Pesquisa com mais de 3,6 mil artesãos mostra que atividade é opção para crise

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Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil

A produção artesanal de objetos proporciona um complemento para a renda e é ainda um trabalho informal para a maioria dos artesãos, conforme apontou pesquisa realizada pela plataforma digital Clube de Artesanato e divulgada na abertura da feira Mega Artesanal, que pode ser visitada pelo público em geral a partir de hoje (12) na capital paulista.

O levantamento, realizado com 3.649 entrevistados de todo o país nos meses de maio e junho, mostrou que apenas 17,7% dos artesões são legalizados como microempreendedor individual (MEI). O restante permanece na informalidade, sendo que 45,8% disseram que não têm interesse em se registrar e 21,5% afirmaram que não saem da informalidade porque não têm incentivos do governo nem como arcar com os custos altos de uma empresa.

“De acordo com o nosso levantamento, 70% das pessoas fazem artesanato e vendem entre amigos e familiares, e apenas 8% têm uma pequena loja, o que comprova, mais uma vez, a informalidade neste ramo de negócio”, disse Lucas Ferreira, gestor de marketing do Clube de Artesanato, na abertura da feira, ocorrida ontem (11).
A motivação de 49% dos entrevistados que trabalham com artesanato é a complementação da renda familiar. Em 63% das residências, há apenas uma pessoa com trabalho fixo e, em momento de crise, o artesanato ajudou 56% dos entrevistados. Além disso, 31% dos artesãos sustentam entre duas e quatro pessoas com a renda de seu trabalho.

“Muitas pessoas estão migrando hoje [para o trabalho artesanal], por uma dificuldade de recolocação [no mercado] e de novo emprego. [O artesanato] é uma solução prática e rápida para se gerar um complemento de renda. Frente ao momento econômico que o país vem atravessando, [com] quase 14 milhões de pessoas desempregadas, o movimento do artesanato foi muito potencializado”, avaliou Ferreira.

Apesar da característica de auxílio na renda, Ferreira afirmou que há possibilidade de o artesanato se tornar a fonte principal de faturamento. “A maioria utiliza [o artesanato] como complemento de renda. O que naturalmente acontece, e podemos ver na feira, é que, mesmo como um complemento de renda, o negócio vai crescendo, e aí aquela ação despretensiosa vira uma ação de resultado financeiro, se torna uma empresa, cresce e vira um negócio de sucesso. Existem exemplos aqui na feira que o público vai conseguir observar”, disse.

Feira

Na Mega Artesanal, que é a maior feira de produtos e técnicas de artes manuais e artesanato da América Latina, apresenta ao público insumos, máquinas, ferramentas, acessórios, peças prontas, exposições, desafio de moda entre alunos de escolas técnicas estaduais (ETECs), lançamentos de livros, performances de artistas, além de cerca de 10 mil vagas diárias em cursos e oficinas – gratuitos em sua maioria – para aprender alguma técnica de trabalho manual.

A feira está aberta até 16 de julho, na São Paulo Expo, que fica na Rodovia dos Imigrantes, km 1,5. Vans gratuitas saem da Estação Jabaquara do metrô todos os dias para a feira. A entrada custa R$ 20,00, inteira; e R$ 10,00, meia entrada. Outras informações no site .

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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