Governador do Ceará defende manutenção de aliança com o PT (Foto: Divulgação)
Deu no Brasil 247
Depois das últimas estripulias, que vão da contratação de um buffet para servir caviar e camarão por R$ 3,4 milhões à postagem de uma foto com o filho ao colo enquanto estava ao volante, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), voltou a criticar o seu próprio partido. Em seu perfil no Twitter, Cid questionou o papel que a legenda socialista irá desempenhar nas eleições do próximo ano. “Linha auxiliar do PSDB. Será este o papel do PSB em 2014”, postou.
O comentário na rede social vem na esteira do encontro que o presidente nacional da legenda, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, teve com o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), em sua residência, no Recife. No jantar, realizado na quinta-feira (29), teria sido discutido a formação de alianças, eventuais apoios no caso de um segundo turno e um pacto de não agressão durante a corrida presidencial.
A aproximação entre PSB e PSDB coloca o governador cearense em uma posição incômoda. Cid sempre defendeu a manutenção da aliança histórica que o seu partido mantém com o PT e já declarou publicamente apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). As posições e questionamentos por parte do governador já levaram a vários integrantes da cúpula da legenda socialista a dizerem que ele estaria sabotando a candidatura presidencial de Campos ainda no nascedouro.
Atualmente, Cid Gomes é uma das poucas vozes contrárias a uma candidatura própria e está cada vez mais isolado dentro do PSB, situação que vem se agravando desde as últimas polêmicas protagonizadas por ele. Agora, com a perspectiva cada vez mais real de uma candidatura própria por parte da legenda pessebista e com a aproximação do PSDB para discutir a formação de uma aliança, o emparedamento do governador cearense parece estar cada vez mais próximo.
O comentário feito pelo Twitter vem na sequência das declarações feitas pelo tucano Aécio Neves, que afirmou, momentos após o encontro com Campos, que gostaria de construir uma “nova agenda para o país”, além de nunca ter escondido o desejo de firmar uma aliança com o governador pernambucano. Campos, por sua vez, disse que apesar de estar em “campo político diferente” do tucano mineiro, é preciso manter o diálogo aberto. “Nós não temos que necessariamente concordar sobre tudo ou estar no mesmo espaço político. Acho que a gente pode ajudar a construir no Brasil uma nova prática política”, declarou.
A falta de diálogo junto aos partidos da base aliada e da oposição tem sido um dos motes das críticas feitas por Campos e dirigidas à presidente Dilma Rousseff, o que soa como mais um indicativo de que o PSB prepara o seu desembarque do governo federal para disputar as eleições presidenciais de 2014.
E como esta movimentação pode levar Cid ao mais completo isolamento dentro do seu próprio partido, resta a ele questionar os rumos da legenda como uma forma de se fazer ouvir, estratégia que, pelo visto, não parece preocupar nem um pouco o restante do partido.