Pedro Augusto
Pelo o andar da carruagem, na virada de 2017 para 2018, as portas do Hospital São Sebastião, no Bairro Maurício de Nassau, em Caruaru, deverão estar fechadas. Caso tal previsão se concretize, ela irá de encontro com a afirmação da Secretaria de Saúde de Pernambuco, que estimava a reabertura da unidade para ainda este mês de dezembro. O prazo citado surgiu, em agosto passado, quando, na ocasião, a pasta estadual rechaçou o objetivo da Prefeitura, que pretendia garantir a municipalização do HSS. Além de vetar a tentativa da PMC, o governo também confirmou, na época, que uma Organização Social ficaria responsável pela administração do espaço.
Definição esta que, de acordo com as próprias informações da Secretaria de Saúde, ainda não ocorreu: “A SES ressalta que o edital de seleção de uma Organização Social (OS) para assumir a gestão do Hospital São Sebastião está sendo finalizado e deve ser publicado nas próximas semanas”, confirmou o início da nota da Assessoria de Imprensa da SES. Ainda através do texto repassado esta semana para a equipe de reportagem do VANGUARDA, a pasta reafirmou a finalidade do HSS, quando reinaugurado. “A unidade, que possui cerca de 60 leitos, atuará como retaguarda do Hospital Regional do Agreste (HRA), beneficiando, portanto, a população de Caruaru e de diversos municípios do Agreste.”
Mas enquanto a intenção do Governo do Estado não se confirma, críticas são o que não têm faltado por parte da população caruaruense. Quem engrossou o coro dos reclamantes foi o mototaxista José Severino da Silva, que já foi atendido pela unidade. “Se não estiver enganado, fui atendido há 15 anos no HSS e, nesta época, pude comprovar a sua importância para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Vê-lo fechado por todo este tempo – se não me engano, já se vão lá mais de 10 anos – me deixa bastante revoltado, porque só quem está sendo prejudicado é o povo que não pode pagar plano de saúde. Como em 2018 haverá eleição, acredito que o governo atual deverá finalmente abrir esta unidade. Enquanto isso não acontece, o jeito é esperar”, questionou José Severino.
Esperar é o que também terá de fazer a técnica em Edificações, Joseane Maria. Ela avaliou que quanto mais tempo o HSS estiver fechado, mas dificuldades os usuários do SUS terão de encarar. “A população de Caruaru vem crescendo bastante ao longo dos últimos anos e mais unidades de saúde necessitam ser implantadas para auxiliar nas inúmeras demandas de atendimento. O mais intrigante é ver um complexo deste porte instalado numa área nobre da cidade sem funcionar devido à falta de engajamento do governo atual. Sim, porque se ele estivesse se esforçando mesmo, esta unidade já estaria funcionando. E quem vem pagando o pato? O povo, é claro!”, disse.
Na sua edição do último dia 7 de outubro, VANGUARDA já havia destacado os transtornos que a não operacionalidade do HSS vem causando para Capital do Agreste. Além de não estar contribuindo para com o fortalecimento do setor de saúde, o não funcionamento da unidade também permanece provocando diversos efeitos negativos, principalmente na área territorial, onde fica instalado o hospital.
Entrevistado na época e agora, um trabalhador que atua no entorno da unidade, mais precisamente na Rua Teófilo Dias, e que preferiu não ter o nome revelado, confirmou à reportagem do VANGUARDA que a situação de alta periculosidade continua a mesma no local. “Enquanto o São Sebastião não for reaberto, os marginais vão permanecer fazendo o que quiser por aqui. Ou seja, roubando, furtando, utilizando drogas e fazendo medo aos moradores e trabalhadores. Essa promessa de reinauguração da unidade já é antiga e pelo jeito não será mais cumprida em 2017. Houve tanta politicagem para até agora nada!”, lamentou o trabalhador.
O Hospital São Sebastião está fechado desde 2004, há 13 anos, quando tiveram início as obras de reforma de sua estrutura física. De acordo também com a nota da Assessoria da Secretaria de Saúde, além da reabertura do HSS, o governo ainda está trabalhando para garantir a inauguração de mais unidades de saúde em Caruaru. “O Governo do Estado também está construindo, na cidade, o Hospital da Mulher do Agreste, que deve ser inaugurado no primeiro semestre de 2018. Todas essas ações têm como objetivo um atendimento digno e de qualidade para a população da região, evitando deslocamentos para a capital e melhorando a assistência nas unidades já existentes”, concluiu o texto.