Lula rebate Bolsonaro: “Seria ofensivo comparar um jumento a ele”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi às redes sociais, nesta quarta-feira (26), para rebater o ex-presidente Jair Bolsonaro. Nessa terça-feira (25), Bolsonaro chamou Lula de “jumento”, durante evento do PL na Câmara Municipal de São Paulo.

“Ontem a imprensa me pediu para responder uma pessoa que tentou me atacar chamando de “jumento”. Um animal simpático e mais esperto que alguns. O que seria ofensivo seria comparar um jumento a ele, isso sim. Ofensivo aos jumentinhos que não fazem mal a ninguém.”

Caso Marielle: Esposa revela que Lessa pediu registros de entrada do condomínio do dia da execução

Em novo depoimento, a mulher de Ronnie Lessa, Elaine Pereira Figueiredo Lessa, deu detalhes sobre o comportamento do ex-bope no início das investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo Elaine, Lessa pediu que ela buscasse o registro de entrada do condomínio do dia do crime assim que soube que foi intimado para depor no caso. Questionado sobre os motivos, ele apenas respondeu que “iria precisar”. Em delação, o ex-PM Élcio de Queiroz confessou que dirigiu o carro usado no ataque e confirmou que buscou Lessa no condomínio Vivendas da Barra no dia da execução.

Elaine disse que Lessa, ao descobrir que foi intimado para prestar depoimento na delegacia de homicídios, “lhe pediu imediatamente para ir à portaria e pegar o registro de entrada do condomínio no dia 14 de março de 2018”. Em depoimento feito há dois meses, ela falou que ele fez o pedido “mesmo que no mandado de intimação não constasse qualquer informação acerca de qual procedimento se tratava”.

Na delação, Élcio diz que chegou ao Vivendas da Barra por volta das 17h em seu Logan Prata. Ele conta que Lessa autorizou sua entrada no condomínio e, no local, eles trocaram de carro e saíram numa Evoque para efetuar o crime.

Ao ser questionado pela esposa sobre o motivo de precisar do registro, ele só disse que “iria precisar”. À polícia, Elaine disse que durante todo o seu casamento com o ex-bope fazia “poucas perguntas e dessas perguntas obtinha poucas respostas”. Já faz cerca de três anos que os dois não conversam.

Presa duas vezes
Elaine foi presa em outubro de 2019, após a Delegacia de Homicídios e o Gaeco investigarem que ela teria comandado a ação para dar sumiço às armas do marido para apagar qualquer tipo de prova que pudesse incriminá-lo. Ela foi condenada a quatro anos de prisão pelo crime de obstrução de justiça.

Segundo as investigações, ela teria escolhido pessoas da confiança de Lessa e dela própria para a empreitada de jogar a submetralhadora HK-MP5, que teria sido usada na execução da parlamentar, no mar da Barra da Tijuca, próximo às Ilhas Tijucas. Um dos que ajudaram a eliminar provas, segundo a polícia, foi o irmão dela, Bruno Figueiredo. Além dele, também participaram Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, e Márcio Gordo.

Dois dias após deixar a cadeia, no dia 18 de julho de 2021, ela foi presa pela Polícia Federal acusada por tráfico internacional de armas. As investigações tiveram início muito antes, em 23 de fevereiro de 2017. Na ocasião, uma encomenda com remetente de Hong Kong chamou a atenção da Receita Federal no Aeroporto Internacional Tom Jobim, Galeão, no Rio.

Foram encontrados 16 quebra-chamas para fuzil AR-15, que servem para ocultar chamas decorrentes do disparo da arma de fogo e não revelar a posição do atirador. A Academia Supernova, que era de Elaine e Lessa, em Rio das Pedras, era a destinatária do pedido.

Após sair da prisão, ela passou a trabalhar como body piercing em um estúdio, recebendo cerca de três salários mínimos por mês, além da comissão por venda de joias personalizadas. Ela contou à polícia que o patrimônio da família se limita a uma casa em Jacarepaguá e outra na Barra da Tijuca.

O Globo

Homem é atingido por boi em feira de gado em Caruaru e é transferido em estado grave para o HR

Um homem de 62 anos foi atingido por um boi, em Caruaru, no Agreste, e está internado em estado grave, no Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife.

A vítima, que não teve o nome divulgado, foi ferida durante a Feira do Gado, na manhã dessa terça-feira (25). Não há informações sobre como ocorreu o acidente.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para o socorro e, no local, encontrou o homem consciente, com um corte na cabeça.

Segundo a corporação, após o primeiro atendimento, a vítima foi levada ao Hospital Regional do Agreste (HRA).

Após ter o estado de saúde agravado, ainda na noite da terça, o homem precisou ser transferido para o HR, no Recife.

Ele está intubado, em estado grave, de acordo com a unidade hospitalar.

Folhape

‘Automação 360’ será atração no Caruaru Shopping

De 28 a 30 de julho, o Caruaru Shopping estará promovendo o ‘Automação 360’. O evento acontecerá próximo à entrada da academia, das 14h às 18h.

Na ocasião, estarão sendo realizadas oficinas sobre casa inteligente por comando de voz, onde o público vai conhecer os principais dispositivos dessa casa, bem como aprender a utilizá-los por comando de voz.

“O visitante vai experimentar, na prática, o funcionamento da Alexa e seus principais comandos, além de saber curiosidades e descobrir os maiores segredos que a Alexa guarda através de comandos especiais, que podem fazer o seu dia muito mais divertido”, explicou o gerente de Marketing do centro de compras e convivência, Walace Carvalho.

O público ainda vai poder conhecer as skills da Alexa. “Nessa etapa, serão ensinadas algumas das melhores skills de jogos da Alexa, a exemplo do Show do Milhão e do Akinator”, concluiu Walace Carvalho.

O evento é gratuito e aberto para todos os públicos. Para participar, basta estar no local do evento, no horário indicado.

O Caruaru Shopping fica localizado na Avenida Adjar da Silva Casé, 800, Bairro Indianópolis.

Julho Amarelo – Secretaria de Saúde de Caruaru oferece teste rápido de hepatites virais no hall da prefeitura

A Secretaria Municipal de Saúde de Caruaru (SMS), através da equipe do CTA Caruaru, realizará nesta quinta-feira (27) uma ação de promoção à saúde no hall da sede da Prefeitura Municipal, das 8h às 12h. A ação é alusiva ao Julho Amarelo, uma campanha de conscientização sobre as hepatites virais promovida pelo Ministério da Saúde do Brasil. Na oportunidade, serão realizadas testagens rápidas para hepatites virais e aconselhamento. Haverá também distribuição de preservativos internos, externos, lubrificantes e autotestes para HIV/AIDS. Além disso, serão ofertadas testagens para Sífilis e HIV.

O evento é aberto para o público em geral, inclusive os servidores municipais também estão convidados a participar. Para ter acesso à realização dos testes é necessário apresentar um documento de identificação, que servirá para o preenchimento da ficha cadastral.

Serviço:

O quê: Ação alusiva ao Julho Amarelo – Oferta de testes para hepatites virais.

Dia: 27.07.2023 (quinta)

Hora: Das 8h às 12h

Local: Hall da Prefeitura Municipal de Caruaru. Endereço: Palácio Jaime Nejaim, Praça Teotônio Vilela, s/n, Bairro Nossa Senhora das Dores.

Dólar cai para R$ 4,72 após elevação de nota de crédito do Brasil

Cédulas de dólar. 17 de julho de 2019. Nazanin Tabatabaee/ WANA (West Asia News Agency) via REUTERS.

A melhoria da nota de classificação de risco do Brasil pela agência Fitch provocou mais um dia de otimismo no mercado financeiro. Em queda pela terceira vez seguida, o dólar voltou a aproximar-se de R$ 4,70 e voltar a atingir o menor valor do ano. A bolsa de valores iniciou a sessão em baixa, mas reverteu o movimento e emendou a quinta alta seguida.

O dólar comercial encerrou esta quarta-feira (26) vendido a R$ 4,728, com queda de R$ 0,029 (-0,46%). A cotação iniciou o dia próxima da estabilidade, mas passou a cair após o comunicado da Fitch, até encerrar próxima da mínima do dia.

A moeda norte-americana está no menor nível desde 20 de abril do ano passado, quando tinha fechado em R$ 4,62. A divisa cai 1,29% em julho e 10,45% em 2023.

O mercado de ações também teve ganhos. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 112.560 pontos, com alta de 0,45%. Apesar da queda de ações de petroleiras e de mineradoras, ações de bancos e de varejistas sustentaram a bolsa. O indicador está no nível mais alto desde 9 de agosto de 2021.

No mercado doméstico, a decisão da Fitch animou os investidores. A agência de classificação de risco elevou a nota do país para BB, contra BB-, com perspectiva estável (sem a possibilidade de mudar a classificação nos próximos meses). A Fitch atribuiu a decisão a um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado da economia brasileira. A melhoria da nota estimula a entrada de capital financeiro no Brasil.

No cenário internacional, a elevação dos juros básicos dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual confirmou a expectativa das instituições financeiras. Apesar de a taxa básica de juros da maior economia do planeta estar no maior nível desde 2001, os investidores acreditam que o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) encerrou o ciclo de altas que começou em abril do ano passado. O fim das altas de juros em economias avançadas beneficia países emergentes, como o Brasil.

Agência Brasil está publicando matérias sobre o fechamento do mercado financeiro apenas em dias extraordinários. A cotação do dólar e o nível da bolsa de valores não são mais informados diariamente.

Produção de petróleo no pré-sal tem novo recorde trimestral

A Petrobras bateu novo recorde trimestral de produção na bacia do pré-sal, de abril a junho, chegando a 2,06 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Os números constam do Relatório de Produção e Vendas, referente ao segundo trimestre deste ano, divulgado na noite nesta quarta-feira (26). O volume representa 78% da produção total da companhia e supera o recorde anterior de 2,05 milhões de barris de óleo equivalente por dia, registrado no primeiro trimestre de 2023.

A produção média de óleo, líquido de gás natural (LGN) e gás natural registrou leve redução, de 1,5%, no trimestre, se comparada com o trimestre anterior, alcançando 2,64 milhões de barris de óleo equivalente por dia. A petroleira informou que a queda ocorreu, principalmente, por conta de paradas e manutenções, além do declínio natural de campos maduros e de desinvestimentos.

“Esses efeitos foram parcialmente compensados pelo ramp-up [etapa de início da produção, com finalidade de comercializar um produto novo] da P-71, no campo de Itapu, e pelo início de produção, em maio, das Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO) Almirante Barroso, no campo de Búzios, e Anna Nery, no campo de Marlim, além de novos poços de projetos complementares, na Bacia de Campos”, informou a estatal em nota. Segunda unidade do projeto de revitalização de Marlim e Voador, a Unidade Flutuante Anita Garibaldi tem entrada em operação prevista para o terceiro trimestre deste ano.

“A implantação das unidades flutuantes Anna Nery e Anita Garibaldi proporciona a continuidade operacional dos campos de Marlim e Voador, com a expectativa de aumento de 20% da produção e redução de 60% de emissão de gases de efeito estufa, em relação a 2018, quando as nove unidades estavam em operação em Marlim, além de abrir uma importante frente de aprendizados e conhecimentos para outros projetos de revitalização”, destacou o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos.

O diretor de Exploração e Produção, Joelson Mendes, ressaltou que Búzios é o maior campo em águas profundas do mundo. “As plataformas instaladas no campo registraram, em junho, a produção média operada de óleo e LGN de 635 mil barris por dia. Temos ainda mais seis unidades já contratadas em implantação, elevando para 11 o número de plataformas em operação no campo até 2027”, observou.

Gasolina

O relatório aponta ainda que a produção de gasolina cresceu 7,4% no segundo trimestre, em relação ao período anterior, “acompanhando o desempenho de mercado e o maior aproveitamento da capacidade operacional das refinarias”. Em junho, a produção foi de 421 mil barris ao dia, melhor resultado desde 2014. Já as vendas de gasolina no segundo trimestre aumentaram 4,8%, em relação ao primeiro trimestre. Segundo a estatal, foram as maiores altas registradas para o período nos últimos seis anos, mesmo com o desinvestimento de algumas refinarias.

Diesel

A petroleira informou que a produção de diesel também cresceu no último trimestre: 9,7% em relação ao período de janeiro a março. O diesel S10, menos poluente e com menor impacto ambiental, teve recorde mensal de 442 mil  barris ao dia em junho. Segundo a estatal, os resultados devem-se a melhorias operacionais, à otimização de processos e ao controle da produção, com objetivo de atender à demanda crescente do derivado.  As vendas de diesel no segundo trimestre superaram em 0,8% as período anterior, com volume de produção equiparado ao volume de vendas.

Bolsa Família poderá ser pago com real digital

Benefícios sociais e trabalhistas poderão ser pagos no futuro por meio do real digital, disse nesta quarta-feira (26) a presidenta da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano. O real digital é a criptomoeda oficial desenvolvida por empresas autorizadas pelo Banco Central (BC). O banco lançou um consórcio para elaborar produtos e soluções que poderão ser usadas no sistema digital.

“Dá para pensar em pagar benefícios sociais e trabalhistas com moeda tokenizada [moeda convertida em ativos digitais] no futuro”, afirmou Serrano. Segundo ela, o banco pretende aproveitar o real digital para mesclar digitalização financeira e inclusão social. “A Caixa está em 99% dos municípios brasileiros e tem 155 milhões de clientes. É um grande celeiro para testar soluções”, acrescentou a presidenta.

Nesta quarta, a Caixa lançou um consórcio com a bandeira de cartões de crédito Elo e a Microsoft para o projeto-piloto do real digital. “Embora a Caixa pudesse desenvolver o projeto sozinha, isso levaria mais tempo”, disse o vice-presidente de Finanças do banco, Marcos Brasiliano Rosa. Segundo ele, a Elo permitirá o desenvolvimento de opções de criptoativos com pagamento em parcelas, como ocorre com a fatura do cartão de crédito, e a Microsoft entrará com a experiência tecnológica, ajudando a acelerar a implementação da criptomoeda oficial.

A tokenização pode ser definida como a representação digital de um bem ou de um produto financeiro, que facilita as negociações em ambientes virtuais. Por meio de uma série de códigos com requisitos, regras e processos de identificação, os ativos (ou frações deles) podem ser comprados e vendidos em ambientes virtuais. Em testes desde março, o real digital deve estar disponível para a população só no fim de 2024.

Financiamentos imobiliários

Segundo o vice-presidente de Serviços Financeiros da Microsoft Brasil, Júlio Gomes, um dos produtos a serem desenvolvidos pelo consórcio será a compra de imóveis pelo real digital. O processo funcionaria como um Pix para a aquisição e o pagamento de prestações da casa própria. “A principal contribuição desse processo seria aumentar a velocidade e reduzir o custo dos financiamentos habitacionais”, declarou.

Para Maria Rita Serrano, a Caixa entra em vantagem nesse processo porque lidera a concessão de crédito imobiliário no país e poderá influenciar todo o mercado ao adotar o real digital nas transações. “O financiamento habitacional demora, em média, 25 dias até chegar o registro em cartório. Tem condições de agilizar e melhorar o atendimento”, comentou a presidenta da Caixa.

O representante da Microsoft acrescentou que o consórcio ainda constrói os sistemas a serem acoplados à plataforma de testes criada pelo Banco Central. Somente então, os produtos e as soluções tecnológicas serão desenvolvidas, inclusive fora das diretrizes mínimas estabelecidas perla autoridade monetária.

“A partir daí [da conclusão dos sistemas], os times [do consórcio] também trabalham nos produtos a serem criados em cima dessa rede. Há soluções mais tradicionais, como tokenizar alguns ativos para reduzir fricções e custos no sistema financeiro, mas haverá soluções fora da caixa”, declarou Gomes.

Testes

Os testes dos sistemas desenvolvidos pelos consórcios autorizados pelo BC começam em setembro. Nessa fase, a autoridade monetária avaliará a segurança da plataforma escolhida pelo BC nas operações simuladas entre o real digital e os depósitos tokenizados das instituições financeiras.

Os ativos a serem usados no projeto piloto serão os seguintes: depósitos de contas de reservas bancárias, de contas de liquidação e da conta única do Tesouro Nacional; depósitos bancários à vista; contas de pagamento de instituições de pagamento; e títulos públicos federais. Os testes serão feitos em etapas, com as transações simuladas com títulos do Tesouro Nacional sendo feitas apenas em fevereiro do próximo ano.

Marcio Pochmann é confirmado novo presidente do IBGE

Brasília - Marcio Pochmann, da Fundação Perseu Abramo, fala na 15ª Conferência Nacional de Saúde (Elza Fiuza/ Agência Brasil)

O economista Marcio Pochmann teve o nome confirmado para presidir o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disse nesta quarta-feira (26) o ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta. Ele substituirá Cimar Azeredo, funcionário de carreira e ex-diretor de Pesquisas do Instituto, que presidia o órgão de forma interina desde 3 de janeiro.

“O Marcio Pochmann vai ser o novo presidente do IBGE e não tem nenhum ruído quanto a isso”, declarou Paulo Pimenta ao deixar o Palácio da Alvorada. O secretário de Comunicação Social reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se recupera de uma infiltração no quadril feita nesta quarta.

Figura histórica ligada ao PT, Pochmann presidiu o Instituto Lula e a Fundação Perseu Abramo (fundação do PT voltada a elaboração de estudos, debates e pesquisas). De 2007 a 2012, comandou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Em 2012 e 2016, Pochmann disputou a prefeitura de Campinas (SP), mas perdeu as duas eleições. Em 2018, coordenou o programa econômico do então candidato à presidência da República pelo PT Fernando Haddad. No fim do ano passado, após a eleição de Lula, o economista fez parte da equipe de transição do governo, participando do grupo de Planejamento, Orçamento e Gestão.

Membro da corrente de economistas ligada à Universidade de Campinas (Unicamp), caracterizada pela defesa do desenvolvimentismo econômico e da indústria nacional, Pochmann acumula pesquisas nas áreas de desenvolvimento, políticas públicas e relações de trabalho.

Interino

Nos quase sete meses em que ficou à frente do IBGE, o atual presidente, Cimar Azeredo, enfrentou desafios como a conclusão do Censo de 2022, prejudicado após sucessivos adiamentos. Com o apoio da ministra do Planejamento, Simone Tebet, Azeredo coordenou um mutirão que incluiu quase 16 milhões de brasileiros na contagem populacional.

Pesquisa mostra que negros sofrem mais com o racismo no país

Brasília - Manifestantes acampados no gramado do Congresso Nacional entraram em confronto com integrantes da Marcha das Mulheres Negras durante passeata contra o racismo e a violência (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A avaliação de que pessoas pretas são as que mais sofrem com o racismo é quase unanimidade entre os brasileiros, já que nove em cada dez pessoas (96%) compartilham dessa visão. Em segundo e terceiro lugares, os indígenas e os imigrantes africanos, respectivamente, com 57% e 38%, são os que mais sofrem. Há também uma maioria expressiva, de 88%, que concorda que essa parcela da população é mais criminalizada do que os brancos.

Esses são alguns dos dados da pesquisa Percepções sobre o racismo no Brasil, realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), sob encomenda do Instituto de Referência Negra Peregum e do Projeto Seta (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista).

Ainda de acordo com o estudo, mais da metade (51%) dos brasileiros declarou já ter presenciado um ato de racismo, e seis em cada dez pessoas (60%) consideram, sem nenhuma ressalva, que o Brasil é um país racista. Outros 21% concordam em parte com essa visão.

Os marcadores sociais de raça, cor e etnia são considerados os principais aspectos que explicam as desigualdades para 44% dos brasileiros, e somente 65% da amostra concorda totalmente (57%) ou em parte (8%) com a criminalização do racismo no país. O que mais tem peso para determinar o grau de desigualdade social é a classe social, indicada por 29% dos que responderam a pesquisa.

O estudo tem abrangência nacional e compreendeu 127 municípios das cinco regiões do país. As entrevistas com os participantes foram feitas ao longo do mês de abril.

De acordo com a pesquisa, pode-se dizer que o dado sobre a criminalização de pessoas negras se desdobra em outro do estudo, o referente ao tratamento que agentes da polícia dispensam à população negra. Das 2 mil pessoas ouvidas, 79% concordam que a abordagem policial é baseada na cor da pele, tipo de cabelo e tipo de vestimenta, sendo que 63% das pessoas ouvidas concordam totalmente com essa afirmação e 16% apenas parcialmente. Um total de 84% concorda que pessoas brancas e negras recebem tratamentos diferentes por parte da polícia, sendo que 71% concordam totalmente e 13% em parte.

Contradição

Um dos pontos da pesquisa que merecem atenção é a contradição entre os dados. Ao mesmo tempo em que os brasileiros afirmam conviver com o racismo, apenas 11% deles reconhecem cometer atitudes racistas e 10% afirmam trabalhar em instituições racistas, o que lembra uma situação já vista em levantamentos sobre violência contra a mulher, em que uma minoria diz conhecer os autores das agressões.

Outros dados que confirmam as contradições são os referentes à parcela que aponta familiares como os agentes que praticam racismo (12%), a que identifica pessoas de seu círculo (36%) e a que declara estudar em instituições de ensino em que o racismo está enraizado (13%). A maior proporção diz respeito aos respondentes que dizem conviver com as vítimas do racismo, de 46%.

“O que aparece aqui é que os brasileiros são incapazes de reconhecer como o racismo se materializa na rotina, no dia a dia, que é uma dimensão individual, e também nos espaços em que circulam, tanto públicos como privados, que têm uma dimensão coletiva”, observa o coordenador de projetos do Instituto de Referência Negra Peregum, Márcio Black.

Concretização do racismo

Segundo os participantes do estudo, o racismo surge, principalmente, por meio da violência verbal, como xingamentos e ofensas (66%). Outras manifestações são o tratamento desigual (42%) e a violência física, como agressões (39%). Pelo que vivenciam, pessoas pretas são as que mais denunciam sofrer racismo, considerando-se a variável raça/cor, o que, destacam os pesquisadores, demonstra que o racismo é mais compreendido a partir da dimensão interpessoal do que da dimensão estrutural.

O confeiteiro Wanderlei Lima se recorda bem do dia, há uma década, em que um motorista o chamou de macaco, após achar que ele o havia fechado no trânsito, na capital paulista. Lima dirigia o carro de sua então sogra e perseguiu o homem, em virtude da revolta que sentiu, diante do gesto e também da sensação de que o outro condutor sairia impune, se o caso chegasse ao conhecimento da polícia.

Lima foi em seu encalço pelas ruas até a gasolina de seu carro acabar, e o episódio ficou na memória. “Na hora, só tive um clique de ódio. Ele achou que fosse ficar por isso mesmo. Ainda hoje, eu me pego vendo ele baixando o vidro do carro e a imagem dele me xingando. Isso me persegue até hoje”.

Para o confeiteiro, a polícia agiria conforme o que predomina na sociedade brasileira, que é “estruturada e absolutamente condescendente com o racismo”. “O racista acha que preto é menos gente, menos humano, que sente menos dor. Colocam a gente nesse lugar, acham que somos subgente”, avalia.