Petrobras, do sonho ao abismo

Marcus Pestana, do Congresso em Foco

A sociedade brasileira assiste, estupefata e cheia de indignação, à maior empresa brasileira mergulhada numa crise que parece não ter fim. Muitas são as causas, múltiplas são as consequências.

A Petrobras nasceu, nos anos 50, de um sonho generoso presente na campanha “O Petróleo é nosso”. O sentimento nacionalista imaginava um país desenvolvido e industrializado e teve como estuário a criação da nossa maior empresa estatal, protegida pelo monopólio da exploração.

Uma combinação fantástica de erros e desvios patrocinados pelo PT misturaram equívocos estratégicos, má gestão e corrupção desenfreada.

O erro estratégico essencial se deu ainda no governo Lula com a alteração do regime de concessão para o modelo de partilha, visando à exploração do pré-sal. O dinamismo setorial alcançado com a quebra do monopólio estatal e pelas concessões, que levaram a um crescimento de 10% ao ano, foi quebrado pela mudança da regra do jogo, sobrecarregando a Petrobras, introduzindo ineficiência com cláusulas inatingíveis de conteúdo nacional e paralisando, por seis anos, os leilões. O Brasil perdeu preciosas oportunidades enquanto o mundo inovava e rompia paradigmas.

A isso se somou um aparelhamento político inédito da empresa que minou o seu desempenho empresarial e seus resultados. A visão patrimonialista do PT partia de um olhar míope que tratava uma grande empresa de capital aberto, com ações negociadas em bolsa e sócios minoritários nacionais e estrangeiros, inclusive os trabalhadores que ali colocaram o seu FGTS, como quintal partidário. Os padrões de excelência na gestão foram substituídos por um festival de incompetência, erros e desvios.

De meses para cá, a Operação Lava Jato trouxe à tona o maior escândalo da historia brasileira, envolvendo bilhões de reais desviados para financiamento do PT e seus aliados e para enriquecimento ilícito de uns poucos.

E mais, assistimos à uma gestão irresponsável e temerária de nossa maior empresa. Investimentos como Pasadena e Abreu e Lima, além de se colocarem a serviço da corrupção, não tinham a menor consistência econômica e técnica. Chegou-se ao ponto de auditores externos não admitirem avalizar o balanço da empresa.

Resultado: imagem do Brasil arranhada em todo o mundo, ações despencando, endividamento explodindo, investimentos cancelados, outros setores, como o da engenharia pesada e o sistema financeiro, contaminados e um desastroso impacto na autoestima dos brasileiros. Para piorar os preços dos combustíveis foram artificialmente reprimidos por Dilma e os preços internacionais do petróleo vieram ladeira abaixo.

Que a CPI, recém-criada na Câmara dos Deputados, somando esforços com o Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal, consiga elucidar em profundidade tudo que ocorreu e punir os culpados.

E que os erros sejam corrigidos por uma gestão profissionalizada, boas regras de governança e respeito à sociedade e aos acionistas.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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