Os casos confirmados da doença aumentaram de 3.904 para 4.256. O resultado de mais 352 pessoas infectadas marcou um crescimento de 9% em relação ao total de ontem. O total, contudo, foi menor do que o registrado em dias anteriores, quando os novos casos ficaram entre 482 e 502.

Em entrevistas à imprensa, durante a semana, a equipe do Ministério da Saúde afirmou que era esperado um crescimento diário de até 33%. Em comparação com o início da semana, quando havia 1.891 casos, o total representa uma ampliação de 225%.

Os estados com mais casos foram São Paulo (1.406), Rio de Janeiro (558), Ceará (314), Distrito Federal (260) e Minas Gerais (205). A menor incidência está em estados da Região Norte, como Amapá (quatro), Rondônia (seis), Tocantins (nove) e Amazonas (14).

O índice de letalidade, que começou a semana abaixo de 2%, atingiu 3,2% com o balanço de hoje. Na distribuição por estados, os mais altos são em São Paulo (6,8%), Pernambuco (6,8%), Rio de Janeiro (2,4%), Goiás (1,7%) e Rio Grande do Norte (1,5%). O número de hospitalizações em razão do novo coronavírus chegou a 625.

Em todo o mundo, o painel de monitoramento da Organização Mundial da Saúde (OMS) registra hoje 638. 461 mil casos e 30.105 mil óbitos, em 202 países. Os Estados Unidos são o país com mais casos confirmados (103.321), seguidos por Itália (94.472), China (82.356), Espanha (72.248) e Alemanha (52.547).

MPPE abre procedimento para investigar se prefeito infringiu determinação determinada a impedir propagação do Covid-19

O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Francisco Dirceu Barros, abriu um procedimento de investigação criminal com o intuito de apurar a notícia de que o prefeito de um município pernambucano descumpriu a determinação do poder público destinada a impedir a propagação do Covid-19.

Segundo o procurador-geral, o MPPE tomou conhecimento de que o gestor público comunicou à população que o comércio da referida cidade estaria liberado para funcionar neste sábado, das 8 às 14 horas.

“O ato do prefeito, se confirmado, viola o Decreto-Lei Estadual nº48.834/2020, que determina em seu artigo 2º a suspensão do funcionamento de todos os estabelecimentos de comércio localizados em Pernambuco. As exceções são elencadas no próprio decreto”, apontou Dirceu Barros.

O chefe do Ministério Público esclareceu ainda que, se for confirmada a veracidade dos fatos, o prefeito pode ter cometido os crimes de infração de medida sanitária preventiva (artigo 268 do Código Penal) e incitação ao crime (artigo 286 do Código Penal). Ele alerta que uma eventual condenação com trânsito em julgado nos citados crimes pode acarretar na suspensão dos direitos políticos do prefeito, que não poderá votar ou ser votado enquanto durarem os efeitos da condenação.

“No meio de uma crise, é necessário que todas as autoridades observem irrestritamente o princípio da legalidade. O caos será generalizado se cada Prefeitura começar a infringir as normas legais. O MPPE não se envolve em questões ideológicas ou econômicas; nosso papel, neste caso, é defender a ordem jurídica, como preconiza o artigo 127 da Constituição Federal”, complementa o procurador-geral.

O Gabinete de Acompanhamento da Pandemia do Novo Coronavírus expediu recomendação para que todos os membros do Ministério Público de Pernambuco observem se o Decreto-Lei Estadual nº48.834/2020 está sendo rigorosamente cumprido. Em caso de violação, os promotores de Justiça devem comunicar o fato ao procurador-geral de Justiça e à Polícia Civil.

Serviços de delivery a todo vapor

Empreendimento caruaruense já vem atendendo à alta clientela através do delivery. Foto: Pedro Augusto

Os serviços de delivery nunca foram tão solicitados como estão sendo agora neste período de pandemia por causa do Covid-19. Tendo que fechar seus estabelecimentos para evitar aglomeração de pessoas, além de decreto publicado esta semana pelo governador Paulo Câmara que proíbe ainda a reunião de mais de dez pessoas no mesmo ambiente, alguns restaurantes, bares e lanchonetes resolveram investir no sistema de entrega trazendo algumas novidades.

O Point do Caldinho, por exemplo, um dos mais tradicionais bares da cidade, garante que a tradicional cerveja gelada e seus petiscos podem chegar na casa do cliente em minutos. “Nós montamos um sistema de entrega através do telefone e também recebemos pedidos aqui no estabelecimento. As pessoas podem receber em casa ou pegar aqui almoço, petiscos e até sua bebida preferida”, avisou a empresária Maria de Fátima.

Ela lembrou que o funcionamento de seu sistema de entrega é de terça-feira a domingo, através do telefone (81) 3725-9171. Para incentivar os clientes, o Point do Caldinho oferece refrigerante de lata grátis para quem pedir quentinha, e refrigerante litro de cortesia para quem pedir almoço completo. “Uma forma de incentivar os clientes e manter o nosso quadro de pessoal também”, disse.

Outro restaurante, o Rabada do Bigode, também teve que fechar suas portas, mas não deixou sua clientela sem a tradicional ‘rabada’ e a ‘galinha assada’. “Resolvemos fortalecer o sistema de delivery e entrega no balcão. É uma forma de continuar com algumas pessoas trabalhando nesse período de crise e ainda manter a nossa clientela com café da manhã e almoço”, afirmou José Deusdete, o famoso Bigode. Os telefones para contato são (81) 99981-2542, 99771-2111 e pelo whatsapp (81) 98996-6988.

INSANO’S

A Hamburgueria Insano’s também reforçou seu sistema de delivery com mais pessoal trabalhando nos bastidores para garantir uma entrega rápida. “Nossa média de entrega é de 40 minutos no máximo. Também temos promoções que vão de segunda a sexta. Algumas com refrigerante grátis e outras no sistema de combos ou até mesmo de clone, ou seja, compra um e ganha outro”, destacou o empresário Carlos Roberto.

Carlinhos, como é conhecido, informou que, com o fechamento das lojas, teve que reduzir o quadro de funcionários pela metade. Ele disse ainda que o sistema de delivery está funcionando de 11h a meia-noite. O restaurante cobra uma taxa de R$ 6,00. O telefone é o (81) 3136-2170.

O restaurante Maka Sushi está com entrega das 18h a meia-noite. “Nós estamos com uma promoção especial: clientes num raio de três quilômetros não cobramos taxa de entrega”, disse Gustavo Bezerra. Ele lembrou ainda que as entregas cumprem um prazo máximo de 30 minutos. “Devido ao aumento da demanda, reforçamos a equipe de entrega. Tivemos que reduzir o quadro na questão de atendimento, porém na cozinha reforçamos”, afirmou. As entregas do Maka Sushi são de quarta a Domingo.

SEM ENTREGA

Já alguns restaurantes tradicionais da cidade, a exemplo do Tio Armênio e o Tasquinha do Tio, não aderiram ao sistema de delivery. “No momento paramos nossas atividades, seguindo as determinações da Vigilância Sanitária. Vamos aguardar os próximos dias para saber se iremos atuar com delivery”, comunicou Cláudio Silva, gerente dos dois estabelecimentos.

FPF estipula prazo sobre o Pernambucano

Central ficou apenas no empate por 1 a 1 com o Afogados. Foto: Pedro Augusto

Pedro Augusto

Devido à pandemia do novo coronavírus, que acabou provocando a paralisação e o adiamento de competições esportivas espalhadas pelo mundo, o momento atual é de indefinição em relação à sequência do Campeonato Pernambucano. Esta semana, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, indicou o mês de setembro como o prazo final para que o Estadual retorne ou não do ponto o qual precisou parar: na última rodada da primeira fase. Segundo o mandatário da FPF, se até o mês definido, a bola não volte a rolar pelo PE2020, ele terá de ser cancelado, sem campeão ou clubes rebaixados definidos.

“Essa é uma avaliação nossa e da maioria das federações. Todas as opções foram colocadas à mesa e essa foi uma delas. Se nenhum Estadual voltar até setembro, nós precisaremos cancelar a competição. É uma decisão que será conjunta. Ou todos (estados) fazem, ou ninguém. Mas, que fique claro, esse é o plano B. O plano A é conseguir disputar o campeonato até o fim e, consequentemente, iniciar os torneios nacionais”, afirmou à imprensa pernambucana, Evandro Carvalho.

Na sua fala, o mandatário da FPF ainda destacou os motivos pelos quais o cancelamento do Estadual não resultará em um campeão. “Se um torneio é anulado, ele não gera efeito jurídico. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) já se posicionou sobre isso. Com isso, a classificação para Série D e Copa do Brasil de 2021 seria baseada no desempenho dos clubes no Pernambucano de 2019”. Através de seu site, a Confederação Brasileira de Futebol reforçou a idéia da manutenção dos estaduais e da Copa do Nordeste antes das disputas dos nacionais das séries A, B, C e D.

CENTRAL

Assim como todos os clubes pernambucanos e brasileiros, além de grande parte dos internacionais, atualmente, o Central encontra-se sem atividades em relação ao seu departamento de futebol. Integrante do G7 – grupo que é formado pelos times interioranos que se encontram disputando o Estadual e defendem o cancelamento do PE2020 -, a Patativa, hoje, encontra-se com ainda mais dificuldades financeiras para conseguir arcar com os seus compromissos firmados para a temporada.

Em entrevista por telefone durante a tarde da última quarta-feira (25), o segundo vice-presidente do Executivo, Warley Santos, realizou um pequeno balanço sobre o momento atual do clube. “Devido ao sistema de isolamento social para tentar se conter a proliferação do novo coronavírus, hoje, o Central encontra-se apenas funcionando de forma reduzida no que se refere ao seu departamento administrativo. Liberamos todo o elenco, bem como a comissão técnica para que esse isolamento seja cumprido, conforme recomendação da CBF”.

“Como a situação atual é de indefinição, estamos buscando alternativas para a sequência ou não da temporada. Defendemos a ideia de que o Estadual seja cancelado, haja vista que os times, principalmente do interior, encontraríam grandes dificuldades para retornar à competição no tocante às questões financeiras. Como temos participação garantida na Série D 2020, grande parte do nosso elenco possui contrato em vigor até o próximo mês de novembro. Mas diante dessa paralisação inesperada por todos, teremos de estudar a possibilidade de até reincidir alguns contratos, até porque as dificuldades do clube, agora, se encontram ainda maiores”.

De acordo com o segundo vice-presidente, um dos patrocinadores já se adiantou alegando dificuldades econômicas para cumprir com os seus compromissos em relação ao clube em meio ao alastramento do coronavírus. “Esse informou que só conseguirá nos pagar tão logo o Estadual retorne, já outro propôs o pagamento mensal de apenas 50%. Nosso volume de receita também se encontra bastante comprometido, haja vista que não há rendas oriundas das partidas, as lojas do Lacerdão não terão condições de pagar os seus aluguéis, já que se encontram fechadas, além disso, não deveremos receber tão cedo um valor, que estava sendo aguardado oriundo de um processo jurídico. Então, a situação está complicada!”.

Com o objetivo de ajudar de alguma forma os clubes do Estadual neste momento difícil de infestação, a FPF realizou o repasse de R$ 100 mil, através do sistema de rateio. “Dez mil reais para cada time até que contribuiu para alguma coisa, no nosso caso, pagamos passagens aéreas para que jogadores retornassem às suas cidades de origem, entretanto não resolveu em nada os nossos problemas. O Central, assim como a maioria dos clubes, está vivenciando um momento muito difícil”, finalizou Warley Santos.

PF alerta para golpe durante pandemia

A Polícia Federal de Pernambuco está alertando para mais um golpe que tem sendo enviado, através de links divulgados no whatsapp, facebook e na internet para os celulares e computadores das pessoas. Desta vez, os criminosos se encontram oferecendo de forma enganosa o acesso grátis da plataforma com todos os filmes e séries disponíveis na Netflix, enquanto durar o período de isolamento contra o coronavírus.

Desde a pandemia da doença que os golpes virtuais têm se proliferado em contextos de crise e têm sido explorados por criminosos do ciberespaço para sustentarem as suas campanhas de ciberataques no alarmismo social. Segundo a PF, é bastante comum que os cibercriminosos se aproveitem de períodos como este de isolamento social devido à propagação do Covid-19, para tentar aplicar golpes financeiros e captar senhas de acesso com temáticas personalizadas para enganar as pessoas.

COMO SE PROTEGER

Ao receber uma mensagem deste tipo, desconfie sempre antes de clicar nos links compartilhados no whatsapp ou nas redes sociais; não compartilhe links duvidosos com seus contatos sem antes saber se são autênticos; nunca preencha nenhum cadastro, formulário ou pesquisa fornecendo seus dados pessoais de links enviados pelo whatsapp; nunca baixe programas piratas para o celular ou computador, bem como instale um bom antivírus em seu celular ou computador.

Vamos vencer, mas há muito a ser feito

Pedro Augusto

A afirmação acima é do especialista em Economia e colunista do Jornal VANGUARDA, Maurício Assuero, que analisou, através de entrevista, vários aspectos relacionados às finanças do país e do mundo, em tempos difíceis de propagação do novo coronavírus. O responsável pela coluna ‘Destaque Econômico’ do VANGUARDA também avaliou as situações do Estado e de Caruaru.

Jornal VANGUARDA – Que impactos financeiros já estão sendo observados em todo mundo devido à propagação do Covid-19?

Maurício Assuero – Nós temos observado uma queda intensiva nas bolsas de valores no mundo inteiro e perdas de fortunas individuais. Na primeira semana de março, aproximadamente, 500 investidores já tinham perdido algo em torno de US$ 450 bilhões de dólares. Lamentavelmente, esse cenário vai piorar porque em todo mundo as fronteiras estão fechadas, o consumo caiu vertiginosamente e, com ele, a produção. Os esforços, agora, do ponto de vista econômico, é salvar empregos. Se não conseguirmos, os resultados serão piores do que na Grande Depressão que ocorreu em 1929. Repare que até mesmo a circulação da moeda pode ser um agente propagador do vírus e, só isso, demonstra o cenário de horror econômico que vamos enfrentar.

JV – No Brasil, os efeitos negativos provocados pelo novo coronavírus poderão ser ainda maiores do que vêm sendo estimado pelos economistas?

MA – Eu acho que o cenário ainda é muito incerto. Não há dúvida de que se for reproduzido aqui o que aconteceu na Itália, o desastre será superlativo, até mesmo porque temos uma população bem maior. Mas os governos adotaram medidas drásticas no sentido de proibir a circulação de pessoas, mesmo com todos os danos que isso vai causar na economia. O governador de Pernambuco mandou fechar shoppings, academias, teatros, comércio de praias etc. A Feira de Caruaru foi suspensa, em Santa Cruz do Capibaribe, o Centro de Modas não funcionará. A gente sabe que neste último caso chegam pessoas de todo Brasil e isso seria um risco muito grande. Então, se conseguirmos sucesso em 30 dias, vamos perder menos do que o esperado. Nesse tempo, esperamos que surja uma vacina e tudo volte ao normal. Se conseguirmos amortizar a propagação, os efeitos serão atenuados, mas ponha um ano e meio para voltarmos aos níveis econômicos do inicio do ano. O pior cenário é caso não consigamos debelar o contágio. Se isso acontecer, dificilmente o país se recuperará num prazo de cinco anos.

JV – De que forma o senhor avalia as medidas que estão sendo postas em prática pelo Governo Federal no intuito de tentar minimizar ao máximo o caos financeiro impulsionado pela doença?

MA – Essa pandemia pegou o Brasil numa trajetória tímida de crescimento, mas o importante é trazer a confiança do empresário de volta. O governo anunciou um pacote de medidas para ajudar as micro e pequenas empresas, ajudar empreendedores individuais e pretende destinar R$ 15 bilhões para ajudar os autônomos. Também tem previsão de ajuda via programa do Bolsa Família. Essa é a questão fundamental: permitir que a população tenha renda e possa manter o nível de consumo que tinha antes. No meu entendimento houve um certo desprezo por parte do presidente Jair Bolsonaro. Em minha opinião, o Ministério da Economia perdeu uma semana cometendo o mesmo erro o qual Lula cometeu em 2008, quando disse que a crise “era só uma marolinha”. Lógico que as mortes de 2008 foram apenas de pessoas que perderam fortunas na bolsa de valores e, agora, têm pessoas morrendo por causas diferentes. Tanto em 2008 como agora, o governo pretendeu manter o consumo, mas internamente já se deveria estar negociando alternativas.

JV – Quais consequências em relação à economia nacional poderão ser identificadas com os constantes destemperos do presidente do Bolsonaro e de seus filhos, neste momento difícil de pandemia mundial?

MA – Em relação aos filhos, pelo menos neste momento, eu vi um comentário infeliz do deputado Eduardo Bolsonaro culpando a China. Na verdade, somos todos vítimas. Começou na China, ocorreu omissão de dados por parte das autoridades de lá e tudo mais. O Brasil mantém uma matriz comercial com a China, temos até um escritório lá comandado por uma especialista na economia chinesa, de modo que não achei oportuno a forma como foi dito. Se essa era a opinião dele, deveria ter tido numa roda de amigos, mas não da forma que fez. Eu discordo de várias coisas que o presidente faz, mas minha preocupação neste instante é que aumentar a instabilidade política não vai ajudar. Acho que a população tem todo direito de criticar ou de apoiar, afinal vivemos numa democracia (pelo menos no papel). Agora, querer impor um processo de impeachment num momento deste é tão condenável quanto algumas coisas que ele faz e fala. Não iremos atrair investidores botando para fora um presidente a cada mandato. Eu não sou jurista, mas o artigo 4º da Lei Nº 1079/50, especifica os crimes de responsabilidade do presidente, pelos quais ele pode ser impedido. Eu não vejo como enquadrá-lo nos incisos deste artigo e vejo como pontos negativos para economia essas tentativas. Eu sou defensor da Constituição. Em minha opinião, a forma de tirar um governante ruim do poder é pelo voto. Vejo um defeito muito grande da oposição que é a falta de projetos estruturadores. Há 15 meses que a oposição só fala “fora Bolsonaro”. O problema é que todos estão interessados no poder e não no país. Deveriam votar contra o que fosse ruim, votar a favor do que fosse bom, mas não fazem isso. Intensificam o ódio vivenciado por ambos os lados.

JV – Quais serão os desafios após o controle do Covid-19?

MA – Imagine uma pessoa que vive confinada numa cadeira de rodas e faz um tratamento com células tronco e volta a andar… Tem todo um processo de reaprendizagem, de confiabilidade em se manter em pé. Teremos que fazer o mesmo. O governo baixou os juros para 3,75% ao ano. Na prática, isso significa que os juros reais serão negativos (juros reais são aqueles quando se desconta a inflação). Isso deve provocar uma fuga de aplicações de renda fixa e aumento na bolsa. A desvalorização do real poderia ter nos salvado com o aumento de exportações, mas o quadro foi esse: os países não compram nosso produto porque a produção deles também caiu. Todo mundo tem cobrado muito do governo investimento público, mas isso só vai ser possível se houver flexibilização da PEC dos gastos, que depende do Congresso. Costumo dizer que destruir é mais fácil do que construir ou reconstruir. Perdemos um ano e se antes eu achava que teríamos um crescimento entre 1,5% e 2%, com as medidas adotadas pelos governos estaduais, acredito que não haverá crescimento em 2020.

JV- É sabido que todas as classes econômicas estão sendo prejudicadas com a propagação da doença, mas atualmente tem se havido uma preocupação maior em relação às atividades dos trabalhadores informais e das micro-empresas. Quais seriam as alternativas para tentar se garantir impactos menos desastrosos em relação a este nicho específico de mercado?

MA – As micros e pequenas empresas representam algo em torno de 30% do PIB brasileiro. É preciso esforços para que elas não encerrem as suas atividades. Acredito que criar linhas de crédito direcionadas ao setor, rever dívidas etc. Também poderia se constituir em ações proativas que as ajudariam. As grandes empresas possuem recursos adicionais, podem fazer chamamento público de ações, podem captar recursos através de títulos de dívidas, como debêntures, por exemplo, mas as pequenas não.

JV – Em relação a Pernambuco e Caruaru, qual a análise a ser feita e as projeções futuras?

MA – No ano passado, Pernambuco obteve um crescimento econômico superior ao do país. Grande parcela do PIB do Estado, cerca de 75%, está concentrada em serviços, onde se destacam o turismo e o comércio. Temos uns 20% para indústria e uns 5% para o agropecuário. O impacto maior vai ser, exatamente, no segmento que mais contribui. O fechamento do comércio, a proibição de aglomeração, em bares etc, reduzirá essa parcela absurdamente. Turismo, fica para discutir políticas no segundo semestre do ano. No caso de Caruaru, a situação não é muito diferente. Temos a feira, que já foi afetada, temos o adiamento do espetáculo de Fazenda Nova e temos o São João se aproximando e, querendo ou não, isso, é uma grande preocupação. Temos dois meses para debelar esse surto porque se chegarmos em maio com suspeitas, não vai ser fácil.

JV – Quais são as recomendações econômicas para os atuantes dos setores formais e informais de Caruaru?

MA – É necessário ser feito esforços para manter o pessoal informal com renda, pois como dizia Keynes “pague a um cidadão para de manhã carregar pedras de um lugar para outro e de tarde trazê-las de volta”. Fazer uma avaliação de quanto pode ser tirado de investimento, de quanto se pode reduzir de gastos, para sobrar dinheiro e incentivar a atividade econômica. Buscar recursos externos, no Banco Mundial, no Bird, enfim, focar projetos que sejam geradores de renda no curto prazo. Olhar o quanto pode ser feito com os impostos, eventualmente postergando a cobrança. Como a prefeitura tem por base arrecadação, precisa planejar ações com um nível de arrecadação menor e no meu entender isso significa apertar o cinto.

Alta procura por vacinas contra a gripe

Pedro Augusto

A demanda por vacina contra a gripe foi intensa em Caruaru durante os primeiros dias da campanha nacional, iniciada na última segunda-feira (23). De acordo com o cálculo da Secretaria Municipal de Saúde, mais de 20 mil doses das vacinas foram disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, sendo todas elas utilizadas até a última quarta-feira (25), na cidade. Uma nova remessa está prevista para chegar nos próximos dias e as unidades locais serão reabastecidas, bem como o drive-thru no Caruaru Shopping e no Polo Caruaru.

“Como forma de proteção, orientamos os idosos a não buscar as unidades básicas de saúde até nova divulgação do reabastecimento das unidades ou drive-thru”, explicou a coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Sarah Rafael, que também comemorou o resultado das estratégias utilizadas para a vacinação, de forma rápida e sem exposição dos idosos.

Dentre os milhares de idosos que estiveram se vacinando no início da campanha, a reportagem VANGUARDA conversou com seu Heleno da Silva. Atualmente com 67 anos, ele sabe muito bem da importância de se prevenir contra as doenças. “Com esta atitude, nós que fazemos parte da boa idade estamos nos prevenindo contra a gripe, que costuma causar vários problemas nesta altura da vida.”

Nesta primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe estão sendo vacinados os idosos acima de 60 anos, além de profissionais de saúde. Devido à pandemia do Covid-19, o Programa Nacional de Imunização do município, juntamente com as equipes de Saúde da Família, montou estratégias para se evitar aglomeração de idosos. As unidades básicas de saúde estão atendendo em lugares abertos e arejados, como praças, bem como fazendo a vacinação pelo sistema porta a porta para idosos acima de 80 anos, acamados e domiciliados.

Assim que a nova remessa de vacinas fique disponível, também haverá vacinação noturna, no período de 17h às 19h, diariamente, nos postos de saúde da família: Vassoural I, II e III, São João da Escócia I, III e IV e Santa Rosa II, III e IV. Nas segundas e quartas no PSF Nova Caruaru; nas terças e quintas no PSF Rendeiras; nas quartas e quintas, no PSF Sinhazinha e nas quartas-feiras, no PSF Maria Auxiliadora.

Os bons ventos trazidos pelas chuvas

Pedro Augusto

O período tem sido difícil com a proliferação do novo coronavírus pelo mundo, porém ainda tem se havido espaço para as divulgações de boas notícias. A população de Caruaru e de demais municípios do Interior do Estado, ultimamente, vem sendo contemplada com um baita presente advindo do céu. Quem pensou nos grandes volumes de chuvas que estão ocorrendo, principalmente, desde a semana passada, acertou em cheio. Somente na Capital do Agreste, por exemplo, em apenas 24 horas, choveu 75,1% do esperado para todo o mês de março, atingindo a casa dos 56,2 milímetros dos 74,8 milímetros aguardados. Os números são da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).

Em entrevista na terça-feira (24) ao VANGUARDA, a meteorologista da Apac, Zilurdes Lopes, explicou os fatores que estariam provocando o aumento das precipitações na cidade. “O Oceano Atlântico encontra-se bastante aquecido e, se tivermos um sistema de ventos favorável, a tendência é de continuarmos observando volumosas chuvas no Agreste e nas demais regiões de Pernambuco. No ano passado, o Oceano Pacífico esteve sendo influenciado por um sistema não favorável às precipitações, entretanto, em 2020, a situação se encontra dentro da normalidade, o que reforça ainda mais a expectativa de maiores registros de chuvas no comparativo de um ano para o outro.”

Diferentemente dos dois primeiros meses deste ano, quando se houve a predominação de pluviosidades localizadas, a tendência é de que, já a partir de abril, as chuvas ocorram de uma forma mais uniforme em Caruaru. “Tradicionalmente, o primeiro trimestre do ano corresponde ao período pré-estação, onde se há o registro de chuvas mais isoladas, entretanto, já no próximo mês, a região entrará no seu ciclo de estação regular de chuvas. Sendo assim, não só Caruaru, mas também os demais municípios da região passarão a contar com precipitações mais regulares. A projeção é de que elas fiquem dentro da normalidade da época ou um pouco acima das médias históricas”, acrescentou Zilurdes.

De acordo ainda com a meteorologista da Apac, o quantitativo de chuvas contabilizadas no Estado encontra-se superior em comparação com o mesmo período de 2019. “Para se ter ideia, em 2020, tem-se chovido mais em relação aos três últimos anos não só no Agreste, mas em todas as regiões do Estado. Em relação ainda a este intervalo de primeiro trimestre, também observamos uma melhor distribuição das precipitações nos comparativos com 2019, 2018 e 2017”, explicou Zilurdes.

RODÍZIO

As fortes chuvas registradas nos últimos dias em cidades do Agreste vêm provocando avanços no tocante aos sistemas de abastecimento de água fornecido pela Compesa. A exemplo de Jucazinho, a Barragem de Tabocas, localizada em Santa Cruz do Capibaribe, é outra que conseguiu acumular água, atingindo 19,60% da sua capacidade total, que é de 13 milhões de metros cúbicos. Com a melhoria do nível de Tabocas, que estava em colapso desde o ano passado, a presidente da Compesa, Manuela Marinho, determinou que sejam realizados os ajustes operacionais necessários que irão permitir a diminuição do rodízio em Caruaru.

A expectativa é de que já na próxima semana, toda a área urbana da cidade seja abastecida no regime de 5 x 10, saindo do calendário de cinco dias com água e 15 dias sem. Também será ampliado, em mais um dia, o fornecimento de água para a zona rural do município, que passará a ter água no período de dois dias com água e 30 dias sem.

Manuela Marinho adiantou que gradativamente já está sendo possível atender com mais água as áreas periféricas da cidade, como as localidades de Luiz Bezerra Torres, Rendeiras, Residencial Alto do Moura e José Carlos Oliveira. Ela explicou que tal avanço está sendo possível porque o sistema Prata-Pirangi não compartilhará mais água com Santa Cruz do Capibaribe, que voltará a ser abastecida exclusivamente por Tabocas. Com mais água do Prata-Pirangi para Caruaru, foi determinada a redução imediata do rodízio na Capital do Forró.

“Estamos realizando os ajustes e fazendo todos os testes para que mais água seja direcionada a Caruaru, um município de grande contingente populacional e importante para a economia da região e do Estado”, afirmou Manuela.

JUCAZINHO

Depois de quatro anos, o principal manancial da região, Jucazinho, voltou a atingir o nível de 11,2% de sua capacidade, saindo do estágio de pré-colapso com o percentual abaixo de 1% que vinha sendo registrado desde 2016. Até a última segunda-feira (23), o número real em relação a este sistema, correspondia a 22.945.682,60 metros cúbicos de água acumulada. Com o avanço, já está sendo possível garantir o novo calendário de abastecimento das cidades por pelo menos um ano.

“Estamos animados com esse percentual por conseguir de imediato melhorar o abastecimento desses municípios e, posteriormente, aumentar ainda mais o nível da barragem, uma vez que a região do Agreste ainda não está oficialmente no seu período chuvoso”, destacou Manuela Marinho.

IR Solidário: saiba como destinar parte do imposto retido para projetos

Sem alterar o valor a pagar ou a receber da Receita Federal, os contribuintes podem destinar até 3% do Imposto de Renda (IR) para projetos sociais voltados para a promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, sobretudo na área da educação. A regra vale para quem já faz a declaração no modelo completo. O prazo vai até 30 de abril.

Os recursos são repassados para os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente (FDCA), geridos pelos Conselhos Municipais. De acordo com informações da Receita, a destinação do IR para os fundos vem crescendo a cada ano. Em 2018, foram arrecadados R$ 67,88 milhões, a maior cifra desde 2013, quando as doações começaram a ser feitas via Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF). A quantidade de doações também superou os anos anteriores, atingindo a marca de 62.688.

“É uma maneira simples de tornar uma obrigação, que é o pagamento de imposto, em uma escolha cidadã. Municípios de todo o país utilizam esses recursos para beneficiar crianças e adolescentes com projetos nas áreas da educação e da cidadania”, destaca a coordenadora de Engajamento Social do Itaú Social, Dianne Melo.

Os Conselhos dos Direitos da Criança e da Adolescência, responsáveis por gerir os Fundos, são paritários, com representantes governamentais e da sociedade civil. Após um diagnóstico local, eles desenvolvem um plano de ação para aplicar os recursos do Fundo em iniciativas/organizações sociais que atuem pelos direitos de crianças e adolescentes.

Projetos sociais

Um dos projetos financiados com recursos destinados pelos contribuintes da Receita Federal é o Elo de Saberes, contemplado pelo Edital Fundos da Infância e do Adolescente. Realizado pelo Itaú Social, esse Edital selecionou 115 projetos em 20 estados, que receberam R$ 26 milhões de investimento em 2019.

O projeto Elo de Saberes é desenvolvido pelo Instituto da Infância desde 2016 e já atendeu mais de 3.200 crianças no município de Acaraú, localizado na região norte do Ceará. A iniciativa busca ampliar a capacidade de leitura e compreensão de textos e ensiná-las a utilizar tecnologias de informação e mídias sociais como ferramentas para o exercício consciente da cidadania.

Para isso, as crianças em contraturno escolar participam de atividades de contação de histórias, leitura e produção de contos, jogos que estimulam o desenvolvimento do raciocínio lógico, e de oficinas de criação nas quais produzem fotografias, vídeos e pequenas publicações sobre temas diversos. Em 2020, o Instituto da Infância disseminará a sua metodologia aos professores, assistentes sociais e técnicos de saúde do município cearense.

Como destinar (confira vídeo)

1. Abra o programa do Imposto de Renda no computador e acesse o campo “Doação diretamente na declaração – ECA” e clique em “Novo”.

2. Depois, clique em “Municipal”, selecione o estado e o município onde está o projeto que você quer apoiar.

3. Se você já tiver preenchido toda a declaração, o valor disponível para a destinação aparecerá automaticamente. Clique em “OK” no final da página.

4. Para terminar, no menu “Imprimir” clique na opção “Darf”. Você tem até o dia 30 de abril para fazer o pagamento.

COVID-19 adia revisão da Convenção da ONU contra a Corrupção no Brasil

O Brasil receberia entre os próximos dias 31 de março e 2 de abril um grupo de especialistas do México e de Portugal, além de peritos do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) que fazem parte do Grupo de Revisão da Implementação da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (UNCAC). No entanto, devido à pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19), a missão teve de ser adiada.

Junto com outras instituições brasileiras, a Advocacia-Geral da União (AGU) atua para garantir o cumprimento da Convenção da ONU no país. A revisão de implementação da UNCAC é feita em dois ciclos de avaliação, cada um com cinco anos de duração. O primeiro ciclo é feito à distância e o segundo, chamado country visit, é realizado pessoalmente por especialistas. O processo consiste na avaliação dos países por outros dois Estados, sendo um deles da mesma região geográfica do Estado avaliado e, se possível, com sistema jurídico similar. A escolha dos países ocorre por meio de sorteio.

A avaliação busca garantir a efetividade da Convenção da ONU e é fundamental para que se possa mensurar o progresso que os países estão fazendo e as dificuldades que enfrentam para implementar as medidas previstas na convenção. O processo de revisão é supervisionado pelo Grupo de Revisão da Implementação da Convenção, composto por especialistas de diversos países e do qual a AGU faz parte.

Chipre

Por meio do Departamento de Assuntos Internacionais da Procuradoria-Geral da União (DAI/PGU), a AGU integrou a comitiva responsável pela Reunião de Avaliação do Chipre, no final de fevereiro. O objetivo foi avaliar a implementação e a execução da convenção no país. Além da AGU, também participaram representantes da Controladoria-Geral da União (CGU), do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério da Justiça.

O Advogado da União Fernando Filgueiras de Araújo, do DAI/PGU, foi o especialista da AGU escolhido para fazer parte da missão. Durante a visita, os integrantes do grupo avaliaram como o país vem cumprindo as obrigações estabelecidas na Convenção da ONU e verificaram eventuais lacunas na legislação e nas ações anticorrupção.

“O grupo de avaliadores exerce um trabalho complexo. Em um primeiro estágio, os países que são avaliados recebem um questionário padrão por parte da ONU. Depois, as respostas são analisadas por nós. Posteriormente, realizamos a visita ao país, onde verificamos de modo concreto o que tem sido feito por aquele Estado para garantir o cumprimento dos artigos da Convenção”, explica o Advogado da União.

Fernando Filgueiras ressalta que o processo de avaliação é bem detalhado, compreendendo, entre outros aspectos, a análise das medidas legislativas e administrativas adotadas pelo país e a verificação de casos práticos e de repercussão. “Verificamos quais as medidas foram implementadas, como estão sendo aplicados os artigos da convenção, estatísticas e números relacionados a casos de corrupção, entre outros pontos”, ressalta.

Papel da AGU

De acordo com o Advogado da União, o papel da AGU é contribuir para a implementação da convenção no Brasil, participando não apenas de iniciativas em sede extrajudicial, mas também garantindo a sua aplicação em sede judicial. “Trata-se de uma convenção muito avançada em matéria de combate à corrupção. No DAI procuramos aplicar as boas práticas que surgem a partir desse trabalho. Na maioria das vezes, temos pautado nossos pedidos de cooperação internacional com base na convenção”, ressalta.

O DAI é responsável pela execução de pedidos de cooperação jurídica internacional. Por exemplo, se em uma ação de improbidade administrativa dentro do Brasil o juízo determinar o bloqueio de um imóvel em outro país, o DAI será o responsável por executar esse pedido, encaminhando a solicitação à autoridade central brasileira para que esta entre em comunicação com a autoridade do país onde esse bem está localizado.

“Atuamos justamente nessa parte especializada do combate à corrupção, fazendo valer uma decisão do juiz ou autoridade brasileira em outra jurisdição. Por outro lado, também recebemos os pedidos de outros países. São os chamados pedidos passivos, em que a AGU também pode ser instada a fazer cumprir uma decisão oriunda de outro país, assegurando da mesma forma o cumprimento da convenção dentro do Brasil”, explica.

Reconhecimento

O Advogado da União frisa que a participação da AGU nos processos de avaliação representa o reconhecimento de que a advocacia pública exerce papel de destaque no combate à corrupção no âmbito das Nações Unidas. “Nossa presença nesse grupo de instituições mostra que temos muito a contribuir com o tema em nível internacional e nacional. É um reconhecimento de que estamos entre os órgãos brasileiros que realizam o enfrentamento à corrupção de forma efetiva, célere e eficiente”, enfatiza.

Com caráter vinculante, a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção obriga os Estados signatários a prevenir e a criminalizar a corrupção, a promover a cooperação internacional, a agir pela recuperação de ativos e a melhorar a assistência técnica e o intercâmbio de informações.

“Nossa participação nesse processo representa uma importante interlocução para posicionarmos institucionalmente a AGU dentro do cenário de combate à corrupção junto à comunidade internacional. Outro aspecto importante é que esse trabalho tem repercussão direta no foro das Nações Unidas e gera orientações internacionais sobre determinado tema de combate à corrupção. Além disso, esses processos de avaliação não são isolados dos contextos nacionais e conduzem a reflexões internas sobre como estamos aplicando a convenção em nosso próprio país”, afirma.

A Convenção

A Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção é composta por 71 artigos, divididos em oito capítulos, cujos objetivos são promover e fortalecer as medidas para prevenir e combater, de maneira mais eficaz, a corrupção; promover, facilitar e apoiar a cooperação internacional e a assistência técnica na prevenção e na luta contra a corrupção, incluindo a recuperação dos ativos; e promover a integridade, a obrigação de prestar contas e a gestão adequada dos assuntos e bens públicos.

A convenção é o maior tratado sobre a matéria em âmbito multilateral. Mais de 180 países ao redor do mundo já a assinaram, ratificando as suas disposições internamente.

No capítulo que trata sobre prevenção à corrupção, a convenção prevê que os Estados-Partes implementem políticas contra a corrupção efetivas que promovam a participação da sociedade e reflitam os princípios do Estado de Direito tais como a integridade, a transparência e a accountability, entre outros.

A convenção contempla medidas de prevenção à corrupção não apenas no setor público, mas também no setor privado. Entre elas: desenvolver padrões de auditoria e de contabilidade para as empresas; prover sanções civis, administrativas e criminais efetivas e que tenham um caráter inibidor para futuras ações; promover a cooperação entre os aplicadores da lei e as empresas privadas; prevenir o conflito de interesses; proibir a existência de “caixa dois” nas empresas; e desestimular isenção ou redução de impostos a despesas consideradas como suborno ou outras condutas afins.