Seca aquece faturamento dos caminhões-pipa

Pedro Augusto

Foi-se o tempo em que a falta de chuvas se concentrava em maior proporção no verão. Não é de hoje que as outras estações do ano também vêm penando bastante para comportar as quedas volumosas de água. Diante de um cenário cada vez mais escasso e nada animador nas barragens que prestam fornecimento na região Agreste, atualmente, em plena primavera, milhares de residências, prédios, condomínios e estabelecimentos comerciais de Caruaru vêm recorrendo aos tanques dos caminhões-pipa privados. A demanda, segundo os microempreendedores do setor, tem sido tão elevada em determinados locais da cidade que, em alguns casos, os veículos estão se dirigindo para os mesmos endereços em mais de um dia da semana.

Na microempresa de Carlos Augusto, por exemplo, hoje a procura por caminhões-pipa encontra-se 30% maior em relação ao mesmo período do ano passado. “Na medida em que a Barragem de Jucazinho – uma das abastecedoras de Caruaru – foi perdendo o seu volume de água, a demanda pelos nossos caminhões acabou aumentando. Com essa intensificação do racionamento por parte da Compesa, que está sendo provocado justamente por conta do alastramento da seca, atualmente a procura pelos nossos serviços está cada vez maior. Além de grandes condomínios, também temos preenchido bastante os reservatórios de estabelecimentos como bares e restaurantes.”

Se não bastasse a influência gigantesca nos acúmulos de água das barragens de Jucazinho e do Prata – outra que presta fornecimento a Caruaru -, a longa estiagem que vem predominando no Interior do Estado também tem mexido com os preços dos caminhões-pipa oferecidos na cidade. Foi o que confirmou o comerciante Luiz Paulo. “Como vários mananciais acabaram secando nos últimos meses – em Caruaru principalmente em Terra Vermelha – estamos tendo de adquirir a água em locais mais distantes do município, como em Riacho do Peixe, no Sítio Vertentes e no Murici. Sendo assim, tivemos de reajustar os valores dos caminhões para não ficarmos no prejuízo.”

Em levantamento feito com as principais empresas do gênero da cidade, o VANGUARDA chegou aos seguintes preços médios de caminhões: R$ 140 (correspondente a mais de 8 mil litros de água), R$ 160 (a 10 mil litros de água) e a R$ 250 (correspondente a 17 mil litros de água).
Segundo o também comerciante Mauro Sérgio, hoje os valores praticados encontram-se entre 10% e 15% mais caros em relação ao mesmo período do ano passado. “Além do deslocamento agora maior, outro fator que vem contribuindo para os reajustes nos preços do caminhões tem se referido ao encarecimento cada vez maior na aquisição nas fontes. Ou seja, como a oferta de água encontra-se menor nos mananciais e a procura está maior por causa da seca, estamos pagando mais caro pela água e o consumidor final também está sentindo no bolso.”

De acordo ainda com Mauro Sérgio, o desempenho do setor só não tem sido melhor, apesar desta época de crise, por causa da influência negativa dos caminhões clandestinos. “Grande parte deles vem pegando a água de qualquer jeito, ou seja, sem se preocupar com a qualidade da mesma, e tem vendido os caminhões aos preços irrisórios de R$ 120 e até R$ 90. Desta forma, nós, que pagamos os nossos impostos e oferecemos uma água de qualidade, com cloro e demais produtos exigidos, temos ficado no prejuízo. Já perdemos as contas das denúncias que fizemos sobre tal prática, mas até agora nada foi resolvido. É preciso alertar a população sobre os riscos ao se adquirir uma água sem procedência”, finalizou.

Especialista dá dicas a condomínios

Clientes assíduos dos caminhões-pipa, devido à elevada quantidade de pessoas os quais habitualmente comportam, os condomínios necessitam adotar algumas medidas importantes para utilizar, da melhor maneira possível, a água proveniente deste serviço. O especialista em condomínios da GS Terceirização, Amilton Saraiva, ficou a cargo de fazer algumas recomendações.

“Neles, quem mais tem contato com a água são os funcionários, portanto, durante este período de seca, é de suma importância que os colaboradores sejam instruídos. Ao invés de lavar a área externa e a calçada da empresa, basta varrer. Em ambientes internos, um aspirador de pó e um pano úmido costumam resolver. Ao invés de usar a mangueira, é recomendável que eles sutilizem baldes, já que estes últimos costumam limitar o uso da água.”

“Por outro lado, nas residências pode-se economizar com alguns procedimentos básicos, como coletar a água que sai do chuveiro antes de aquecida em um balde e depois utilizá-la no vaso sanitário ou para lavar as sacadas. Pode-se também colocar uma garrafa de 600 ml cheia de água dentro da caixa acoplada para economizar água nas descargas. Além disso, os condomínios também podem adotar alguma medida de captação de água da chuva ou reaproveitamento da água já utilizada”, finalizou Saraiva.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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