Do Poder Online
O líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), afirmou que o seu partido tentará ainda buscar um entendimento para ter o PSB apoiando a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Ele afirma, entretanto, que esse trabalho será feito “sem ilusões” e que, se os socialistas desejarem mesmo deixar a base com vistas ao apoio do nome de Eduardo Campos na corrida presidencial, a relação com o PSB será de adversário, não de inimigo.
Guimarães afirmou ainda que o plebiscito da reforma política é “questão central” para o PT na volta do recesso e avisou que retornará a Brasília amanhã para começar o trabalho de articulação para conquistar 170 assinaturas necessárias para viabilizar a votação sobre a consulta popular.
Poder Online – Em vista de tudo que aconteceu no primeiro semestre, como o senhor acha que será a relação com a base nesta segunda metade do ano?
José Guimarães – Teremos um segundo semestre com debates importantes no Congresso com projetos como o Mais Médicos, que é fundamental para o país, a reforma política, o plebiscito e a questão dos royalties para a educação. Vamos buscar dialogar com a base. O PT buscará ajudar o governo a organizar sua base.
A base tem reclamado da falta de atenção da presidente Dilma. O senhor acha que ela deveria buscar uma aproximação?
Nos primeiros dias de julho, nunca um presidente fez tantas reuniões com lideranças da base e movimentos sociais. Ela fez um esforço grande em dialogar, foi uma verdadeira maratona.
E foi o suficiente?
Na política, sempre será preciso fazer mais reuniões e mais diálogos.
O PSB tem falado reservadamente que pretende deixar a base em outubro para fincar posição sob a óptica da candidatura de Eduardo Campos, isso compromete a governabilidade?
Eles não falam reservadamente, falam abertamente. O líder do PSB na Câmara (Beto Albuquerque) atua como um coordenador da campanha de Campos. Se for esse o rumo, vamos trabalhar com o PSB como adversário, não como inimigo. São 12 anos de participação do PSB no governo. Eles têm um espaço considerável. Esperamos que eles não abandonem a base somente por questões eleitorais. Ninguém está afim de aventura, não há espaço para isso. Continuaremos trabalhando pelo apoio do PSB à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Mas é claro que faremos isso sem ilusões.
O plebiscito está enterrado ou o PT ainda brigará por isso?
O plebiscito é uma questão central para o PT. Volto para Brasília nesta segunda-feira para articular com os líderes a respeito disso, para buscar as 170 assinaturas necessárias para viabilizar o plebiscito.
O episódio da indicação de Cândido Vaccarezza para a coordenação do grupo de trabalho da reforma política causou rusgas no PT e foi algo que teve o dedo do PMDB. Fala-se nos bastidores que o líder do PMDB, Eduardo Cunha, teria feito a exigência em torno do nome de Vaccarezza…
Não teve nada disso. Eduardo Cunha não exigiu nada, isso é uma lenda.
Vaccarezza deveria ter aberto mão dessa indicação?
O PT tem claro que ele coordenará o grupo e que quem representa o partido é o (Ricardo) Berzoini. Temos agora coisas mais importantes com que nos preocupar. Esse assunto está encerrado.
O ex-governador José Serra (PSDB) disse recentemente que o financiamento público de campanha favorece o PT. O senhor acha que o financiamento público favorecerá o PT nas eleições?
O PT quer o financiamento público para reduzir a influência que o poder econômico exerce atualmente nas disputas eleitorais. Ninguém financia candidato sem algum interesse. Não há como combater a corrupção sem o financiamento público.
Como fica a questão dos royalties do petróleo? O senhor acredita que será possível resgatar o texto do Senado, que é o que o governo quer, nos destaques que faltam ser votados?
Temos que ter responsabilidade na discussão das matérias no Congresso. Eu prefiro os 10% para a Educação de forma progressiva do que arrumar um milagre que não se sustenta. O ministro Mercadante estará trabalhando para construir um acordo a respeito desse assunto. Acho que será sim possível (resgatar o texto do Senado).