Petrobras confirma a venda de 25% da capacidade de refino

Folhapress

A Petrobras confirmou na quinta-feira (9) a venda de 25% de sua capacidade de refino no país, conforme a Folha de S.Paulo antecipara. A empresa vai negociar uma fatia de 60% de duas novas empresas que serão criadas com os ativos desse setor nas regiões Nordeste e Sudeste.

No Nordeste, serão incluídas a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e Landulpho Alves, na Bahia, além de sete terminais e 15 dutos. No Sul, as refinarias Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, e Getúlio Vargas, no Paraná, com mais cinco terminais e nove dutos. A Petrobras não vai permitir que uma mesma empresa apresente lances pelos dois blocos regionais de refino. A expectativa é concluir o processo até o fim do ano.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, defendeu que a entrada de novas empresas no setor permite a retomada de investimentos e dificulta a volta do controle de preços sobre os combustíveis, que causou perdas bilionárias à estatal nos governos petistas.

O modelo proposto pela companhia, que ainda precisa ser aprovado pela diretoria e conselho de administração, prevê a formação de dois blocos regionais de refino, cada um com duas refinarias e os terminais e dutos que movimentam petróleo e derivados para as unidades.

Para vencer resistências internas, governo e Petrobras afinaram discurso em defesa da operação durante evento promovido pela estatal nesta quinta. Participaram do encontro também representantes de petroleiras, distribuidoras de combustíveis e da indústria canavieira.

“Para nós, é muito importante porque podemos ganhar no curto prazo uma maior segurança da prática de preços competitivos no país”, afirmou Parente. “O reposicionamento da Petrobras pode gerar novos investimentos no setor de refino”, disse o diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Décio Oddone.

Parente reconheceu que a resistência interna influenciou na decisão de manter participação nas refinarias à venda, em vez da saída total dos ativos. “Uma abordagem com um pouco mais de prudência talvez possa garantir mais o resultado do que uma solução mais ousada”, afirmou.

A presidente da Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar), Elizabeth Farina disse que a preocupação da estatal com a liberdade de preços “aplaca preocupações com investimentos em biocombustíveis”.

Durante o governo FHC, os trabalhadores conseguiram frear tentativa de privatização das refinarias, que teve apenas uma operação concluída, de venda de 30% da refinaria Alberto Pasqualini à Argentina YPF. O negócio foi desfeito oito anos depois, diante da insatisfação da sócia com os sucessivos prejuízos provocados pelo controle de preços.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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