Na sexta-feira (30.11), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) lembrou o Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro, com o seminário “A história da Aids em Pernambuco: 30 anos de enfrentamento”. A discussão será na sede da SES, no bairro do Bongi, até as 12h. Participaram do evento a médica e pesquisadora Ana Brito, o médico e sanitarista François Figueiroa, a representante do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP) Rosângela da Silva, a representante da Gestos Jô Menezes e a psicóloga Bethânia Cunha, além da equipe do Programa Estadual de IST/Aids/Hepatites Virais. Na ocasião, será lançado o novo boletim epidemiológico de HIV/Aids, que já está disponível no https://bit.ly/2rfjVPs.
À tarde, das 14h às 17h, houve um cine-debate com a exibição do filme Fogo nas Veias, documentário sobre o surgimento dos remédios antirretroviriais para combater da Aids. O longa mostra o monopólio e as altas taxas das grandes corporações farmacêuticas, que fizeram com que as drogas fossem inacessíveis à grande parte dos portadores no continente que africano.
DIAGNÓSTICO PRECOCE – Nos últimos quatro anos, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) tem trabalhado para ampliar o acesso à testag rápida das infecções sexualmente transmissíveis (IST), objetivando o diagnóstico precoce e, consequentemente, o tratamento em tempo oportuno. Entre 2015 e 2018, houve uma ampliação de 660% na oferta de testes rápidos para HIV, sífilis e hepatites virais (B e C), saindo de 206.716 no primeiro ano para 1.571.135 até setembro deste ano. Ao todo, no período, foram 4.166.416 testes distribuídos para todos os municípios pernambucanos.
Só de HIV foram 109.675 testes rápidos entregues em 2015, enquanto que em 2018, até setembro, foram 536.825 (crescimento de 389%). “Os testes rápidos estão disponíveis, de rotina, nos postos de saúde, nos Centros de Testagem e Aconselhamento e em outras unidades de saúde, como maternidades e UPAs. Essa melhoria no acesso possibilitou, por exemplo, que 92,4% dos municípios pernambucanos passassem a realizar a testagem rápida nas gestantes, quantitativo que em 2015 era de 38,9%”, afirma a gerente do Programa Estadual de IST/Aids/HV da SES, Camila Dantas. “Precisamos conscientizar a população da importância do teste. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais rápido o início do tratamento. Isso é essencial para dar qualidade de vida para a população vivendo com HIV e para tratar a sífilis e as hepatites virais”, reforça.
A gerente lembra, ainda, que ações itinerantes são realizadas para atingir públicos específicos. ”Sob gestão estadual, nós temos o Projeto Quero Fazer, que, duas vezes por semana, além do teste, presta aconselhamento e distribui preservativos e saches de gel lubrificante”, diz.
ASSISTÊNCIA – Além de reforçar o diagnóstico precoce, o Estado também tem estimulado a ampliação dos equipamentos que realizam o acompanhamento do paciente com HIV/Aids. Entre 2015 e 2018, o número de Serviços de Atenção Especializada em HIV/Aids (SAE) saiu de 30 para 37 (crescimento de 23%), distribuídos por todas as 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres). Os municípios que abriram esses serviços foram Belo Jardim, Pesqueira, Santa Cruz do Capibaribe, Carpina, Escada, Ipojuca e Araripina, interiorizando a assistência.
No Recife, o SAE do Hospital Correia Picanço, referência estadual para o acompanhamento de adultos vivendo com HIV desde 1986, ganhou, em março de 2018, um ambulatório exclusivo para o acolhimento do público infanto-juvenil exposto ou infectado pelo HIV. O serviço conta com uma equipe multiprofissional, formada por médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social. Para ser atendido no local, a criança ou o adolescente deve ser encaminhado de alguma maternidade ou outro serviço de saúde. Filhos de pacientes já acompanhados na unidade de saúde também são acolhidos no ambulatório.
PROFILAXIA – Em março de 2018, o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) começou a fazer a profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP), mais uma estratégia de prevenção ao vírus. A profilaxia é voltada para populações consideradas mais vulneráveis e que tenham práticas sexuais de risco (trabalhadores do sexo, pessoas trans, gays e outros homens que fazem sexo com homens e casais sorodiferentes). Atualmente, 124 pessoas estão sendo acompanhadas no ambulatório do Huoc.
A PrEP é a combinação de dois medicamentos (tenofovir + entricitabina), em um único comprimido, que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo. Para que a medicação possa impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe pelo corpo é preciso fazer uso diariamente. Para receber a medicação profilática, o paciente precisa estar cadastrado no serviço do Huoc e comparecer a consultas periódicas para acompanhamento.
Importante ressaltar que essa é uma ferramenta que deve ser utilizada de forma combinada, sem excluir ou substituir as outras opções existentes, como o uso de preservativo, já que existem outras infecções sexualmente transmissíveis que precisam ser evitadas, como a sífilis e as hepatites virais.
AIDS – A síndrome da imunoeficiência adquirida (Aids) é o quadro de enfermidades ocasionadas pela perda das células de defesa no organismo em decorrência da infecção pelo vírus HIV. Um paciente pode ter o HIV, mas demorar de oito a dez anos a desenvolver a Aids.
Em Pernambuco, desde o início das notificações, no ano de 1983, até 1º.10.2018, foram 26.657 casos de Aids, sendo 17.339 no público masculino e 9.318 no feminino. Em 2015 foram 1.263 casos e em 2017, 1.001, uma redução 20,7% no período. Em 2018, até 1º.10, os dados preliminares apontam 445 casos.
Em relação aos óbitos por Aids, Pernambuco vem conseguindo, ano a ano, diminuir a taxa de mortalidade, que é a quantidade de óbitos por 100 mil habitantes. Em 2015, a taxa era de 6,75. Já em 2017, a taxa diminuiu para 6,29. Em números absolutos, foram 631 mortes em 2015, enquanto que em 2017 foram 596.
HIV – Em junho de 2014, o Ministério da Saúde (MS) também instituiu a notificação das pessoas apenas infectadas com HIV, que são aquelas que possuem o vírus, mas ainda não desenvolveram a doença (Aids). Desde então, foram detectados no Estado 9.818 casos, sendo 6.519 no público masculino e 3.299 no feminino.
Analisando apenas os últimos quatro anos, foram 8.946 casos de HIV. Em 2015 foram 2.223 notificações e em 2017, 2.697, um crescimento de 21%. “A notificação dos casos de HIV é algo recente no Brasil. O aumento apresentado nos últimos anos pode ser analisado como uma melhora no acesso ao diagnóstico e também na notificação dos casos. Isso reflete na diminuição nos casos de Aids, já que o tratamento em tempo oportuno pode diminuir os adoecimentos”, pontua a gerente do Programa Estadual de IST/Aids/HV, Camila Dantas.
HIV/AIDS EM NÚMEROS
AIDS
26.657 casos de 1983 a 1º de outubro de 2018
Aids no público masculino: 17.339
Aids no público feminino: 9.318
Casos de Aids nos últimos quatro anos
2015: 1.263
2016: 1.170
2017: 1.001
2018: 445*
Óbitos por Aids nos últimos quatro anos
2015: 631 (taxa de 6,75 por 100 mil habitantes)
2016: 633 (6,73)
2017: 596 (6,29)
2018: 328* (3,45)
HIV
CASOS
2015: 2.223
2016: 2.334
2017: 2.697
2018: 1.692*