Na próxima terça-feira (27), é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos. A data serve para conscientizar a população sobre a importância do ato que salva muitas vidas. E Pernambuco tem muito o que comemorar. Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o Estado está em 2º lugar no Brasil no número de transplantes de coração e medula óssea, e ainda se destacou nos números de transplantes de rim (134) e pâncreas (5), ficando no 1º lugar entre os Estados do Norte e Nordeste. No caso dos transplantes de coração, foram realizados 19 procedimentos.
Para a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes, mesmo com os bons resultados é preciso ficar alerta: “Apesar de estarmos bem no ranking geral, houve uma queda nas doações desse órgão em relação ao mesmo período do ano passado”, ressalta lembrando que entre janeiro e junho de 2015 foram 25 transplantes de coração.
O cirurgião José Olímpio Maia, responsável pela captação de órgãos para transplante do Hospital Jayme da Fonte, reforça que é muito simples melhorar estes números: “Para ser doador, não é necessário nenhum registro. Basta avisar para a família, pois só ela pode autorizar a doação”. O médico ainda ressalta a importância de campanhas de conscientização ao longo do ano: “Há um aumento considerável no número de doadores no período de campanhas e ações nacionais sobre doação. O problema é que, depois de alguns dias, esse número volta a cair. O ideal é que haja uma propagação contínua para a população.
O Hospital Jayme da Fonte, que é referência na realização de transplantes hepáticos (já realizou mais de 800) e na cirurgia de captação de múltiplos órgãos, conta com uma Comissão Intra-hospitalar para identificar possíveis doadores de órgãos. A Comissão é formada por profissionais capacitados que avaliam os pacientes que estão evoluindo para morte encefálica e comunicam à Central de Transplante de PE, que é órgão responsável pelo cadastro de receptores na lista de espera para transplantes e na distribuição dos órgãos. “A CT-PE após ser notificada sobre potenciais doadores com diagnóstico de morte encefálica inicia todo o processo logístico que torna possível a doação dos órgãos e a realização do transplante”, afirma Dr. Olímpio.
Segundo o cirurgião, para que a doação aconteça, é necessário confirmar a morte encefálica do paciente através de um rígido protocolo seguido pelo CT-PE. Depois da confirmação, a família precisa autorizar a doação. Já com a assinatura do termo de autorização, a Central de Transplantes encaminha o órgão para um receptor compatível, obedecendo à ordem da lista. “É importante reforçar que todo o procedimento para doação de órgãos deve passar pela CT-PE para manter a integridade das ações”, reforça.
Existem dois tipos de doação: doadores vivos, que só podem doar órgãos duplos ou partes de órgãos, cuja retirada não causa danos ao doador, tipo um dos rins, parte do fígado, do pulmão, do pâncreas e até da medula óssea; e doadores falecidos, que são os pacientes que evoluiram para a morte encefálica, que podem doar coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, córnea, veia, ossos, pele e tendão. “Vale lembrar que no caso da doação pós-óbito, um único doador pode beneficiar até dez vidas”, finaliza o cirurgião.