Pedro Augusto
Se por um lado ela causa diversos estragos, por outro a chuva propicia bastante prosperidade. Que o digam os agricultores da zona rural de Caruaru. Com os índices pluviométricos em alta na cidade, principalmente desde o último mês de fevereiro, atualmente eles estão só tendo motivos para comemorar no tocante aos cultivos realizados no primeiro quadrimestre de 2018. Em visita na manhã da quarta-feira (18) ao Sítio Japecanga, no 4º Distrito, a reportagem VANGUARDA esteve entrevistando pequenos plantadores que vêm se beneficiando com a queda constante das precipitações.
Severino Romeu, por exemplo, que já perdeu as contas de quantos anos é agricultor, neste ano deu início ao plantio de grãos e verduras um pouco mais cedo. “Graças a Deus começamos a plantar em fevereiro, haja vista que as chuvas se intensificaram já a partir de janeiro. Além de provocar colheitas mais rápidas em relação há anos anteriores, o grande volume de chuvas que vem caindo também tem contribuído para com o enchimento dos barreiros e das cisternas. Realidades estas muito diferentes em comparação com 2014, 2015 e 2016, quando a seca vinha castigando todo 4º Distrito”, disse.
Especializado nos cultivos de feijão, milho e macaxeira, Sebastião Silva espera, em 2018, aumentar a sua lucratividade como distribuidor. “Já que as colheitas serão maiores em relação aos anos de grande estiagem, contarei com alimentos não só para consumir como também para vender. Desta forma, a expectativa é de lucrar um pouco mais com a comercialização destinada ao PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), do Governo Federal. Este último fica encarregado de abastecer a várias entidades de caridade de Caruaru, a exemplo da Casa dos Pobres, do Centro Social São José do Monte, e sempre compra os nossos itens”, destacou.
De acordo com o estudo do IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco), a média histórica referente aos índices pluviométricos de Caruaru corresponde a 253 milímetros. Ainda segundo a pesquisa, somente do dia 1º de janeiro até a última segunda-feira (16), já havia chovido 284 milímetros no 1º Distrito (área compreendendo a zona urbana e comunidades como de Pau Santo, Murici, Terra Vermelha, na zona rural); 368 milímetros no 2º Distrito (compostas por comunidades como as de Rafael, Vila Canaã, ambas também na zona rural); 254 milímetros no 3º Distrito (abrangendo as comunidades de Malhada de Pedra, Serra Verde, Serra Velha etc), além de 386 milímetros no 4º Distrito (composta pelas comunidades de Japecanga, Serrote dos Bois, dentre outras).
Elevados índices pluviométricos contabilizados, estes que também vêm animando àqueles que são acostumados a analisar o cenário rural de Caruaru. “Aqui na zona rural, hoje, é só alegria! Depois de cinco anos de seca, finalmente os agricultores estão vivenciando um ano muito bom. A maioria dos barreiros e das cisternas está cheia, grandes colheitas já estão se encaminhando para acontecer e, se continuar chovendo regularmente da forma que vem ocorrendo, sem dúvidas nenhuma teremos um 2018 bastante satisfatório no tocante às atividades da nossa agricultura e pecuária. Fazia tempo que não observávamos uma predominância do verde tão grande na zona rural local”, avaliou o engenheiro agrônomo do IPA, Fábio César.
Como as ofertas de grãos, verduras e raízes estão se projetando para serem maiores em relação a temporadas anteriores devido à queda constante das chuvas, a tendência é de que os consumidores encontrem itens voltados para o período junino com preços mais baratos em 2018. “Por exemplo, o milho que foi consumido durante o São João de dois, três, quatro anos atrás, foi proveniente de outros municípios, utilizando-se o sistema de irrigação. Agora não. Como está chovendo bastante no território local, a tendência é de uma oferta maior de milho nos festejos juninos de 2018. Os preços deverão estar mais baixos!”, complementou Fábio.