Residência Belo Jardim terá participações especiais

11081500_1749917331901209_6225602870859038423_n

A Residência Belojardim, lançada no ano passado pelo Instituto Conceição Moura, retorna ao município em 2018 com a participação do artista pernambucano Carlos Mélo (Riacho das Almas, 1969). Idealizada por Mariana Moura, presidente do Instituto, e com curadoria de Cristiana Tejo e Kiki Mazzucchelli, e produção da Automatica (RJ), a residência tem como objetivo expandir as ações culturais do instituto para o campo das artes visuais, contemplando um artista a cada ano para desenvolver projetos especialmente comissionados que dialogam com as diferentes dinâmicas culturais, econômicas, políticas e sociais da região agreste de Pernambuco.

O projeto concebido por Carlos Mélo tem como foco a Comunidade Quilombola do Barro Branco, que luta pelo reconhecimento oficial que lhe garantiria a posse do território no qual se estabeleceu há vários anos, localizado nos arredores de Belo Jardim. Desde o início do mês de março, o artista mudou-se para a cidade e iniciou uma aproximação com a comunidade, com a qual ele já havia estabelecido um contato em 2014, quando levou uma exposição a Belo Jardim. A imersão do artista em Barro Branco marca o início de um processo que visa a produção do média-metragem Barro Oco, cujo foco é o olhar sensível sobre a comunidade como gerador de dinâmicas de resgate de sua subjetividade.

Para marcar o início do processo, no próximo dia 19, o artista inaugura o Espaço Oco, na Fábrica Mariola, espaço cultural ligado ao Instituto, que funcionará como ponto irradiador de conversas e de contato com a população da cidade. O local permanecerá aberto ao público durante toda a residência e será ativado com uma série eventos e performances (cronograma a ser divulgado em breve). Além disso, a Fábrica receberá a obra Corpo Barroco (2014), que ficará no local, de modo a sublinhar como o trabalho em curso em Belo Jardim se relaciona a uma série de obras que o artista vem desenvolvendo nos últimos anos. Durante a inauguração, Carlos Mélo vai apresentar a performance Tripa (2016), criada a partir de uma residência do artista realizada no Cariri em (2015). Neste trabalho, ele tece uma manta com tripas de boi, como uma espécie de tricô, propondo uma reflexão sobre a ocidentalização dos índios do Cariri; numa proposta que adquire nova expressividade no contexto de uma comunidade quilombola.

O FILME

O trabalho de preparação do filme iniciou em meados de março, com a participação do professor carioca Tarcísio Almeida (pesquisador do Núcleo de Subjetividade da PUC-SP), que colaborou com o artista num processo de escuta dos membros da comunidade, fornecendo elementos para a elaboração de um roteiro a ser desenvolvido por Mélo em parceria com Sergio Raposo. No mês de maio, o artista iniciará a gravação do filme que terá como base sua interlocução com a jovem ativista Elaine Lima, que lidera a Comunidade.

Mais do que um documentário no sentido tradicional, o filme será o resultado de um processo de imersão da equipe do projeto no cotidiano de Barro Branco e da proposição do conceito de “devir-quilombo” que, na visão de Mélo, seria um dispositivo de construção da subjetividade que “nos permite escapar de condicionamentos sociais para criar grupos auto-organizados”.

O documentário acompanhará a instalação de uma escultura de grandes dimensões na área que delimita o território da comunidade com as terras de uma grande fazenda, reivindicadas pelos habitantes de Barro Branco. Junto com os moradores, o artista vem compondo a estrutura de madeira, que está sendo revestida por uma colcha de ossos, material com o qual Mélo já trabalhou anteriormente. Aqui, o osso é entendido como uma espécie de barro branco oco, numa alusão ao nome da comunidade e a sua força de resistência.

Além disso, a fim de contextualizar a produção do artista, uma seleção de obras anteriores será apresentada em uma exposição individual no SESC-Belo Jardim, com inauguração prevista para o dia 24 de maio, e curadoria de Cristiana Tejo e Kiki Mazzucchelli. A proposta é apresentar um recorte da produção de Mélo, aproximando a população da cidade dos temas e poéticas caros ao artista, colocando-as em diálogo com as propostas da residência. Complementando a programação, o Cine Jardim exibirá uma seleção de trabalhos em vídeo de Carlos Mélo no início de junho, acompanhado por um programa de conversas com o artista e convidados especiais, que será inaugurado no início de maio com a participação do curador Marcos Lontra.

A edição do filme está prevista para junho, ainda, e a sua exibição em Belo Jardim está agendada para o período de encerramento da residência, entre 14 e 30 de junho, junto com um ciclo de conversas e lançamento de uma publicação condensando a trajetória do projeto e as discussões levantadas durante os meses de atividade.

O artista:

Carlos Mélo/1969

É um artista plástico brasileiro conhecido pelas suas performances, fotografias, vídeos e instalações. Segundo Moacir doa Anjos, “seus estranhos auto-retratos fundem corpo e palavra, fazendo do signo da língua uma marca da individualidade, índice de um corpo genérico”. Ou ainda: “Também as imagens que cria buscam diluir o que torna o seu corpo único e mostrá-lo, ao contrário, como corpo comum e exemplar. Prosseguindo e, ao mesmo tempo, desviando esta linha de interpretação, mais do que marcar a suposta individualidade do corpo e sua unicidade, ele talvez marque a esfera representacional identitária que o fixa numa forma e, junto com ela, a forma de uma subjetividade”.

A obra de Carlos busca afirmar o singular, o intensivo, o afetivo. Da acordo com Suely Rolnik, “a obra de Carlos demarca um território, ou melhor, o instaura. Como nos animais, isso se faz por meio de dispositivos sempre ritualizados, que são, mais do que tudo, ritmos. Porém, diferentemente dos animais, aqui, o ritual e seu ritmo estão constantemente mudando; eles se inventam a cada vez em função do meio onde se fazem e do campo problemático que buscam enfrentar. Para isso o artista instala-se na imanência do mundo, ao pé do real vivo, só apreensível por afeto”.

Com várias formações e pesquisas no ramo das artes e filosofia, desenvolve uma atividade artística regular de âmbito nacional e internacional. Expõe regularmente em circuitos institucionais (entre eles VideoBrasil, São Paulo; MAMAM, Recife; Fundação Joaquim Nabuco, Recife; Itaú Cultural, São Paulo; Krannert Art Museum, Champaign, EUA; Plataforma Revólver, Lisboa. Trabalha com a Galeria Emmathomas (São Paulo) e Amparo 60 (Recife). Foi premiado em diversos salões de arte nacionais e em 2006 recebeu com o Prêmio CNI Marcantonio Vilaça para as artes visuais.

Vendedoras ambulantes passam por formação

Na terça-feira (17), a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Caruaru (SDSDH) concluiu uma oficina de formação culinária para as vendedoras do Monte Bom Jesus. A capacitação faz parte do projeto de requalificação do local, que é um dos pontos turísticos mais emblemáticos da cidade, e visa a formação das ambulantes que irão atuar como tapioqueiras no Monte. A Prefeitura de Caruaru está à frente das intervenções, que já contabiliza a primeira etapa do projeto concluída, com a construção do receptivo turístico, das barracas de tapioca e da revitalização do entorno da igreja.

A oficina foi realizada no CRAS Centenário e teve duração de cinco dias, nos turnos da manhã e tarde. As alunas receberam o conhecimento teórico e prático a respeito da produção da tapioca e noções de empreendedorismo e ética para gerir o próprio negócio. As usuárias também aprenderam a produzir bolos regionais de diversos tipos, como os de milho, macaxeira, bolo de rolo, além de mungunzá, para oferecer produtos de qualidade aos visitantes e turistas.

“O trabalho que o CRAS desempenha com essas mulheres, vai além da formação de vendedoras para o Monte. Passa pelo acompanhamento dessas famílias com o nosso atendimento assistencial, as oficinas de música e arte, bem como o trabalho que a gente desempenha na educação social das crianças e adolescentes que moram no local”, ressaltou a gerente de Proteção Social Básica da SDSDH, Ana Paula Ferreira.

A aluna Josefa Maria da Silva se surpreendeu com a diversidade de sabores e receitas que é possível produzir a partir da tapioca, e demonstrou otimismo com o projeto. “Achei uma maravilha. Quando cheguei aqui, conheci nove sabores de tapioca e antes eu só conhecia o tradicional que se faz com coco. Eu espero que tenha muitos fregueses no Monte para a gente poder vender bastante”, celebrou.

Fernando Bezerra é eleito relator de CPI

17.04.18_CPI_cartões_FBC_relator_2

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) foi eleito, na terça (17), para ser o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Cartões de Crédito. Durante a instalação da CPI, Fernando Bezerra adiantou que o relatório contendo o resultado das investigações do colegiado sobre os juros cobrados pelas operadoras de cartão – classificados pelo senador como “abusivos e até extorsivos” – será apresentado até o próximo mês de julho.

“É preciso verificar onde estão ocorrendo distorções e práticas que possam se configurar como desleais, anticoncorrenciais e prejudiciais ao consumidor”, destacou Fernando Bezerra, ao observar que, embora a taxa básica de juros (Selic) esteja no menor percentual desde 1986 (6,5% ao ano), os juros do cartão de crédito ainda chegam a 300% ao ano. Segundo o relator, o objetivo final da comissão parlamentar será estimular o governo e as entidades reguladoras a produzirem normas que levem à oferta de serviços bancários compatíveis com práticas verificadas em países com nível de desenvolvimento econômico semelhante ao Brasil.

Na próxima semana, o senador Fernando Bezerra apresentará o Plano de Trabalho da CPI, presidida pelo senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO). Para o cargo de vice-presidente do colegiado, foi eleito o senador Dário Berger (MDB-SC).

Conforme antecipou o relator, a CPI realizará três blocos de audiências públicas, até junho. Para o primeiro ciclo de debates, o colegiado convidará representantes dos consumidores. “O objetivo é identificar as práticas bancárias que levam à cobrança dos altos juros”, explicou Bezerra Coelho.

O segundo bloco de audiências contará com a participação de representantes das operadoras de cartões de crédito e do sistema bancário, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Para a terceira fase de debates, a CPI ouvirá dirigentes da política monetária nacional, como o Banco Central e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça.

CHEQUE ESPECIAL – Além dos juros do cartão de crédito, o colegiado vai analisar as motivações para a cobrança das taxas sobre o cheque especial como também a concentração bancária no país. “O sistema financeiro está nas mãos de três instituições privadas e duas públicas, que concentram mais de 90% do crédito e dos depósitos do país”, pontuou Fernando Bezerra, em referência aos bancos do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander.

Na avaliação do presidente da CPI, existe um “cartel” no sistema financeiro. “Milhares de consumidores brasileiros têm sofrido com o crédito rotativo dos cartões”, ressaltou Ataídes Oliveira. “A CPI vai trabalhar para conhecer, com profundidade, o cenário da cobrança dos juros e buscar soluções”, acrescentou.

APELO AO GOVERNO – Nos últimos dias, Fernando Bezerra Coelho tem atuado junto à alta cúpula do Executivo federal para que as taxas do cartão de crédito e do cheque especial sejam efetivamente reduzidas no país. Semana passada, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o vice-líder do governo no Senado fez um apelo ao presidente do Banco Central (Bacen), Ilan Goldfajn. Na ocasião, o senador solicitou que o Bacen reduza os juros “de forma sensível” e estimule a concorrência entre os bancos.

No último dia 27, também na CAE do Senado, Fernando Bezerra pontuou ao ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, que as taxas incidentes sobre o cartão de crédito e o cheque especial “ainda são absurdas”, mesmo tendo sido reduzidas, pelo atual governo, de mais de 400% para próximo de 300% ao ano.

Publicado decreto que autoriza uso do FGTS para compra de próteses e órteses

Foi publicado nesta terça-feira (17), no Diário Oficial da União, o decreto que regulamenta o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a compra de próteses e órteses.

Segundo o Ministério do Trabalho, a medida tem como objetivo beneficiar os trabalhadores que precisam de próteses diferentes das que já são cobertas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para ter acesso ao recurso, será necessária a apresentação da prescrição e do laudo médico.

Para o secretário-executivo do Conselho Curador do FGTS no Ministério do Trabalho, Bolivar Tarragó, a medida é um avanço para a sociedade. “Já estava prevista essa possibilidade na lei, mas a regulamentação era necessária, tanto para a aplicação, quanto para estabelecer regras no intuito de prevenir fraudes”, disse, em nota.

A partir da publicação do decreto, a Caixa Econômica Federal terá um prazo de 120 dias para implementar as medidas necessárias para viabilizar este tipo de saque. “Acreditamos que haverá um esforço para que tudo seja colocado em prática em um prazo menor do que o estabelecido, tendo em vista a relevância para os trabalhadores”, afirmou o secretário.

De acordo com o decreto, para ter acesso ao recurso para compra de próteses e órteses, será considerado trabalhador com deficiência aquele que tem impedimento de natureza física ou sensorial que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos e possa impedir sua participação plena e efetiva na sociedade em condições de igualdade com as demais pessoas.

Justiça torna Cesare Battisti réu por falsidade ideológica

O italiano Cesare Battisti, que já responde a um processo na Justiça Federal por evasão de divisas, tornou-se reú por falsidade ideológica. Exilado no Brasil por ser acusado de terrorismo na Itália, Battisti e sua esposa Joice Passos dos Santos entregaram seus passaportes para autoridades e deverão obedecer a medidas cautelares.

O Ministério Público de São Paulo denunciou Battisti por inserir declarações falsas em documento público. Em maio de 2015, Battisti declarou que residia em Cananéia (SP) e Joice, em Belford Roxo (RJ).

 

O ativista italiano Cesare Battisti - Marcello Casal/Arquivo Agência Brasil
O ativista italiano Cesare Battisti – Marcello Casal/Arquivo Agência Brasil

O promotor Olavo Evangelista Pezzotti acusou o italiano de mentir à Justiça uma vez que, na verdade, o casal morava em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo. O juiz Sérgio Castresi de Souza Castro, de Cananéia, aceitou a denúncia por falsidade ideológica.

O casal têm até sexta-feira (20/04) para apresentar a defesa e a justificativa para informar endereços distintos. A Justiça também apreendeu o passaporte de Battisti e proibiu o casal de sair de casa após as 22 horas.

Histórico

Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália por homicídio quando integrava o grupo Proletariados Armados pelo Comunismo. Ele chegou ao Brasil em 2004, onde foi preso três anos depois. O governo italiano pediu a extradição do ex-ativista, aceita pelo Supremo. Contudo, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil e o ato foi confirmado pelo STF.

A Corte entendeu que a última palavra no caso deveria ser a do presidente, porque se tratava de um tema de soberania nacional. Battisti foi preso em 2007 e solto da Penitenciária da Papuda, em Brasília, em 9 de junho de 2011. Em agosto do mesmo ano, obteve o visto de permanência do Conselho Nacional de Imigração.

Em setembro de 2016, o ministro do Supremo Luiz Fux negou habeas corpus apresentado à Corte pela defesa do ex-ativista italiano, numa ação vista como uma tentativa de impedir sua possível extradição para a Itália.

Governo de Pernambuco promove segunda edição da campanha “Leãozinho Amigo das Crianças”

Em busca de promover ainda mais a defesa e a garantia dos direitos da criança e do adolescente de Pernambuco, o Governo do Estado realiza a segunda edição da campanha “Leãozinho Amigo das Crianças”. A iniciativa apresenta a possibilidade de o contribuinte Pessoa Física doar ao Fundo Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Pernambuco (FEDCA/PE) até 3% do Imposto de Renda (IR), durante o período de declaração, ou até 6% até dezembro – a ser deduzido no exercício no ano seguinte. A alternativa já está apta a receber as doações, que podem ser feitas até o próximo dia 30 – prazo final para a declaração do IR.

Para que o contribuinte Pessoa Física destine até 6% do seu IR ao FEDCA/PE, é preciso que a declaração seja feita no formulário completo através da opção “Doações diretamente na declaração – ECA”, localizada na ficha Resumo da Declaração. Aos pernambucanos que forem doar até 6%, a destinação terá que ser realizada até 31 de dezembro do ano base. Para quem for doar até 3%, o prazo é até o próximo dia 30 de abril. A dedução dos valores destinados à iniciativa não prejudicará outras deduções como as relativas aos dependentes, saúde, educação e pensão alimentícia.

Fruto de uma parceria entre a Receita Federal e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Estado (CEDCA), a medida não ocasiona nenhum custo extra ao contribuinte. Todo o valor arrecadado será distribuído entre os diversos programas de atendimento às crianças e adolescentes em situação de risco de Pernambuco. A assistência é realizada por meio da abertura de editais públicos e convênios com as instituições cadastradas nos conselhos municipais do âmbito. Essas entidades trabalham na promoção de diversas atividades assistenciais nas áreas de saúde, ressocialização, educação, esporte e lazer.

PESSOA JURÍDICA – As empresas tributadas por lucro real também podem destinar até 1% do IR devido para o FEDCA/PE, registrando o valor como despesa. Dessa forma, reduz-se a base de cálculo e, consequentemente, o valor que pagariam de IR e de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL). Para efeito de comprovação à Receita Federal, a Pessoa Jurídica deve registrar em sua escrituração os valores doados.

TRANSPARÊNCIA – Os valores arrecadados pela Receita Federal serão destinados ao FEDCA, em conta bancária devidamente identificada. Todas as ações do CEDCA e outras informações podem ser encontradas nowww.cedca.org.br.

Lula está forte, animado e interessado na situação de Pernambuco, diz Humberto

Após visitar Lula e avaliar as condições de carceragem na superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, na tarde desta terça-feira (17), o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), declarou que, apesar de estar indignado com a prisão injusta e sem provas, o ex-presidente segue animado, forte, lúcido e sereno.

O senador contou que Lula demonstrou preocupação com o país e perguntou sobre o Nordeste, especialmente sobre Pernambuco.

“Contei a ele como estão as coisas no nosso Estado. E disse que estamos na luta por ele e com ele”, afirmou Humberto. “Nós, da Comissão de Direitos Humanos do Senado, constatamos que as condições são adequadas para uma prisão. No entanto, o grande problema que Lula frisa o tempo inteiro é o isolamento. Hoje, felizmente, nós quebramos um pouco essa rotina desumana a que ele está submetido como preso político.”

O parlamentar ressaltou que a defesa de Lula quer que ele tenha direito de receber mais visitas. O senador assegurou que vai cobrar do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), para que assuma uma postura mais ativa com o objetivo de dar possibilidade para que senadores possam visitar as instalações da PF em Curitiba com frequência – assim como acontece com qualquer unidade prisional do país.

“Lula passa o dia inteiro sem poder receber ninguém, só advogados. Nossa luta é para que ele tenha direito de receber os amigos com mais assiduidade. Também continuaremos atuando para que o Supremo Tribunal Federal (STF) tome uma decisão definitiva sobre o julgamento dele”, disse.

Segundo o parlamentar, Lula disse que é preciso continuar a luta política e social em favor do país, pois acha que, sob Michel Temer, o Brasil está desgovernado e com muitas instituições sem funcionar adequadamente. O senador contou que Lula espera que tudo volte aos eixos para que a população reaprenda a respeitá-las.

Humberto também foi até o acampamento montado ao redor da PF em apoio ao ex-presidente para conversar com a militância. O líder da Oposição agradeceu pela força que ela tem dado e passou o recado de que a luta tem de continuar, pelo bem do Brasil.

Sérgio Cabral é denunciado pelo MPF

A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro ofereceu mais duas denúncias à Justiça Federal contra 26 pessoas, incluindo o ex-governador Sérgio Cabral, por corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) é resultado da Operação Pão Nosso, deflagrada no mês passado, que revelou ramificação da organização criminosa em contratos da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Cabral já tem outras 23 acusações do Ministério Público contra ele.

De acordo com os procuradores, “o esquema criminoso instalado na Seap reflete mais um dos inúmeros braços dessa imensa organização criminosa instalada no estado do Rio de Janeiro, e chefiada pelo então governador Sérgio Cabral”. As investigações apontam que as irregularidades iniciaram no projeto Pão-Escola, cujo objetivo era a ressocialização dos presos. A empresa Induspan foi inicialmente contratada para executar o projeto, mas o contrato foi rescindido porque havia desequilíbrio financeiro, já que o estado fornecia os insumos necessários para a produção dos pães, enquanto os presos eram responsáveis pela mão de obra com custo baixíssimo para a empresa, que por sua vez fornecia lanches para a Seap a preços acima do valor de mercado.

O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral - Valter Campanato Arquivo/Agência Brasil
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral – Valter Campanato Arquivo/Agência Brasil

Nesta denúncia, Cabral responde por corrupção passiva por ter aceitado promessa e recebido pelo menos R$ 1 milhão do então secretário da Seap, coronel reformado da Polícia Militar, César Rubens Monteiro de Carvalho, e do ex-subsecretário Marcos Vinicius Lips. Mesmo com diversas irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), o então secretário renovou o fornecimento de refeições para os presídios com a empresa Induspan, de propriedade de Carlos Felipe Paiva, denunciado no esquema.

Na denúncia, os procuradores indicaram que, após a rescisão do contrato, Paiva criou, por meio de laranjas, a Oscip Iniciativa Primus, que sucedeu a Induspan no fornecimento de lanches em presídios do Rio de Janeiro. No entanto, inspeção do TCE identificou que o esquema prosseguiu, já que a organização utilizava a estrutura do sistema prisional e a mão de obra dos detentos para fornecer alimentação acima dos valores de mercado. Mesmo com a identificação das irregularidades, o ex-secretário autorizou prorrogações de contrato com a Iniciativa Primus. Estima-se que o dano causado à Seap seja de pelo menos R$ 23,4 milhões.

O MPF aponta ainda que a Iniciativa Primus foi usada em uma série de transações de lavagem de dinheiro. Estima-se que, por meio de uma complexa rede de empresas com as quais a Oscip celebrou contratos fictícios de prestação de serviços, Paiva tenha lavado pelo menos R$ 73,5 milhões. Neste braço do esquema, o principal doleiro de Paiva era Sérgio Roberto Pinto da Silva, preso na Operação Farol da Colina.

Propina para Cabral

Um dos operadores financeiros de Sérgio Cabral revelou, em colaboração premiada, que parte da propina recebida na Seap era repassada ao ex-governador, mas sem a definição de percentual fixo como identificado em outras secretarias já investigadas. Para receber a propina, César Rubens utilizava duas empresas das quais era sócio, a Intermundos Câmbio e Turismo e a Precisão Indústria e Comércio de Mármores. O sócio de César Rubens na Precisão é Marcos Lips, apontado como responsável pela entrega de dinheiro em espécie ao núcleo central da organização criminosa que operava no estado do Rio de Janeiro na gestão do ex-governador Sérgio Cabral.

Corpo de Dona Ivone Lara é sepultado ao som de seus grandes sucessos

Quem esperava um clima de tristeza, se surpreendeu no enterro da sambista e compositora Dona Ivone Lara. Em vez de choros e lamentos, o corpo da artista foi sepultado ao som de seus grandes sucessos, cantados pelo público, entre parentes, artistas e fãs, que foram ao Cemitério de Inhaúma, nesta terça-feira (17), se despedir da grande dama do samba, que morreu ontem aos 97 anos.

Rio de Janeiro - O corpo da cantora e compositora Dona Ivone Lara é velado na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira
O corpo da cantora e compositora Dona Ivone Lara é velado na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira – Tânia Rêgo/Agência Brasil

A classe artística foi representada, entre outros, por Martinho da Vila, que conheceu e conviveu de perto com Dona Ivone. “Vai ser difícil, porque a gente teve uma convivência muito grande. Fiz muito show com ela, pelo Brasil e pelo mundo. Mas não é uma morte triste, porque não foi sofrida. Ela foi uma pessoa bem vivida, então este enterro, no duro, é uma celebração”, disse Martinho.

Fãs fizeram questão de estar próximos, nos últimos momentos. Levando flores em sua homenagem ou trazendo nas mãos discos da cantora, todos lamentaram a morte de Dona Ivone. “Sou fã dela desde 1984, quando eu tinha 11 anos de idade. Com o passar do tempo, comecei a comprar os discos dela e cheguei a ir em três shows. Ela tinha um samba melódico que transmitia a paz”, disse o professor de história Dorival Alves.

A irmã de Dona Ivone acompanhou o sepultamento e lembrou como ela era em casa. “Ela gostava de brincar e cantar. Vou sentir falta. Vou ficar triste. De parente, era só eu e ela”, lamentou Elza da Silva Gusmão, de 93 anos de idade.

O jornalista especializado em samba Marcelo Faria, do portal Sambrasil, resumiu o que, para ele, foi a carreira da artista: “Dona Ivone, com quase um século de vida, atravessou o século do samba. O legado que ela deixa é a obra que fica. Ela era uma cronista do dia a dia, da vivência do subúrbio. Foi pioneira como compositora e um marco para todos nós”.

Famílias de vítimas do voo da Chapecoense vão processar empresa aérea

Após um ano ano e cinco meses, nenhuma família das vítimas do acidente com o avião que levava os jogadores da Chapecoense recebeu indenização da empresa seguradora ou da companhia aérea responsável pelo voo. Sem nenhuma perspectiva a curto prazo, o advogado da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense, Eduardo Lemos Barbosa, informou com exclusividade à Agência Brasil que ingressará, até o próximo mês, com um processo contra a seguradora boliviana Bisa e a companhia aérea Lamia.

Eduardo Lemos Barbosa disse que, inicialmente, entrou com uma ação trabalhista contra o time da Chapecoense e agora vai processar também a seguradora e a companhia aérea.“O que aconteceu lá [o acidente na Colômbia] foi um acidente de trabalho clássico. Estamos processando o empregador. Alguns são [empregados] da Chapecoense, outros são da imprensa. E também a responsabilidade civil por acidente aéreo, no caso, a [companhia aérea] Lamia e sua seguradora. Estamos entrando com esses processos [contra a Lamia e a Bisa] até meados de maio”, disse o advogado da Associação.

 

Equipes de resgate procuram vítimas entre os destroços do avião da Chapecoense
Avião com equipe da Chapecoense e jornalistas caiu em novembro de 2016. Seis pessoas sobreviveram e 71 morreram – Divulgação/ Polícia de Antioquia

O trágico acidente que matou 71 pessoas, entre atletas e membros da Chapecoense, tripulantes e jornalistas, ocorreu em 29 de novembro de 2016. Seis pessoas sobreviveram, quatro brasileiros e dois bolivianos. O avião, que levava a equipe para disputar a final da Copa Sul-Americana caiu quando se aproximava do aeroporto de Medellin, na Colômbia.

A assessoria de imprensa da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense informou que algumas famílias, sem citar quantas, entraram em acordo com o clube sobre a ação trabalhista. A assessoria ressaltou, entretanto, que nenhuma família aceitou o acordo proposto pela empresa aérea e pela seguradora.

A empresa boliviana Bisa tentou acordo com os familiares oferecendo US$ 200 mil por meio de um Fundo de Assistência Humanitária. As famílias não aceitaram o acordo, que além de ter o valor questionado também impediria novas ações judiciais contra a seguradora e a companhia aérea. “O processo de indenização infelizmente está parado. As indenizações referentes à companhia aérea, infelizmente não conseguimos avançar em nada. É uma questão preocupante. Tem prazos. Mas a associação, em si, tem trabalhado fortemente nessa questão”, disse a presidente da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense, Fabeanne Belle, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo a presidente da Associação, o pagamento pela apólice de seguro foi negado por exclusão geográfica. “Eles propuseram às famílias o pagamento do valor por meio de um fundo monetário, mas para isso eles querem a quitação total para dono de aeronave, para governo, para seguradora, resseguradora. Eles querem que você abra a mão de seus direitos a fim de receber um valor muito abaixo do que seria o valor da apólice”, disse Fabeanne.

O advogado relata que muitas das famílias vivem atualmente com dificuldades financeiras. “Há famílias com situação de problema alimentar. Pedimos liminares ao juiz para atender emergencialmente aquelas necessidades, algumas vezes a gente consegue. Outras, incrivelmente a gente não consegue. É a nossa luta na Justiça”, disse Barbosa, ressaltando o fato de o acidente ter ocorrido fora do país. “A Lamia é uma companhia que nem existe mais”, lembrou.

Pensão

Um projeto de lei em tramitação no Senado discute o pagamento de uma pensão especial às famílias das vítimas do acidente aéreo do voo da Chapecoense. A proposta é pagar o benefício até o término do processo com a seguradora. “Essa é uma bandeira que a associação levantou porque grande parte das famílias dependia do seu ente querido para sobreviver. Existiam pessoas em diferentes fases profissionais. Existiam pessoas que estavam iniciando a carreira e existiam aqueles profissionais que eram do operacional e que recebiam salários pequenos, baixos. E essas famílias ficaram financeiramente desamparadas e tem muitas passando por necessidade”, disse Fabeanne.

A Associação também aguarda o resultado das investigações na área criminal. “Não foi permitido que tivéssemos acesso a qualquer tipo de informação sobre essas investigações”, disse Fabeanne, ressaltando que alguns prazos da investigação acabam quando o acidente completar dois anos, portanto em 29 de novembro deste ano.