Marília Arraes e João Campos disputam pelo título de deputado federal mais votados

Oriundos do mesmo DNA familiar, a vereadora Marília Arraes (PT) e o engenheiro João Campos (PSB) estão travando uma briga de “titãs” nesta eleição para serem puxadores de votos à Câmara Federal. Atuando em lados opostos, os dois primos (em segundo grau) podem se tornar potenciais adversários na disputa pela Prefeitura do Recife em 2020 ou ao governo do estado em 2022. O status que conquistarão na disputa em outubro terá reflexo direto nas futuras eleições majoritárias.

A partir de agora, a ordem é cada um colocar seu exército nas ruas e usar as “armas” que dispõe para conquistar o maior número de votos. A neta e o bisneto do ex-governador Miguel Arraes não medirão esforços para ter bons desempenhos eleitorais. Se, de um lado, Marília percorreu o estado popularizando seu nome em busca da simpatia do eleitor, antes de ser “rifada” pelo PT nacional como candidata ao governo do estado, João tem mais de 70 prefeitos somente no PSB a seu favor, além de deputados e lideranças políticas.

Estreante nas urnas, o filho do ex-governador Eduardo Campos conta com apoio dos principais líderes do PSB no estado: o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio. Marília, por sua vez, tem ao seu lado a força da base do PT, de parte dos dirigentes estaduais de seu partido, além do apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE) e movimentos sociais.

De acordo com o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, Marília é um excelente quadro que fez uma caminhada vitoriosa. “Recebemos a filiação dela há dois anos com entusiamo. O nosso líder maior, Lula, abonou sua ficha de filiação. Esperamos que Marília tenha uma excelente votação. É importante para ela e o PT”.

Para não correr o risco de conquistar o voto, mas não eleger seus representantes na Câmara Federal como aconteceu em 2014, o PT de Pernambuco decidiu sair sozinho na disputa proporcional. “Tivemos quase 400 mil votos, mas não conseguimos eleger nenhum deputado federal porque estávamos coligados com o PTB, que elegeu cinco. Por isso o sentimento do partido foi sairmos sozinhos na chapinha”.

Fiel escudeira da candidatura de Marília, a deputada estadual Teresa Leitão (PT) acredita que a vereadora conquistará muitos votos de opinião. “É possível que ela seja puxadora de votos, mas muitos votos de opinião ainda estão soltos. Marília andou muito pelo estado e a meta é trabalharmos para ela ser bem votada”.

Presidente licenciado da CUT-PE e candidato a deputado federal pelo PT, Carlos Veras afirmou que Marília não está preocupada em ser a mais votada, mas, como líder do PT, sua meta é receber mais votos para eleger um maior número de deputados. “Faremos ações juntos e individuais. O importante é manter a unidade no voto ao PT. Vamos mostrar quem são os verdadeiros candidatos de Lula e do nosso partido”, enfatizou Veras.

O presidente do PSB estadual, Sileno Guedes, foi procurado, mas não retornou as ligações nem as mensagens via WhatsApp. Para o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Isaltino Nascimento (PSB), João Campos tem a responsabilidade de dar seguimento à história de compromisso com o povo iniciada por Miguel Arraes e Eduardo Campos. De acordo com ele, não está em discussão a disputa pela Prefeitura do Recife, mas o objetivo do grupo é reeleger Paulo Câmara, os dois senadores e fazer uma forte bancada de deputado estadual e federal. “Arraes e Eduardo foram dois excelentes quadros políticos com dimensão nacional. João Campos tem a responsabilidade de dar seguimento a isso”, afirmou Isaltino.

Espólio
Na opinião do cientista político Hely Ferreira, a briga entre Marília e João Campos mostra como a disputa pelo poder pode colocar famílias em lados opostos e transformar parentes em ferrenhos adversários. “O poder, muitas vezes, divide as famílias. O bom disso é que a quantidade que cada um deles tiver de votos seja visto como grande responsabilidade para com o povo de Pernambuco. É importante que Marília e João Campos entendam que as cadeiras que serão conquistadas pelo voto não são da família Campos ou Arraes, mas do povo de Pernambuco”, enfatizou Ferreira.

Concurso da PM e do Corpo de Bombeiros tem 37,67% de abstenção

O concurso público para o cargo de oficial da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) e do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) teve 37,67% de abstenção. Dos 6.841 candidatos inscritos para realizar a prova no domingo (12), 2.577 não compareceram ao local do exame.

De acordo com a Comissão de Concursos do Instituto de Apoio a Universidade de Pernambuco (Conupe/Iaupe), responsável por aplicar as provas, não foi registrada nenhuma eliminação por porte de celular.

O gabarito dos exames já está disponível no site da Conupe. O resultado da seleção será divulgado no dia 28 deste mês. São 60 vagas para o cargo de oficial da PMPE e 20 para o Corpo de Bombeiros, ambos para o posto de segundo-tenente.

Durante o curso de formação, os alunos receberão bolsa-auxílio no valor de R$ 2.200. Após conclusão do curso de formação, os nomeados terão remuneração de R$ 2.319,88 mensais. A remuneração inicial, enquanto estágio probatório, é de R$ 8.576,68. Quando promovidos, o salário passa para R$ 9.007,56.

Folhape

Nascem novos pais com ampliação das configurações familiares

Pai, mãe, filhos. O retrato da família ganha novas configurações a cada dia. A paternidade hoje pode ser dupla, socioafetiva, por adoção ou opção exclusiva e conquistada por meio do Judiciário. Novos modelos de pais surgem e, com eles, desafios, questionamentos, dúvidas e certezas. Dentre as certezas, está o afeto que parece permear todas as histórias contadas pelos homens que conquistaram o direito de ser pai. Com algumas decisões inéditas relacionadas ao exercício da paternidade, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) referenda o direito de ser pai, filho, avô, embasado sobretudo nos vínculos afetivos.

Ao longo da história, uma das decisões inéditas do TJPE, no país, foi o reconhecimento à dupla paternidade do casal de empresários Mailton Albuquerque, 41 anos, e Wilson Albuquerque, 46 anos, em relação à filha Maria Teresa. Em 2012, o juiz da 1ª Vara de Família e Registro Civil da Capital, Clicério Bezerra, proferiu sentença favorável ao registro da filha dos dois, então com um mês de vida.

Maria Teresa foi gerada através de fertilização in vitro, com óvulo de uma doadora anônima, e a participação de uma prima de Maílton, que carregou a criança no ventre. Como Mailton foi o pai biológico na reprodução assistida, faltava reconhecer a paternidade de Wilson. Foi aí que o casal entrou com o pedido na Justiça, que deferiu a paternidade socioafetiva do segundo pai.

Dois anos após o nascimento de Maria Teresa, o casal repetiu o procedimento de reprodução assistida e teve o filho Teo. A nova experiência contou novamente com a ajuda da prima de Mailton, na gravidez. Nesse caso, o pai biológico foi Wilson, e Mailton conseguiu ser registrado como pai socioafetivo ao entrar com o pedido no cartório. Dessa vez, não foi preciso impetrar uma ação. Já havia sido criada jurisprudência favorável ao reconhecimento voluntário de paternidade socioafetiva perante os cartórios, por meio do Provimento TJPE 009/2013, de autoria do desembargador Jones Figueirêdo, e do Provimento 063/2017 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Por meio desses instrumentos jurídicos, referenda-se que a paternidade socioafetiva, que é a estabelecida pelos vínculos afetivos entre duas pessoas, no âmbito familiar, possa ser solicitada diretamente nos cartórios em que a criança foi registrada. A paternidade, em geral, é requerida por padrastos, mas pode também por um tio, padrinho, ou alguém que desempenhe efetivamente a função de pai. O interessado poderá reconhecer a paternidade por meio da apresentação de documento de identificação com foto e certidão de nascimento do filho. O oficial de registro civil procede a minuciosa verificação da identidade da pessoa interessada na paternidade socioafetiva. Quando o filho a ser reconhecido tem menos de 18 anos, é necessária também a assinatura no termo da mãe ou do outro pai. Caso o cartório ache necessária a avaliação do pedido em Vara de Família, encaminha a solicitação para o Judiciário.

Pai socioafetivo ou biológico, termos técnicos para Mailton e Wilson, casados há 21 anos, que significam pais efetivos e em tempo integral de Maria Teresa e Teo, hoje com seis e quatro anos, respectivamente. A experiência da paternidade ao longo dos anos, trouxe para Mailton a constatação de que sua família não difere de qualquer outra.

“Temos todas as dificuldades na educação de um filho, de compreender as necessidades das crianças. A gente sabe que trouxe eles para o mundo numa configuração diferente, mas temos uma base familiar e uma rede de amigos muito acolhedoras. Sinto que eles se sentem seguros nessa estrutura. Meu maior receio era chegar o dia em que eles fossem para a escola e ter que lidar com algum tipo de preconceito, mas tivemos uma ótima receptividade por parte dos amiguinhos e dos pais dos alunos. Acho que as pessoas têm todo o direito de não concordar com nossa formação familiar, mas considero o respeito fundamental numa sociedade. Vivemos num país democrático, onde as diferenças existem e precisam ser respeitadas. Esse é o ponto chave. Na minha opinião, as configurações familiares embora diferentes comungam dos mesmos valores, que têm o princípio do amor acima de tudo”, considera.

Quando se trata de novas configurações familiares, a 1ª Vara de Família e Registro Civil da Capital conta com mais uma decisão pioneira no país. Proferida em 2013 pelo juiz Clicério Bezerra, a decisão admitia acrescentar ao registro de nascimento de uma mulher adotada o nome de seu pai biológico, para fins de admissão de multiparentabilidade existente quando as relações de afetividade reúnem todos.

“Após conhecer o pai biológico, a mulher adotada ainda bebê criou um vínculo afetivo com o genitor e solicitou a inclusão do nome dele no registro de nascimento, com a anuência dos pais adotivos e do biológico, mantendo-se assim a paternidade adotiva e registral. Acho que a verdadeira paternidade se consolida por meio das relações de carinho, acolhimento, confiança, momento em que os filhos encontram nos pais a figura de referência em suas vidas. Essa identidade há de ser protegida pelo direito”, avalia o magistrado.

Na área da Infância e Juventude do Tribunal, os vínculos entre pais e filhos surgem por meio do processo de adoção. Nesse contexto, há aqueles que decidiram realizar o desejo da paternidade sem um cônjuge do lado, são os pais solteiros. É o caso do designer e professor universitário Charles Leite, de 38 anos, que concluiu o processo de adoção em março deste ano e hoje é pai de José Mateus, de 12 anos.

“A primeira vez que me surgiu a ideia da adoção, foi há uns dez anos, quando muitos dos meus amigos e colegas, homens e mulheres em idade reprodutiva, começaram a gerar filhos. Naquela época, eu percebi claramente que alguns deles tinham ou faziam projeções sobre a filiação biológica que eu nunca tive. O desejo de ser pai, veio crescendo e evoluindo comigo, desde que me tornei adulto e mais consciente da minha própria história. Após a separação dos meus pais, eu fiquei sob a guarda da minha mãe e deixei de conviver e ter contato regular com meu pai. Creio que essa consciência de ter vivenciado, de certa forma, um abandono, me tornou empático às histórias e vivências de crianças e adolescentes que vivem, institucionalizados, em casas de acolhimento. Eu tinha certeza de que seria pai para, de alguma maneira, ressignificar a minha própria história”, revela.

O processo de habilitação para adoção começou em julho do ano passado, por meio da inscrição no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Ao mesmo tempo, Charles se inscreveu no projeto Pernambuco que Acolhe, desenvolvido pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja TJPE), que tem como objetivo proporcionar a crianças e adolescentes que vivem em casas de acolhida, oriundos das diversas comarcas do estado, a construção de ligações externas e uma melhor integração na sociedade, por meio do apadrinhamento afetivo, material ou profissional. Através da equipe da comissão, Charles conheceu o Programa Anjo da Guarda, desenvolvido pela Vara da Infância e Juventude de Jaboatão dos Guararapes, que tem o mesmo propósito direcionado a crianças e adolescentes do município.

Através do Programa Anjo da Guarda, Charles conheceu todas as casas de acolhimento da Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Em novembro de 2017, após não ter sido possível localizar pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção, Charles foi convidado a ser padrinho afetivo de Mateus, iniciando o processo de vinculação entre eles. Em dezembro do mesmo ano, manifestou o desejo de adotá-lo, dando início ao estágio de convivência. “Descobri que ele estava destituído do poder familiar e que não tinham encontrado uma família substituta pelo CNA. Nesse momento, como já estava inscrito no Cadastro, pleiteei a adoção junto à unidade judiciária da comarca. O processo tramitou rapidamente, dando início ao estágio de convivência, de 90 dias, em dezembro como presente antecipado de Natal”, recorda.

A paternidade trouxe para o designer, além da criação de um vínculo de afeto para a vida, como ele diz, novos desafios. “Minha rotina e liberdade de homem adulto, solteiro, que morava sozinho, mudou totalmente com a chegada do meu filho. Eu já havia participado, nos últimos anos, esporadicamente, de algumas reuniões em grupos de apoio à adoção, que me ajudou, entre tantas coisas a aceitar que tudo iria mudar após a paternidade. E foi o que, realmente, acabou ocorrendo. É bem trabalhoso e, muitas vezes, fatigante, ser pai sozinho. A contestação de um filho pré-adolescente não é fácil para nenhum pai ou mãe, seja solteiro ou casado, mas não me arrependo da adoção em nenhum momento. É gratificante o sentimento de uma história que está sendo construída, que tem como base amor, cuidado e participação”, pontua. Ele continua inscrito no CNA a espera de um irmão ou irmã para o filho.

Para além dos desafios com a criação de José Mateus, Charles diz ter vivenciado alguns episódios de preconceito por ser pai solteiro e pela adoção. “Apesar das famílias hoje terem estruturas mais fluídas, para além da formação pai, mãe e filhos, ouvi principalmente perguntas em relação à paternidade adotiva de uma criança mais velha ou porque adotar se você pode ser pai biológico e coisas do tipo. Já na escola, tive que solicitar ser incluído no grupo de mães num aplicativo de troca de mensagens. Havia um entendimento bem excludente, que era um grupo para todos os alunos que conviviam com mães. Eu que tive que buscar me inteirar, para explicar para o grupo que meu filho, por exemplo, não tinha mãe. Enfim, como professor, eu identifico claramente o preconceito, mas o associo à falta de informação. Compete a mim, sempre que posso, esclarecer. É a estratégia que uso para transformar algo ruim em algo bom”, observa.

Segundo a juíza da Vara da Infância e Juventude de Jaboatão dos Guararapes, Christiana Caribé, das 47 adoções realizadas entre 2015 e 2018 na comarca, seis foram de homens solteiros e cinco de mulheres solteiras. “Percebo, com esse número, ainda discreto, que os homens vêm buscando vivenciar a paternidade de diferentes formas. Temos observado uma quebra de paradigmas, pois, no passado, não víamos adoções por homens solteiros. É preciso quebrar o preconceito. Homens solteiros, independentemente de sua orientação sexual, são capazes de oferecer um ambiente adequado ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. Homens e mulheres são igualmente capazes de educar e amar. Esse papel e capacidade não são exclusivos da mulher. Aliás, atualmente, vemos crescer o número de mulheres que não desejam ter filhos. Enquanto há aumento de homens que querem ser pais”, avalia.

Ao adotar sozinho ou numa união homoafetiva, o homem tem garantida a licença com as mesmas regras estabelecidas para licença maternidade, contidas na Lei 8.213/1991, artigo 71, que estabelece 120 dias de licença na iniciativa privada e 180 dias no serviço público. A garantia foi estabelecida pela Lei 12.873, sancionada em 2013, que entrou em vigor em janeiro de 2014. Segundo a interpretação corrente da lei, caso a adoção seja feita com outra pessoa (seja homem ou mulher), apenas uma delas tem direito à licença.

Antes da lei, o TJPE proferiu uma decisão inédita no Judiciário estadual em 2011, ao conceder licença paternidade de 180 dias para um servidor do TJPE que havia adotado sozinho uma criança. A decisão, do desembargador José Fernandes de Lemos, então presidente do Tribunal, destaca que a convivência entre pai e filho é essencial para a criança. “O acompanhamento afetivo e efetivo do filho pelo pai vai ser determinante para toda a sua história”, referendava o magistrado.

Armando fortalece palanque no Agreste

A união de grupos políticos em várias regiões de Pernambuco tem sido uma constante na caminhada do senador Armando Monteiro (PTB), candidato a governador pela coligação Pernambuco Vai Mudar. Na tarde da sexta-feira 10, mais uma demonstração de apoio de lideranças ocorreu, no município de Taquaritinga do Norte, no Agreste Setentrional.

Armando celebrou mais essa aliança no Agreste, ao lado dos ex-prefeitos Zeca Coelho (PSDB) e José Evilásio de Araújo e do vice-prefeito Gana Lins, ambos do PSB do governador Paulo Câmara, além da chapa majoritária da coligação – o vice Fred Ferreira (PSC) e os candidatos ao Senado Bruno Araújo (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) – e do deputado federal Ricardo Teobaldo (Podemos).

Após o encontro com as lideranças, Armando, Fred , Bruno e Mendonça tomaram café com o Padre Pedro das Romarias e participaram de uma entrevista na Rádio Farol, ao lado do candidato a deputado federal Geo Caldas (PSL).

ARTIGO — Contos de fadas, contos para crianças?

Engana-se quem pensa que sim. A literatura dita infantil surgiu com o advento da classe média, da burguesia mais atuante,no século XVII. Antes disso, as crianças eram vistas como adultos em miniatura, com atribuições semelhantes aos dos adultos. Sua educação, costumes, entretenimentos e papel na sociedade não diferiam muito da dos pais.

Não havia esse conceito que temos hoje de que são seres tenros que precisam de uma educação especial, baseada em parâmetros pedagógicos e psicológicos. Naquela época, crianças eram apenas isso: adultos em menor escala. Seus divertimentos eram os mesmos de todos. Música, canto, esportes, estórias. O que os adultos faziam, as crianças também podiam fazer.

Como tal, os contos que hoje chamamos de fadas não foram imaginados para crianças. Eram contados para adultos, tanto em elegantes salões quanto nas rodas suburbanas. As estórias nada tinham de inocente, elementos como bárbaros assassinatos, adultério, incesto, pactos com demônios não seriam particularmente indicados para ouvidos infantis.

As “Fábulas”, publicadas entre 1668-94, de Jean de la Fontaine, por exemplo, eram mais anedotas, com as quais ele costumava deliciar os frequentadores dos mais célebres salões parisienses, como o do ministro do Tesouro de Luís XIV, Nicolas Fouquet, onde as falhas de caráter, vícios e maldades humanas eram transportadas para personagens do reino animal, do que precisamente contos direcionados ao público infantil.

Aliás, muitas das fábulas de La Fontaine foram inspiradas no trabalho de Esopo, um escravo nascido na Frígia em 620 AC, célebre pelos contos bem humorados sobre valores como honestidade, trabalho e lealdade, de narrativa simples e que sempre deixavam uma edificante conclusão – a “moral da estória”. Entre os contos mais famosos dele estão ‘A Raposa e as Uvas’, ‘A Lebre e a Tartaruga’ e ‘A Cigarra e a Formiga’.

A tradição dos contos narrados por babás ou carinhosas avozinhas, no entanto, só surgiu em 1697, com a publicação dos ‘Contos dos Tempos Passados’, do francês Charles Perrault, cujo subtítulo ‘Contos da Mamãe Gansa’ se tornou mais conhecido entre nós.
Já o primeiro livro realmente direcionado a elas foi uma coletânea de cantigas infantis, publicado por Mary Cooper em 1744, cujo sugestivo título era ‘Para Todos os Pequenos Senhores e Senhoritas’. A segunda coletânea foi ‘Melodia de Mamãe Gansa’, atribuída ao livreiro John Newbery, em 1760, considerado o primeiro a descobrir e explorar o mercado de livros para crianças.

Os próximos 100 anos não produziram nada de muito significativo, exceto a coletânea dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm: ‘Contos de Fadas para Crianças e Adultos’, publicada em alemão entre 1812 e 1815 e traduzida para o inglês em 1823. Em 1835 foi a vez do dinamarquês Hans Christian Andersen maravilhar o mundo com o seu ‘Contos para Crianças’.

No Brasil, o maior expoente da literatura infantil é Monteiro Lobato, mas, antes dele, já tivéramos bons trabalhos como a comédia infantil ‘O Gorro de Papai’, escrita em 1880 pelo conde Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, filho do Visconde de Ouro Preto (um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras), e o maravilhoso ‘Contos das Mil e Uma Noites’ do Malba Tahan (pseudônimo do professor Júlio César de Mello e Souza), publicado em 1925.

De lá para cá, muitos outros grandes autores foram revelados e livros maravilhosos publicados. A lista é tão extensa que não caberia em mil artigos. Para conhecê-los, basta uma visita à livraria ou um passeio pela biblioteca. Permita-se esse encantamento. Sonhar, como diria o poeta, é preciso!

Gabriela Kopinits é jornalista, escritora e contadora de estórias

17º Jogos Escolares tem inscrições realizadas

Foram realizadas esta semana as inscrições para a 17ª Edição dos Jogos Escolares Municipais de Caruaru. As competições serão voltadas para os alunos das redes municipal, estadual, federal e particular da cidade. A estimativa é de que 4.000 alunos participem das disputas em 13 modalidades olímpicas e em cinco paralímpicas.

Assim como foi no ano passado, nesta edição serão oferecidos também os Festivais Esportivos, para possibilitar a participação de alunos do Ensino Fundamental I (do 1° ao 5° ano) como forma de promover a iniciação para a prática esportiva. Os jogos terão início no próximo dia 23, com término previsto para o dia 30 de setembro, e acontecerão, diariamente, no período da manhã e tarde, de domingo a domingo.

A premiação será feita sem distinção de rede para os campeões e vice-campeões nos esportes coletivos e também nos individuais, sendo que, para estes últimos, também haverá premiação para os terceiros lugares. A Prefeitura de Caruaru está à frente do evento, através das secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Caruaru, através da Gerência de Esportes.

ARTIGO — À flor da pele

Maurício Assuero

O mercado viveu essa semana mais um momento de turbulência causada por uma série de boatos. Um deles dizia que o presidente Lula iria fazer pronunciamento da carceragem da Polícia Federal. Isso foi suficiente para que o dólar, em queda, começasse a subir rapidamente e, de fato, fechou em alta de 0,93%. Em diversos momentos aqui, já colocamos a rejeição do mercado a uma candidatura de Lula. Mais até do que quando ele mostrou que tinha reais chances de ser eleito em 2002. Tudo isso decorre, simplesmente, da nova postura assumida por ele, e pelo partido, dando a entender que haveria perseguição.

Também porque ele, e o partido, culpam “aqueles que não querem sua volta” pela condenação. Então, só a possibilidade de um pronunciamento e Lula deixou o mercado em polvorosa.

Uma segunda onde de boatos, este até que ponto verdadeiro ninguém sabe, dizia que o ex-secretário de obras do governo Alckmin, Laurence Casagrande, havia fechado um acordo de delação premiada e isso iria atingir diretamente o ex-governador. Os advogados do ex-secretário passaram a negar veementemente, no entanto, isso pode ser aquela forma de negar, sem negar. Uma denúncia contra o ex-governador paulista, no momento no qual ele é oficializado como candidato do partido, seria um golpe sem volta e embolaria o cenário político.

A inquietação econômica estará suscetível a tais oscilações. Em um regime normal de atuação essas flutuações são responsáveis pelos dividendos e pelas bonificações recebidas pelos acionistas. Assim, num ambiente normal, o trâmite de conversas, ou boatos, gira muito em torno no desempenho das empresas, da fusão de empresas, da troca de comandos. Hoje, a ameaça é de prisão de agentes políticos, de agentes públicos, e o risco de mudança do discurso afeta, diretamente, as expectativas de lucros. Tendo em vista o volume de processos abertos ou em andamento envolvendo os políticos brasileiros, não se espera outra coisa senão a defesa do mercado dos seus interesses.

O mais lamentável é que isso vai se estender para além dos resultados das urnas. Até lá, o clima será de desconfiança e, silenciosamente, cada agente aplicador já tem sua estratégia de mobilidade de capital ao primeiro sinal de perigo. Em casos como estes, a compra de moeda estrangeira é o tipo de ativo mais, líquido, mais imediato que se dispõe e será uma tendência normal o aumento da demanda por dólar.

“Somos um time forte a ser batido”, disse Janduir

Pedro Augusto

Enquanto a tabela não é anunciada delimitando o início do Campeonato Pernambucano da 2ª Divisão, o Porto vem trabalhando firme e forte para tentar retornar à elite do futebol estadual. Em preparativos para a competição há mais de 20 dias, o Gavião do Agreste terá como técnico um velho conhecido da torcida tricolor: Janduir Lira. Funcionário do clube já alguns há anos, onde vêm acumulando funções como treinador em diferentes categorias, Janduir se encontra otimista quanto à participação da equipe caruaruense na Série A2 2018, mesmo com os poucos investimentos, até agora, realizados pela diretoria.

“A filosofia de trabalho do Porto sempre foi utilizar a categoria de base e não está sendo diferente agora, haja vista que a Segundona permite escalar poucos jogadores acima dos 23 anos. Nossa base para esta edição, que ainda não tem data certa para começar – inicialmente seria neste fim de semana -, está sendo formada pelos os atletas do Sub20. Embora não tenhamos feito muitos investimentos em termos de contratações, o que têm sido visto em outros clubes que irão participar do Estadual, estamos otimistas de que poderemos voltar a 1ª Divisão. Aqui não tem essa de favorito, mas somos um time forte a ser batido”, destacou, em entrevista ao VANGUARDA, Janduir.

Dentre os atletas com idades acima dos 23 anos e que vêm compondo o plantel tricolor, destaque para Vagner Rosa (volante), Jorge (lateral esquerdo), Alisson (zagueiro), Clemerson (meia-atacante) e Samuel (atacante). Na edição 2018 da Segundona, o Porto está no grupo B, juntamente com o Ypiranga, Decisão e Chá Grande – este último pode desistir de participar a qualquer momento. De acordo com o regulamento, apenas o campeão garantirá vaga na elite do futebol pernambucano.

Com a não confirmação ainda por parte da FPF em relação à data de início da competição, o Porto vem trabalhando as cabeças dos atletas para conter a ansiedade antes de a bola finalmente começar a rolar. “Como alguns clubes ainda se encontravam aguardando os laudos do Corpo de Bombeiros, a primeira rodada, que estava prevista para ser realizada neste domingo (12), precisou ser adiada. Ainda não sabemos se será no próximo ou no outro fim de semana e essa indefinição atrapalha um pouco, mas o nosso elenco está sendo acompanhando por uma equipe de psicólogos para espantar a ansiedade. Estamos bastante focados no acesso!”, acrescentou.

O treinador do Gavião ainda deixou um recado para a torcida caruaruense. “É importante que não só a do Porto, mas também toda torcida de Caruaru compareça aos jogos e empurre o nosso clube à 1ª Divisão. O futebol local ficará ainda mais forte, haja vista que voltará a contar novamente com os clássicos entre o Gavião e o Central. Nossos adversários da vez vêm se reforçando bastante, mas estamos convictos de que poderemos buscar esse título, que será muito importante na história do Porto”, finalizou Janduir Lira.

Mulher sai para beber e quase mata filhas

Pedro Augusto

Uma bebedeira quase acabou em tragédia, na noite da última segunda-feira (6), em Bezerros, no Agreste do Estado. De acordo com as investigações da Polícia Civil, Andreza Rosana da Silva, de 27 anos, teria dopado as duas filhas – uma com 6 e outra com 9 anos – com o objetivo de ingerir bebida alcoólica com uma amiga de nome e idade não informada. Para isso, levou as duas crianças para a casa de uma das vizinhas, onde misturou o remédio Diazepam com suco, ordenando, em seguida, que as meninas ingerissem o líquido.

Estas últimas não tardaram a adormecer e acabaram acordando grogues e passando mal já na manhã da terça-feira (7). Na companhia da avó das crianças, a vizinha levou-as até a Unidade Mista de Bezerros, onde elas foram atendidas pelo médico Rafael Cunha. “Quando chegaram por aqui, elas estavam bem fracas, desorientadas, sonolentas e apresentando ânsias de vômito. Investigamos com a família e entramos imediatamente com uma medicação para cortar o efeito do Diazepam. Felizmente, elas conseguiram se recuperar, mas poderiam ter morrido”, disse Rafael.

A mãe das meninas acabou sendo autuada em flagrante. De acordo com a delegada de Bezerros, Margarete Galdino, que está à frente do caso, ela irá responder por dupla tentativa de homicídio. “Ao colocar remédio tarja preta no suco das vítimas, ela assumiu o risco de matá-las. Tanto a vizinha como a amiga também serão indiciadas pelo mesmo crime. A primeira porque cedeu o remédio e a segunda porque deu a ideia da dopagem”, comentou a delegada.

Andreza passou por audiência de custódia na manhã da última quarta-feira (8), no Fórum de Justiça de Caruaru, no Bairro Universitário. Ela foi liberada. Até o fechamento desta editoria, a polícia não havia informado os destinos das demais envolvidas. Já as meninas passam bem e se encontram com a avó. O Conselho Tutelar de Bezerros está acompanhando o caso.

Coronel assume secretaria de Ordem Pública

Na última terça-feira (7) foi nomeado como secretário de Ordem Pública de Caruaru o coronel reformado da Polícia Militar, Gilmar de Araújo Oliveira. Nascido no Recife-PE, ele recebeu o Título de Cidadão Caruaruense em 2011, onde comandou, por dois anos, o 4º BPM, participando de grandes projetos na cidade, como a pacificação do Monte Bom Jesus, com a instalação do policiamento ostensivo do 4º Batalhão no local. A posse está marcada para esta terça-feira (16), às 11h, na sede da Prefeitura.

Gilmar iniciou a sua carreira profissional como sargento da Polícia Militar no 12º BPM e, logo após o concurso para oficial, fez um trabalho no Batalhão de Guardas na capital pernambucana; comandou a Companhia de Goiana; durante dez anos, chefiou o setor de movimentação da Polícia Militar; comandou a Companhia Independente de Apoio ao Turista (CIATur); na PM, atuou como diretor operacional na Região Metropolitana do Recife, foi diretor geral de administração, com a coordenação de sete diretorias executivas, e, atualmente, exercia o cargo de gerente de Segurança Integrada.

Quando trabalhou em Caruaru, o coronel Gilmar apresentou uma forma especial de trabalhar, criando o vínculo entre a polícia e a comunidade, procurando atender ao máximo as demandas da população e também conscientizando cada pessoa do seu valor na sociedade. “Caruaru é uma terra de oportunidades, o trabalho me estimula e não me amedronta. Me estimula a trazer inovações, criatividade e buscar um melhor resultado para a cidade”, ressaltou o novo secretário de Ordem Pública.